Maior estande independente da 18º Bienal carioca é de Mauro Felippe, poeta catarinense, que irá lançar seu quinto livro no evento


Com 51 anos, Mauro dedicou toda a sua vida a carreira de advogado e, agora, concilia seu tempo com o hobbie que é a escrita

Poesias e provocações são duas palavras recorrentes na palavra escrita de Mauro Felippe por resumir bem suas intenções no momento da publicação de seus livros. Na XVIII Bienal Internacional do Livro no Rio, o advogado por formação lançará seu quinto exemplar que encerra a primeira quadrilogia do autor composta por ‘Nove’, ‘Ócio’ e ‘Espectros’. Apesar disso, os livros são independentes dos outros assim como os próprios poemas. Dessa vez em ‘Humanos’, ele pretende mergulhar de uma vez nas reflexões sobre vida em sociedade abordando de sentimentos até políticas. O estande é o maior do universo independente dentro do evento que acontece na Cidade Maravilhosa, no Riocentro, até 10 de setembro. “A literatura é uma prova da minha existência. Não adiantava deixar meus pensamentos em rabiscos ou na minha cabeça, era preciso ter algo registrado. Quando completei vinte e um anos de advocacia, percebi que era o momento de mostrar o que havia feito durante muito tempo. Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que gostaram do que preparei. Tenho seguidores nas redes sociais de quase todos os estados do país, estou tentando ir a todos os locais. Depois do Rio, por exemplo, irei para Pernambuco participar de um evento internacional”, contou Mauro.

Mauro Felippe foi uma grande revelação no universo independente de livros brasileiros (foto: Divulgação)

Apesar do que muitos podem questionar, Mauro não pretende deixar a profissão que cresceu exercendo. Advogar é a grande paixão do autor que lhe trouxe maturidade e experiencias de vida de sobra para apostar na literatura. “Amo ser advogado e adoro ser isso. Meu lado escritor é um escape da mente que me ajuda a organizar meus pensamentos. Preciso expor meus pensamentos em um papel e tornar isto uma forma de poesia. Ando com um bloco no bolso porque quando a inspiração vem, preciso parar tudo para escrever porque já tenho um texto pronto na minha cabeça. Mas não é fácil escrever e, muito menos, convencer uma outra pessoa de ler a sua obra”, informou o autor que publicou seu primeiro exemplar, ‘Nove’, em 2014.

As críticas por trás de seus exemplares são muito parecidas. Afinal, a intenção do autor é tocar na ferida dos leitores. Por isso, resolveu fazer um livro que mostrasse os sentimentos e desejos mais sombrios de cada um. “Desde que comecei a ler, todos os temas estão relacionados com a humanidade. Neste livro, não estou apenas vangloriando os seres humanos, falo sobre o que nós somos capazes de fazer com o semelhante e o mundo ao nosso redor. Acredito que nós somos assassinos e não predadores como acontece no resto da cadeia alimentar. Falo sobre política e os sentimentos. Critico o fato de que atualmente as pessoas estão buscando a objetividade nas ações políticas e estão se voltando para apenas uma pessoa e não para o conjunto da sociedade”, critica Mauro.

Mauro deseja que as pessoas degustem de sua literatura ao longo dos dias (foto: Divulgação)

Mauro afirmou ter produzido uma literatura própria de cabeceira. A ideia é que as pessoas acordem pela manhã e sejam tocadas pelas influencias do livro. “Meus livros não têm índice ou paginação, de forma proposital. Quero que as pessoas usem meus poemas todos os dias para questionarem sua qualidade de vida e ações do cotidiano. São parábolas e metáforas atemporais sobre a sociedade em textos complexos para ajudar os leitores a melhorarem como pessoas e seres”, confirma o autor.

A carreira de advogado o ajudou a amadurecer (foto: Divulgação)

Além de literatura escrita, podemos encontrar em todos os exemplares poesias em traços desenhados. Os temas são refletidos nas ilustrações feitas pelo artista Rael Dionisio. “Quando escrevo, crio imagens na minha cabeça e cobro do meu ilustrador algo parecido. As pessoas que comprarem os meus livros terão dois poemas, em cada página, uma em desenho e outra escrita”, explicou.