Conhecido como um dos fotógrafos mais versáteis do século, Richard Avedon foi o principal colaborador para a inovação não só do fotojornalismo, mas através de suas lentes foi possível ter o olhar necessário para revolucionar a fotografia de moda. Ao terminar seus estudos e com a benção do diretor de arte Alexey Brodovitch, era a hora de dar um novo passo – em seus primeiros trabalhos em revistas como a Harper’s Bazaar, o nova-iorquino teve sua ascensão ao introduzir a noção de movimentos e dinamismo às fotografias antes estáticas que estampavam as publicações.
Inspirado pelo também fotógrafo de moda Martin Munkacsci, Richard decidiu levar as modelos para fora dos estúdios, registrando-as nas ruas ou em casas noturnas. Algo que hoje parece obrigatório nos editoriais de moda, até então era um terreno que nunca fora explorado por qualquer fotógrafo da época. O artista costumava declarar a importância da atitude dos modelos e do contexto que envolvia a cena, e o que isso poderia transparecer para as câmeras. “As minhas fotografias não vão além da aparência externa. Tenho muita fé nela. Uma boa aparência externa está cheia de pistas”. As tais ‘pistas’ deixadas são os elementos presentes nas imagens, como o enquadramento e as expressões, que começaram a ser notadas e trabalhadas pelo fotógrafo e cujas técnicas são reproduzidas até hoje. Toda a originalidade de suas importantes contribuições o levaram a Paris aos 24 anos, onde começou a cobrir os desfiles de alta costura – e a cidade agora o homenageia com uma exposição das maiores obras de sua carreira.
Em La France D’Avedon, o expectador fica imerso na íntima relação que o fotógrafo possuía com a cidade-luz. Apesar da tentativa de recuperar o fôlego em uma atmosfera pós-guerra, Paris nunca parece ter perdido o seu brilho e glamour através dos registros de Richard. O cenário, é claro, também foi escolhido para estampar o emblemático musical Cinderela em Paris, estrelado por Fred Astaire e Audrey Hepburn. Na época das filmagens – leia-se 1957 – foi preciso a elaboração de um sistema que interligasse a câmera do diretor à câmera do fotógrafo, nomeado como o consultor visual do longa, para que as imagens registradas dos cartões portais da cidade fossem integradas ao filme em tempo real. Apenas mais uma das inovações propostas pela personalidade irreverente, ou o que podemos chamar de sinônimo de ‘pensar fora da caixa’.
Mas as aventuras pela capital francesa estavam longe de chegar ao fim. O americano descobria agora Jacques Henri Lartigue – fotógrafo francês que retratou o cotidiano de sua cidade ao longo de sessenta anos. Encantado por seus registros, Richard Avedon resolveu estudar sua obra, e o resultado foi o livro entitulado Diary Of a Century, uma homenagem ao ídolo e à França por ser um cenário que o rendeu tanta inspiração.
Entre algumas das personalidades que estiveram nas frentes de sua câmera, lista-se Marilyn Monroe, Andy Warhol, Pablo Picasso, Coco Chanel e Catherine Deneuve, e os demais trabalhos em peças publicitárias para nomes como Calvin Klein e Versace, estabeleceu também uma forte relação com a Vogue ao longo de 23 anos.A exposição, que tem lugar na Biblioteca Nacional da França, em Paris, e está disponível para visitação até o dia 26 de fevereiro, traz as suas principais obras, em homenagem à sua carreira, e deixa a certeza de que a fotografia de moda deve muito ao célebre artista.
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