Manfredo de Souzanetto completou 40 anos de carreira dedicados à arte e, para comemorar, o mineiro recebeu homenagem com direito a livro e duas exposições no Rio de Janeiro. “Manfredo de Souzanetto – Paisagem Ainda Que” foi lançado nessa terça-feira (12/04) na Galeria Patricia Costa, com toda a trajetória do artista – nascido em Jacinto, no Vale do Jequitinhonha (MG) começou cedo sua relação com o mundo da arte. Morou em Paris e expôs em vários países da Europa, assim como nos Estados Unidos.
Com textos de Julio Castañon Guimarães, Anne-Marie Lugan Dardigna e biografia de Clarisse Meireles, a publicação é escrita em português, inglês e francês e reúne mais de 150 imagens dos trabalhos de Manfredo. Também estreou nessa terça-feira na galeria a exposição de sete pinturas inéditas do artista, produzidas entre 2015 e 2016. “Os textos foram escritos pela Anne-Marie e pelo Júlio Castañon Guimarães, que têm conhecimento e convivência com a minha produção artística. E o projeto gráfico foi elaborado baseado nestas considerações, proporcionando ao leitor este acompanhamento”, conta o artista.
A outra exposição leva o mesmo nome do livro, e reúne no Paço Imperial 32 obras produzidas de 1976 até os dias atuais. A mostra, que tem curadoria de Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos, foi distribuída em quatro salas, sendo a primeira composta por 13 obras feitas em Paris na década de 70 – inéditas. “O meu método de trabalho passa sempre por um projeto, por um desenho e às vezes por um protótipo a partir do qual construo a obra”, explica Manfredo.
E é na natureza que Manfredo busca matéria-prima para pintar. Ele mesmo produz seus pigmentos, tirados de minérios das Minas Gerais, conseguindo tons únicos de rosas, ocres, vermelhos, amarelos e cinzas. Em 1974, o mineiro já demonstrava intimidade e contato com a natureza, denunciando em sua primeira individual, “Memória das Coisas Que Ainda Existem”, a destruição da paisagem em Belo Horizonte. Na época, lançou também o adesivo “Olhe Bem As montanhas”, que inspirou uma crônica de Carlos Drummond de Andrade.
“Os pigmentos naturais, oxidação dos minerais metálicos na natureza, sempre foram utilizados pelo homem para se expressar artisticamente desde os tempos das cavernas até o aparecimento da indústria química no século dezenove que colocou à disposição dos artistas as cores sintéticas.Todas as artes primitivas lançaram mão desta técnica em sua produção através do planeta. Ao voltar de Paris, após cinco anos de estadia e estudos na Escola Nacional de Belas Artes, continuei desenvolvendo um trabalho de intervenções na natureza (que estão expostos no Paço Imperial) nesta interação pintura/ambiente natural/fotografia. Trabalhando em Juiz de Fora, na Mina de Caulim em 1980, percebi que as cores que eu tentava reproduzir estavam ali disponíveis na terra oxidada. Levei para o ateliê e com elas desenvolvi estes trabalhos que permitem um diferencial em relação à produção de outros artistas contemporâneos e produzo uma interação entre Pintura e Natureza – daí o nome da exposição e do livro: “Paisagem ainda que”. É conveniente ressaltar que o pioneiro desta utilização contemporânea dos pigmentos naturais – mineiros – no Brasil, é do grande artista Frans Krajcberg“, explica Manfredo, que está achando interessante comemorar quatro décadas de trabalho. “É uma oportunidade de revisitar o meu trabalho e preencher as lacunas deixadas”, finaliza o mineiro.
Serviço:
Manfredo de Souzanetto – 40 anos de Arte
Paço Imperial – Paisagem Ainda Que
Visitação: 24 de março a 29 de maio
Paço Imperial – Praça 15, 48, Centro (2215-2093/5231)
Horário de visitação: de 3ª a domingo, das 12h às 19h
Faixa etária: Livre
Entrada gratuita.
Galeria Patricia Costa
Visitação: 13 a 30 de abril
Galeria Patricia Costa – Av. Atlântica, 4240, loja 226, Shopping
Cassino Atlântico, Copacabana (2227-6929)
Horário de visitação: de segunda a sexta-feira, das 11h às 19h. Sábados, das 12h
às 18h.
Faixa etária: Livre
Entrada gratuita
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