O cenário desenhado nos últimos meses é de total disruptura com o mainstream e a criatividade reverbera no modo de comunicar, empreender, experimentar novos focos em qualidade de vida por meio de ações que transmitam bem-estar, aconchego, assertividade, inovação e segurança. Como tenho frisado, estamos em plena Era da Empatia, da Sustentabilidade e da Quarta Revolução Industrial, na qual empresas e profissionais estão se adaptando cada vez mais às tecnologias para atender um consumidor consciente e implementando práticas como sustentabilidade e economia circular, com a utilização de processos de fabricação e matérias-primas que regeneram a natureza + uso consciente de recursos, ressignificando a produção para presente e futuro. A transformação permite a conexão com o ecossistema de inovação e o compartilhamento de informações. E o evento Morar Mais Por Menos, cujo start da 17ª edição foi dado no Rio de Janeiro, sempre apontou os holofotes para esta realidade reunindo o melhor da arquitetura, décor, paisagismo, design + arte.
Em ano atípico por conta da pandemia do Covid-19, as empresárias Ligia e Sabrina Schuback, à frente do Morar Mais por Menos 2020, vivenciaram, assim como todos nós, a experiência de apertar a tecla Reset Mode, de rever, resetar e mergulhar na edição 2020 com novos comportamentos, que englobam palavras como conexões digitais, home office, online, tecnologia, reinvenção e correlatas, como reestruturação, mudança, transformação. Tudo permeado pelo acolhimento, solidariedade e união de forças e gestão totalmente sustentável. A partir das normas e protocolos recomendados pela Organização Mundial da Saúde, o evento está sendo realizado em um amplo casarão no Itanhangá, no Rio de Janeiro, em formato phygital (físico + digital), oferecendo também a opção de visitar todos os 59 ambientes – projetados por decoradores, paisagistas, arquitetos e designers de interiores -, por meio de um tour virtual através do site oficial.
Os profissionais que assinam os ambientes contam com inúmeros parceiros que também estenderam as mãos para viabilizar o dar asas à imaginação. Pinçamos, por exemplo, como uma degustação, a narrativa transformada em realidade em seis quartos/ambientes projetados para o acolhimento da nossa vida cada vez mais indoor e com o protagonismo para um sono reparador e o despertar nosso de cada dia. Como a união é a tônica, os mestres que conjugaram design+arte nesses seis espaços contaram com inúmeras parcerias como, por exemplo, com a Ortobom, que tem como tríade o foco no bem-estar, sustentabilidade e responsabilidade social.
Aqui estão eles: o Quarto Brasileiro Contemporâneo, de Laryssa Dutton e Rebeca Albertassi; o Quarto da Primeira Infância, criado por Lívia Boechat; o Quarto de Menina | Mini Estúdio, de Alessandra Reis; o Espaço Cuca Legal, de Ana Santana e Christine Quintas; a Suíte do Casal de Arquitetos, de Nilton Montarroyos; e o Quarto dos Irmãos | Jardim Secreto, realizado por Caroleen Simão e Jenefer Almeida.
Maior franquia de colchões do mundo, sendo a maior fabricante da América Latina, a Ortobom cedeu colchões, base-sommier, edredons, jogos de cama, travesseiros, roletes, protetores para os projetos acima. Sinergia perfeita, pois estamos vendo uma grande união de forças em prol do próximo. Lembro que a empresa criada há 50 anos sempre apoiou projetos sociais e sustentáveis que promovem educação, cultura, a preservação do meio ambiente, práticas de bem-estar e integração social para a sociedade.
E, diante do cenário da pandemia que assolou o mundo e o nosso país de forma drástica, a solidariedade se fez também em doações de colchões hospitalares para pacientes e profissionais na linha de frente do combate ao Covid-19 no Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Ceará, Paraná e Rio Grande do Sul. É vital termos conhecimento que uma boa noite de sono proporciona saúde mental e física fortalecendo, inclusive, o sistema imunológico.
