Para quem gosta de programas culturais, o Rio de Janeiro está recebendo o Multicidade – Festival Internacional de Mulheres nas Artes Cênicas. Mulheres artistas da Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, França e Brasil (RJ, SP e PE) se reuniram como forma de possibilitar o intercâmbio e a reflexão sobre o fazer artístico e o posicionamento na sociedade contemporânea. .A direção geral e curadoria do festival são da atriz e diretora italiana Paola Vellucci, da diretora sérvia Jadranka Andjelic e da dramaturga e cineasta brasileira Eveline Costa. O festival se encerra hoje, mas ainda restam muitas atividades para aproveitar durante o dia.
Ao contrário do que aconteceu na 1ª edição, em 2015, quando o festival ocupou durante 8 dias as instalações do Espaço Tom Jobim, localizado no Parque Jardim Botânico, a atual edição se “espalha” pela cidade com cerca de 27 atividades acontecendo em 10 equipamentos no Centro e Zona Sul do Rio de Janeiro, no MAM Rio, Teatro Ipanema, Casa de Cultura Laura Alvim, Casa França-Brasil, Sala Cecília Meirelles, Teatro Poeira, Espaço Sequência, Casa 7, Universidade Candido Mendes e Escola Nacional de Circo. Segundo a cineasta Jadranka Andjelic, foi uma iniciativa de expansão na cidade. “O conceito do Multicidade sempre foi apresentar trabalhos variados de arte cênica e multimídia, incluindo artista com linguagens diferentes, com excelência do trabalho e criando um espaço de inspiração mútua entre artistas diferentes e campos artísticos diferentes. A incluisão de vários espaços culturais foi com um intuito de democratizar e envolver mais agentes culturais em promover arte cênica e multimídia das mulheres”, explicou Jadranka.
A abertura, no dia 9 de novembro, foi realizada área externa do MAM Rio – Museu de Arte Moderna de Rio de Janeiro, com apresentação do espetáculo de teatro aéreo “Paper Dolls” (Alemanha). O encerramento será na Sala Cecília Meirelles com o concerto teatral “Tout Moreau” do Voix Poliphonique (França). O MULTICIDADE está conectado ao THE MAGDALENA PROJECT, uma rede internacional de mulheres atuantes no cenário artístico contemporâneo, que têm como perfil a valorização do fazer artístico feminino e a contribuição para a criação e comunicação em rede, como forma de fortalecimento mútuo, num sistema primordialmente colaborativo. Jadranka contou que foi no The Magdalena que o Festival surgiu. “Eu e Paola Vellucci somos membros de rede Magdalena há anos e, quando nos conhecemos no Rio, focalizamos em organizar um festival por aqui. Paola estava tentando há um tempo, mas junto de Eveline conseguimos realizar a primeira edição em 2015. O que essa rede trouxe para nó foi rico demais, com este espirito de troca artística e humana, além do fortalecimento das mulheres participantes. Isso nos motivou de trabalhar para realizar o festival no Rio”, relevou a cineasta.
A diretora Jill Greenhalgh (País de Gales, Reino Unido), uma das fundadoras do The Magdalena Project, participa da programação com uma oficina de construção da performance “Daughter/Filha”, que será apresentada no último dia do festival. Esta atividade já realizada em Cuba, Dinamarca, Equador, Espanha, País de Gales e Suíça. Depois do Brasil, Jill a levará essa atividade para o Japão, EUA e Irlanda.
A agenda rica cultural envolve espetáculos, palestras, oficinas, exposições, instalações, intervenções culturais e mesas que juntam e inspiram mulheres de todo o mundo. Respirando arte durante todos esses dias, impossível sair dos espaços sem estar inspirado! A importância do Festival, para Jadranka, é clara. “É uma grande oportunidade de troca de experiências com artistas das outras culturas, outras realidades, com outros obstáculos. Através do trabalho ou da conversa pode representar um estímulo para artistas locais de continuar criando, lutando e expandindo suas próprias redes”, observou Jadranka. Mas o Festival está longe de ser apenas para artistas. Divulgar a arte para quem mora no Rio e principalmente para quem não conhece e quer um programa cultural que envolve tantos países.
Em meio ao desmonte da cultura e do incentivo à arte no país, Jadranka não duvida da importância da arte como forma de empoderamento, educação e preservação da identidade de um lugar. “A arte é um meio de falar sobre a nossa experiência humana, sobre nossa sociedade, sendo um meio de reflexão e de abertura de visões, como também um meio de encontro em um espaço e tempo, onde nossas angústias e medos podem ser tratadas de uma maneira humana, não exclusiva, sem pontuar fáceis soluções, mas estimular boas perguntas. Para os jovens, é um meio muito importante de treinar seu pensamento, como também cultivar valores humanos e hábitos culturais. Eu gosta frase que diz: arte salva vidas. Isso significa que a arte e a cultura tendem a criar sentido na vida, dar uma outra perspectiva para as pessoas, quando parece não se tem nenhuma”, contou.
E, com a turbulência política e social no país, Jadranka acredita que a dificuldade é grande. “Ser artista significa expressar suas ideias livremente e, muitas vezes, acabar contrariando modelos de pensamento dominantes na sociedade. Se este olhar artístico, que é sempre sensível na injustiça, no sofrimento humano, nas contradições e problemas sociais, não vai ser bem-vindo, oprimido ou simplesmente não financiado, serão tempos difíceis para produção artística e cultural no pais.
Mas, a esperança, segundo ela, está em iniciativas como a que ela participa. “Com o fortalecimento deste lugar de encontro e promoção de trabalho de mulher artistas e, também, com a preservação de seu caráter internacional que é muito importante para geração de novas ideais, podemos reverter esse quadro e também ver a criação da relação com outras artistas. Criar continuidade é importante, oferecendo ponto de referência para mulheres artistas jovens e experientes do Brasil”, frisou.
Programação diária
13/11, TERÇA-FEIRA
13h às 20h – Exposição fotográfica MUNDOS ESQUECIDOS
de Eliane Band [RJ . BRASIL]
Casa de Cultura Laura Alvim – Galeria – GRÁTIS
13:30h – Apresentação Oficina [DES]VELHECER
Teatro Ipanema – GRÁTIS
16h – Performance DAUGHTER
direção Jill Greenhalgh [REINO UNIDO]
Teatro Laura Alvim – GRÁTIS
16h – Instalação POESIA DO GRITO
de Paola Luna e Maria Pace Chiavari [RJ . BRASIL]
Casa de Cultura Laura Alvim – Sala Multiuso – GRÁTIS
20:30h – Concerto Teatral TOUT MOREAU
com Voix Poliphonique [FRANÇA]
Sala Cecília Meireles – R$30,00
Classificação: 16 anos
FESTIVAL +
09/11 a 16/12, das 13h às 20h – Exposição fotográfica MUNDOS ESQUECIDOS
de Eliane Band [RJ . BRASIL]
Casa de Cultura Laura Alvim – Galeria
16 a 18/11 – Oficina A PRESENÇA DO VAZIO
Sandra Pasini e Antonella Diana [DINAMARCA]
Espaço Sequência
12, 13 e 14/11 – Oficina TEATRO AÉREO
Jana Korb com Hoppe Hoppinsky [ALEMANHA]
Oficina exclusiva para Alunos da Escola Nacional de Circo
A programação geral, incluindo oficinas e exposições podem ser conferidas no site oficial .
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