Uma nova fase na carreira artística de Antonio Bokel começará na próxima terça-feira (28) na galeria Mercedes Viegas, na Gávea (RJ). Além de ser o momento em que ele comemora uma década de carreira e a recém indicação ao Prêmio Pipa, é quando inaugura a exposição “La Nature d’Or” com 10 pinturas, nove fotografias, sete gravuras, quatro esculturas e um vídeo espalhados por todo o primeiro andar do espaço hype.
A exposição, com curadoria de Mario Gioia, continua com uma influência que sempre norteou o trabalho do artista: o urbano. “Como habitante de uma cidade ao mesmo tempo cindida e compartilhada, o artista carioca deixou faz muito tempo um lado mais conhecido de sua produção, aquele em que grafismos e outros procedimentos o aproximavam mais da linguagem da arte da rua. Não à toa, em uma de suas mais irônicas obras, o centro da fotografia registrava o escrito numa parede qualquer: ‘Eu não faço grafite'”, explicou Gioia. Para chegar a tal objetivo, Antonio investe na madeira como suporte para as pinturas, em que a busca por diferentes texturas. Figuras geométricas fazem o contraponto com as pinceladas mais gestuais e expressivas e, em alguns casos, a madeira aparente revela o que há por trás das camadas de tinta. As esculturas são trabalhadas em materiais alternativos, além do bronze e também da madeira.
Segundo Gioia, “a imagem de uma natureza encorpada, inicialmente apreendida como impassível, mas na verdade um sítio de contínua transmutação, provoca uma ruidosa recepção a ser apresentada juntamente com as questões trazidas, em forma de legenda, pelo pensamento do autor”. Ele fala isso porque outra novidade da exposição são as fotos registradas a partir de celular e tratadas com filtro do aplicativo Instagram. Essas imagens juntas e em sequência formam as cenas de um filme nonsense, que é parte da exposição. Já o vídeo, chamado “Entrevista com a natureza”, será exibido logo na entrada. Ele traz escritos anteriores da produção de Bokel, transmutados em perguntas – sempre irônicas – sobre a natureza do ofício artístico.
E antes da exposição abrir, o próprio tenta traduzir um pouco dessa transmutação, já que ela quer retratar a busca pelo que há de mais profundo no artista pela sua verdade e por sua essência. Antonio buscar mostrar “essa pureza que perdemos com as adversidades da vida, mas que todos nós temos nas camadas mais internas, por trás de todas as máscaras e armaduras, A meditação contribuiu muito para me libertar de certos padrões. Precisei ir fundo para quebrar as máscaras que fui vestindo pela vida”, finalizou.
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