No amplo e arejado casarão no Itanhangá, com cerca de 3 mil metros quadrados, área verde e vista para a Pedra da Gávea, os que estiverem no local do Morar Mais por Menos vão perceber os cuidados adotados para preservar o bem estar de todos, desde o público até os envolvidos com o evento onde prima a sustentabilidade. O uso de máscara é obrigatório, a temperatura aferida, por todo o percurso as pessoas vão encontrar álcool em gel disponível e é ressaltado que ninguém toque em objetos ou móveis dos ambientes.
No Morar Mais por Menos 2020, que traduz as novas maneiras de viver e sentir o âmago da casa, os profissionais, cada qual com sua identidade, mergulharam na interpretação do novo lifestyle no qual o lugar em que vivemos é verdadeiro ninho de acolhimento com memórias afetivas e práticas responsáveis que terão impacto positivo para a preservação do meio ambiente. O Morar Mais por Menos é realizado anualmente em diversas cidades do Brasil, através do licenciamento da marca. É democrático em todas as criações apresentadas, cujos valores são acessíveis às mais variadas classes sociais e se enquadram no respeito ao meio ambiente e melhor aproveitamento de recursos, além da utilização de materiais ecologicamente corretos.
E vamos ao exemplo dos seis ambientes:
QUARTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA
O ambiente com 11,24 metros quadrados na mostra foi idealizado pela designer de interiores Lívia Boechat. Ela nos conta que acredita em “uma forma mais humana de projetar, que leva em consideração quem é o morador, como ele usa o espaço, como gasta seu tempo livre. Em uma arquitetura pautada pelo atemporal, que não preenche todo e qualquer canto, porque entendo que a casa está sempre em movimento, em construção. O vazio é uma página em branco para o morador desenhar como quiser”. As inspirações para os projetos assinados por Lívia vêm de seus périplos pelo mundo, nas pequenas coisas prazerosas do dia a dia, “como observar crianças brincando no parquinho ou um pô do sol de inverno”, pontua.
No Quarto da Primeira Infância, que leva sua chancela no Morar Mais por Menos 2020, Lívia diz que a ideia principal do projeto foi “criar um quarto que acompanha e se adapta ao desenvolvimento do bebê aos 6 anos, sendo menina ou menino e, consequentemente, promove um consumo mais consciente. Investir em um projeto de quarto exclusivamente para a fase bebê muitas vezes gera um custo alto e um descarte de móveis que em um ou, no máximo, dois anos já não servem mais, pois não atendem às necessidades da criança”. Em tempo: todo projeto de marcenaria também foi desenhado por Lívia.
Ela ressalta ainda que “o espaço reservado no início para o trocador, pode receber uma porta e servir de armazenamento de roupa ou brinquedos, após o desfraldar da criança”. Sendo assim… é um projeto duradouro que atende ao conceito de economia circular e pautado por zero waste. É com extrema positividade que Lívia encara a união de forças para colocar em prática um projeto. “A minha participação na mostra não teria sido possível sem o apoio dos meus parceiros. De coração, todos me atenderam com o maior carinho e agilidade para que tudo ficasse pronto em tempo recorde. Na minha profissão, a confiança nos fornecedores é fundamental”, aponta.
Uma das pautas do Morar Mais por Menos se refere ao “novo normal”. Neste quesito, Lívia ressalta um detalhe da decoração que se encaixa a esta fase de homeschooling. “A marcenaria abriga uma mesinha de estudos onde a criança pode realizar as suas atividades escolares com tranquilidade e ergonomia”, frisa. Ela também atende a outro tópico da mostra: o do design biofílico. “Nos quartos de bebê e de criança venho promovendo a interação com a natureza. Além das plantas, as cores remetem à terra e a pintura ao sol”, comenta.
SUÍTE DO CASAL DE ARQUITETOS
O arquiteto Nilton Montarroyos é um assíduo participante da mostra. Esta é a 13ª edição que ele integra. A arte pulsa na veia de Nilton. Filho de arquiteto, ainda criança já tinha na cabeça a ideia de que seguiria os passos dele. Sobrinho do trompetista Márcio Montarroyos (1948- 2007), se apaixonou pela música. Seu instrumento é a gaita. Tal qual um alquimista imprimiu uma chancela nos seus projetos arquitetônicos: “Primo por uma arquitetura de linhas modernas e atemporais, onde ousadia representa personalidade”, ressalta. Ele é formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de janeiro e conta que, a influência das linhas modernistas intrínsecas em seu trabalho, talvez já se originasse naqueles anos na UFRJ pela contemplação diária das formas do prédio. E ainda adicionou em seus traços a beleza do minimalismo e do estilo escandinavo.
