Lázaro Ramos, em versão escritor, promove a leitura: ‘Tenho fé nos jovens para perpetuar o encanto pelos livros’


Lázaro vive a escrita intensamente e sabe o valor da palavra na construção de um mundo melhor. Tanto que faz questão de ser um dos divulgadores da 1ª Festa da Palavra, feira literária nacional, com direção da atriz, escritora e poetisa capixaba Elisa Lucinda, a partir de hoje a 25 de julho, com transmissão online e gratuita pelo canal do YouTube do evento. A iniciativa é um estímulo ao hábito da leitura, intencionando aproximar os leitores dos escritores da língua portuguesa e celebrar o encontro do autor com o público

*Por Brunna Condini

Ano passado, durante a pandemia, não fosse a literatura e o ato de escrever Lázaro Ramos não imagina como teriam sido seus dias. Ele recentemente lançou os livros infantis ‘O Pulo do Gato‘ e ‘Edith e a Velha Secreta’ e nos falou sobre o tema: “Virou um lugar que é quase terapêutico para mim. Inclusive foi o que me salvou no ano passado”. Lázaro é mesmo múltiplo e inquieto. Ator, apresentador, produtor, escritor, roteirista e diretor, com sete livros publicados, ele até batiza seu estilo de escrita, que dialoga com seu estilo de vida e de escolhas: afetividade. E afirma, que da mesma forma que ser ator possibilitou expressar sentimentos, a escrita também é um canal.

“As ideias vêm com muita facilidade. É como se fosse o menino Lázaro no Bando de Teatro Olodum, em Salvador”, afirmou. Ele também revelou que seu estilo se transformou após o nascimento dos filhos João Vicente, 10, e Maria Antônia, 6 anos. “Antes, escrevia os livros para a criança que fui e para ocupar o lugar dos livros que não tive acesso na minha infância. Quando meus filhos nasceram, comecei a escrever para os adultos que eu quero que eles sejam”.

“Antes escrevia os livros para a criança que eu fui, para ocupar os livros que eu não tive acesso na minha infância. Quando meus filhos nasceram, comecei a escrever para os adultos que eu quero que eles sejam" (Divulgação)

“Antes escrevia os livros para a criança que eu fui, para ocupar os livros que eu não tive acesso na minha infância. Quando meus filhos nasceram, comecei a escrever para os adultos que eu quero que eles sejam” (Divulgação)

Lázaro vive a escrita intensamente e sabe o valor da palavra na construção de um mundo melhor. Tanto que faz questão de ser um dos divulgadores da 1ª Festa da Palavra, feira literária nacional, com direção da atriz, escritora e poetisa capixaba Elisa Lucinda, a partir de hoje a 25 de julho, com transmissão online e gratuita pelo canal do YouTube do evento. A iniciativa é um estímulo ao hábito da leitura, intencionando aproximar os leitores dos escritores da língua portuguesa e celebrar o encontro do autor com o público.

“Acho que a leitura é um desafio, porque muitas vezes se fala dela como obrigação e não como um prazer. A leitura é companhia. Acredito que na maneira de falarmos também precisamos ficar atentos a isso para encantar os possíveis leitores”, diz Lázaro, que também é autor de ‘Na Minha Pele’ (2017); ‘O coelho que queria Mais’ (2017); ‘O Caderno de Rimas do João’ (2014); ‘A Velha Sentada’ (2010); e ‘Pararutas’ (2000). “Por outro lado, a demanda de leitura de livros adolescentes é grande. Tenho esperança e fé nestes jovens que leem os vários tipos de livros. Desejo que permaneçam como leitores e se encantem sempre com esse prazer”.

Lázaro Ramos: Tenho esperança e fé nestes jovens que leem os vários tipos de livros. Desejo que permaneçam como leitores e se encantem sempre com esse prazer" (Foto: JFR)

Lázaro Ramos: Tenho esperança e fé nestes jovens que leem os vários tipos de livros. Desejo que permaneçam como leitores e se encantem sempre com esse prazer” (Foto: JFR)

O ator completa sobre a importância da iniciativa: “Felizmente por minha carreira literária e artística, estou sempre presente neste tipo de evento, que são muito eficientes. É um momento de diálogo, de encantamento para nós escritores e para o leitor. Também é um momento em que complementamos o que foi criado em nosso livro e abrimos outros horizontes. Além disso, reconhecemos os locais como valorosos. Geralmente eventos como este acontecem nos grandes centros e esquecemos de olhar para a diversidade que é o nosso Brasil, onde temos talentos e interesse pela literatura”.

Ode à palavra

Também são convidados do evento produzido por Elisa Lucinda, o cantor e compositor Chico Cézar, a psicóloga, psicanalista e doutora em Filosofia Viviane Mosé, o escritor e professor indígena Daniel Munduruku, o escritor capixaba Caê Guimarães, o poeta cabo-verdiano Filinto Elísio e as escritoras Bernadette Lyra e Maria Rezende.  A feira conta ainda com apresentações musicais e teatrais, oficina de Kuisam de Oliveira e palestra de Joel Zito Araújo. “Uma beleza estar à frente da direção artística de um evento como esse”, diz Elisa Lucinda, que apresenta seu espetáculo ‘Palavra é poder’ no dia da abertura. Paraíso pouco conhecido, Itaúnas, no Espírito Santo, é considerado por Elisa um lugar com vocação cultural fortíssima. “Achei que seria muito natural realizar uma festa literária aqui, para que, nacional e internacionalmente, fossem mais reconhecidas suas maravilhas, seu Parque Ecológico, sua culinária especialíssima, a beleza de seu rio, seu forró, sua vida sofisticadamente simples e, por isso mesmo, muito boa. Assim nasceu a Festa da Palavra”, relembra a artista, que possui casa no local onde desenvolveu parte de sua obra literária.

“O nome do projeto tem um propósito de comemorar a palavra, afinal, ela está na base da maioria dos entretenimentos: livros, cinemas, novelas, séries - tudo nasce na palavra" (Divulgação)

“O nome do projeto tem um propósito de comemorar a palavra, afinal, ela está na base da maioria dos entretenimentos: livros, cinemas, novelas, séries – tudo nasce na palavra” (Divulgação)

Devido à pandemia de Covid-19, em sua primeira edição o evento será totalmente online, sem a presença de público. “O nome do projeto tem um propósito de comemorar a palavra, afinal, ela está na base da maioria dos entretenimentos: livros, cinemas, novelas, séries – tudo nasce na palavra. Fazer uma festa onde a colocamos em seu lugar de rainha, em seu patamar de grande celebrante, pode exercer um papel importantíssimo na formação de leitores, e na inspiração de professores e alunos e tantos outros profissionais, que, por viverem em regiões do interior do país, acabam sendo excluídos por uma certa concentração do saber. Acho que uma Festa da Palavra acrescenta muito na vida de uma cidade bem como na formação de um povo”, celebra Elisa.