Seu espaço no Morar Mais por Menos 2020 ocupa 18 metros quadrados. “Criei um ambiente requintado e elegante, com traços de uma arquitetura contemporânea e atemporal, onde utilizei uma paleta de cores sóbrias em preto, branco e cinza, complementada pela madeira que faz o papel acolhedor. E para equilibrar as cores predominantemente masculinas foram inseridos na decoração elementos delicadamente elegantes e femininos”, descreve ele, que define seu cliente imaginário: “Arquitetos com linhas de trabalhos modernas e contemporâneas, e que também adoram o bom rock’n’roll”, diz. E acrescenta que as cores neutras e naturais harmonizadas com o design retratam uma arquitetura sem excessos, com o purismo e elegância das formas, o diálogo discreto e perfeito entre cada elemento na composição do todo. E, pensando no “novo normal”, projetou uma generosa mesa de trabalho. “Para a nova realidade de atuação remota, o tão falado home office”, pontua.
Como a sustentabilidade que permeia todas as empresas que hoje estão pautadas por zero waste ou circularidade foi tônica no ambiente? “O projeto utilizou somente placas de MDF e MDP na marcenaria. Feitas com matéria prima produzida com madeira de reflorestamento e certificação. E o piso vinílico da linha ecoclick da Episo também tem um viés de sustentabilidade desde a sua produção até sua aplicação. Ele tem um sistema de encaixe sem utilização de cola ou qualquer outro produto para fixação, sendo apenas pousado na superfície, o que permite facilmente a sua desmontagem para reutilização em outros ambientes”, atesta.
Para Nilton é importante ver empresas consagradas fazendo parcerias e apoiando arquitetos, como é o caso da Ortobom, preocupada com a questão da sustentabilidade e com projetos sociais. “Não importa em quais aspectos de nossas vidas, sejam pessoais ou profissionais, precisamos formar um networking de relações para que nossas realizações e aspirações se tornem mais possíveis e viáveis de acontecer. Buscando a expertise e a experiência que cada indivíduo, empresa ou mesmo amigos adquiram em suas específicas atividades. Somente unindo forças e conhecimentos individuais vamos, nos dias de hoje, onde conhecimento circula na mesma velocidade dos gigabytes da internet, conseguir viabilizar os nossos projetos pessoais ou profissionais”, aponta o arquiteto.
No final de nossa conversa, Nilton Montarroyos me manda um Whatsapp com uma frase que acabara de ler: “Sozinhos ganhamos às vezes, mas juntos podemos vencer sempre”.
QUARTO DE MENINA | MINI ESTÚDIO
Mãe de Giuliana Reis, 21 anos, e Sophia Reis, de 11, a arquiteta e urbanista Alessandra Reis adora desenvolver projetos voltados para o universo lúdico da infância. “Minha inspiração vem de viagens, de feiras e pesquisas onde sempre acompanho as diversas tendências e o surgimento de novos materiais. E também do meu olhar atento ao que está ao meu redor para que tudo possa proporcionar ambientes acolhedores. E a sustentabilidade também me inspira a criar detalhes nos projetos. A arquitetura atual se baseia no pluralismo, trazendo a personalidade em cada projeto”, conta.
No Quarto de Menina | Mini Estúdio, ela mergulhou nas memórias afetivas da infância das filhas como inspiração para criar o ambiente no Morar Mais Por Menos 2020. “Este é um projeto atemporal e contemporâneo, no qual o ambiente transmite autonomia às meninas e o lúdico está muito presente, como a casinha suspensa, o espaço para leitura, para desenhar e o da cozinha gourmet. É um lugar para brincar, acolher e sonhar”, aponta ela, que em seu escritório, desenvolve projetos residenciais, e em específicos os infantis.
E retrata com felicidade os parceiros que contribuíram com ela nesta empreitada no Morar Mais Por Menos. A Ortobom, por exemplo, tem como um dos pilares a sustentabilidade, além de projetos de incentivo. “Nesse momento tão delicado que estamos passando, tenho muita gratidão por ter parceiros como a Ortobom apoiando e acreditando no meu trabalho”, frisa ela.
A questão do zero waste que permeia muitas empresas também deu a tônica em seu projeto. “São vários estudos, assim como os elementos do Design Biolítico usados nos materiais com recursos ecológicos como a madeira sustentável de reflorestamento, o pinus, em toda marcenaria, e o uso de garrafas pets na decoração como cachepô para arranjo de plantas. Tudo remete à natureza”, cita.
QUARTO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
A criação do ambiente foi realizada em parceria pelas arquitetas Laryssa Dutton e Rebeca Albertassi. Formada em Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFRJ) com especialização em Design de Interiores, Laryssa reflete que a arte está presente em sua vida “há muito tempo através da dança, forma de me conectar com o espaço e transmitir emoções. Isso hoje é refletido em meus projetos. Busco trazer espaços reais que se conectem com as pessoas assim como a dança, espaços que sejam sentidos e vivenciados”.
Rebeca cursou Conservação e Restauro (EBA/UFRJ) e também Arquitetura e Urbanismo (FAU/USU) e tem especialização em Design de Interiores. Nos conta que ama a leitura e passeios culturais. “Um lugar onde sempre me encontrará é em um museu ou em uma cafeteira. Eternamente apaixonada pelas artes, chego a passar horas em uma única exposição. O café sempre esteve muito presente em minha casa, como um sabor e cheiro afetivos; resultado de uma mistura de famílias de imigrantes portugueses e italianos. Quando mais nova e hoje sempre que tenho tempo livre, eu passo as tardes com minha avó, quem me ensinou a fazer café”, revela.
E a difícil realidade que o mundo conheceu este ano serviu como base da criação. “Estamos passando por um momento delicado, onde precisamos nos voltar para nós mesmos, nossas famílias, saúde, o cuidado com o nosso lar e nos reconectarmos com a natureza. Esse foi o ponto de partida e inspiração deste ambiente”, relatam as arquitetas. “Queremos principalmente ressaltar a beleza de nossa cultura, o contato com a natureza e valorizar o trabalho artesão. Esperamos que as pessoas ao entrarem no ambiente sintam um pouco de nossas raízes, o cheirinho do café, as texturas naturais que nos conectam à natureza, a brasilidade que tem dentro de cada um de nós refletida dentro de nossas casas. Apenas entre, desacelere e sinta: a paz, a tranquilidade, um momento de conexão com seu eu”, acrescentam as duas, que contaram com parceiros, como a Ortobom, para o conforto da cama. O ambiente integra as funções de quarto, espaço para trabalhar e estudar, closet aberto e área para contemplação que permite sentir a luz solar e a natureza.
Rebeca Albertassi ressalta ainda: “O que me levou a projetar o quarto brasileiro contemporâneo foi esse resgate da nossa cultura, que é riquíssima em arte e artesanato, além da reconexão com a natureza, depois de tanto tempo em casa”. E Laryssa complementa: “Minha maior inspiração ao projetar o quarto brasileiro contemporâneo foi trazer toda cultura do nosso país, valorizar a beleza que temos, além das sensações de aconchego e pertencimento que o ambiente busca transmitir aos visitantes. Que não seja apenas um espaço físico, mas que as pessoas se conectem com ele”. As cores presentes são o azul e tons terrosos, remetendo à natureza e com grandes janelas.
Seguindo preceitos do Morar Mais Por Menos, o projeto contribui para a sustentabilidade. “Fazemos isso através do uso de plantas, da Essência dos Terrários, deixando o ambiente mais refrescante e reduzindo o uso de energia elétrica. Além de fazer uso da luz e ventilação natural vindo das grandes janelas que contribuem para o clima arejado, também foram utilizados materiais naturais e de origem artesanal. A produção causa menos impacto ao meio ambiente”, explicam as profissionais. E acrescentam que os elementos sustentáveis no ambiente foram feitos por elas “através do reuso de materiais como madeira pinus e juta que deram vida à cabeceira e às peneiras para criação das luminárias”.
E deixam claro que, apesar da ideia e do conceito, nada seria possível sem não tivessem o apoio de parceiros que ajudam a transformar as ideias em realidade. “Principalmente parceiros alinhados aos nossos ideais, empresas que buscam sustentabilidade, comprometimento e a excelência na execução do serviço”, realçam.
ESPAÇO CUCA LEGAL
Uma dupla também foi responsável pela criação do Espaço Cuca Legal: a arquiteta Ana Santana e a designer de interiores Christine Quintas, mãe de Maria Victoria. As duas são estreantes na mostra. Ana Santana mora em Barcelona e fez pós-graduação em Barcelona em Desenho, Cálculo e Construção de Estruturas Arquitetônicas e em Open BIM, Desenvolvimento e Gestão de Projetos e tem ampla experiência nacional e internacional em desenvolvimento de projetos e gestão da construção, acostumada a trabalhar em ambientes descentralizados e multiculturais. Ela conta que a inspiração que sempre a move é “proporcionar qualidade de vida a todos através da minha profissão” e que a arquitetura é um dos pilares centrais da humanidade desde que o mundo é mundo”.
Chris, por exemplo, afirma que sua missão na vida é atender as pessoas com amor, facilitando a vida delas. “Quero deixar a minha marca no ambiente, mas mantendo a personalidade dos clientes”, diz. Designer de interiores formada pela Universidade Veiga de Almeida, ela tem especialidade em projetos residenciais e comerciais e tem como filosofia uma frase com uma ênfase ouvida durante uma aula: “A DeCoração mexe com os sentimentos das pessoas”.
Em uma área de 19,63 metros quadrados, elas criaram um espaço lúdico para estimular a psicomotricidade infantil e buscaram transmitir integração social para crianças, entre cinco e oito anos, com necessidades especiais. E consideram o trabalho desenvolvido como uma homenagem a todas as crianças diagnosticada com algum tipo de síndrome ou com
necessidades especiais para o desenvolvimento psicomotor. O próprio nome do espaço já transmite alegria, cor e liberdade.
“Pensamos em atender um público cada vez mais presente no nosso dia a dia, devido ao avanço do diagnóstico de crianças com síndromes. Então, é um espaço lúdico para estimular a psicomotricidade de crianças entre 5 e 8 anos. Para tanto, adotamos medidas simples e de baixo custo, reaproveitando materiais presentes no nosso dia a dia, como as redes de proteção para janelas, que se transformaram em um espaço de brincar que se transforma em uma cama auxiliar em caso de necessidade, com a colocação de um colchão”, explicam.
Para simular os efeitos proporcionados pela natureza e transmitir às crianças sensações de alegria e entusiasmo, as duas utilizaram muitas cores. E apontam como tendência na decoração. “Projetamos uma iluminação inovadora, que estimula a criatividade e a descontração. Além disso, revestimos as paredes com um adesivo interativo da Nina Moraes Design, que proporciona aprendizado e criatividade. Todo o ambiente está projetado para o aprendizado de forma descontraída e inovadora”, pontuam.
No projeto, a arquiteta e a designer de interiores contribuem para a sustentabilidade, através do reaproveitamento de materiais. Quadros com frases como ‘A vida é assim, cheia de luz, cheia de cor’ foram produzidos manualmente pela dupla com compensados reaproveitados de obras. E para adequar o ambiente à realidade na relação com a casa e com a saúde neste “novo normal” devido ao coronavírus, elas criaram áreas com iluminação e ventilação natural. Um ambiente propício para o descanso, a diversão e o aprendizado.
“O meu olhar em particular foi para uma parte da sociedade que necessita de personalização na arquitetura, para auxiliar seu desenvolvimento psicomotor. Uma parte da sociedade cada vez mais significativa, que, infelizmente, é tratada muitas vezes com falta de empatia e de respeito”, frisa Ana, acrescentando que toda a marcenaria tem uma promessa de sustentabilidade, tendo em conta que o MDF é proveniente de madeira de reflorestamento. “Foram dados novos usos a materiais que iriam terminar no lixo se não fossem vistos com olhos de artista, porque a arquitetura é uma arte”, pontua.
A parte superior do beliche foi forrada com tela de proteção de janelas,
para criar uma área para brincar, que vem seguida de uma piscina de bolinhas. No caso de necessidade, esse espaço se transforma em uma cama auxiliar, com a colocação de apenas um colchão de solteiro.
E em um momento como estamos vivendo, Ana e Chris consideram importante a união de forças com recebida por amigos e diversas empresas. “Este tipo de parceria é fundamental para desenvolvermos lado a lado nosso trabalho tendo como foco principal a sustentabilidade, fazendo assim uma via de mão dupla”, analisa Chris, que, entre os parceiros desta empreitada, tem a Ortobom, que forneceu colchão. “Vejo que a união faz a força, e que devemos ser pessoas que levantam pessoas, antes de sermos arquitetos, empresários e afins”, completa Ana.
QUARTO DOS IRMÃOS | JARDIM SECRETO
Este ambiente também foi realizado por uma dupla: as arquitetas e urbanistas cariocas Jenefer Almeida e Caroleen Simão. Qual a inspiração na vida? “Poder levar conforto e paz para as pessoas através dos meus projetos”, reflete a primeira. Para Caroleen, tudo pode criar esta atmosfera. Depende do meio em que estiver inserida. “Estou sempre aberta a aprender e acredito que é desta forma que levo a vida… com uma eterna troca de experiências. Todos têm algo a agregar”, pontua ela.
Ambas tem 25 anos. Jenefer, por exemplo, que estudou na Estácio, é recém formada, mas já acumula experiência no mercado. “Sempre gostei de estar na obra vendo todo o projeto sendo executado. Esta é uma sensação incrível. É como um filho que vemos crescer. Arquitetura é uma arte traduzida em design, é encantador desenhar e vê-lo sair do papel. A experiência nesse evento foi única, aprendi muito com todos da equipe e também com os amigos arquitetos e designers que conheci nessa jornada. Algo que levo para a vida é nunca perder a oportunidade, por menor que seja, de mostrar quem sou de verdade”, explica.
Reciclar, zero waste e sustentabilidade são palavras que sempre permearam as ações de Jenefer: “Eu vim de uma família muito humilde e aprendi a sempre dar muito valor às poucas coisas. Sabemos o quanto é difícil você conquistar algo. E trago isso sempre nos meus projetos para que sejam funcionais por longo tempo, que a reutilização de espaços e objetos é sim possível. Isso é o que sempre tento fazer. A vida é um eterno aprendizado”.
Já Caroleen frisa que estamos vivendo um novo ciclo da arquitetura, preocupada com cada indivíduo, seu bem estar e a natureza. “A sustentabilidade cada vez mais faz parte dos projetos. Isso me leva a pensar o quanto a saúde e bem-estar fazem parte deste novo ciclo. E temos o nosso ‘novo normal’, que sem dúvida vai nos trazer novas mudanças na forma de projetar e impactar o meio. Viver de arquitetura é viver de história, é ver a sociedade mudar, ter novas necessidades e assim atendê-las. Agora, tudo que tenho e almejo só faz sentido na presença da minha família”, ressalta Caroleen.
Sobre o espaço que criaram, Jenefer aponta que é um projeto real e acessível, em um quarto compartilhado entre irmãos de idades e de sexos diferentes, que ganharam berço e cama. “A proposta foi criar uma atmosfera de paz e afetividade com madeira e muito verde, trazendo soluções que atendessem necessidades de cada um e acompanhasse os irmãos por muito tempo. Nos inspiramos na natureza”, relata ela, acrescentando: “Trouxemos recursos sustentáveis em diversos elementos nesse projeto. Por exemplo, através da iluminação bem planejada utilizando recursos ecologicamente corretos, e também utilizamos o design biofílico”. Jenefer conclui realçando a importância da parceria com empresas: “No momento atual, as dificuldades se tornaram unânimes, então, unir forças é a única e melhor opção para sentirmos essa conexão e o grande apoio de todos os nossos parceiros. E queremos levar para outros projetos”.
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