Homenagem em grafite a Gilberto Gil na Cinelândia é apagada e Flora Gil lamenta nas redes sociais


Ação, que lembra o que fizeram com Gentileza e, mais recentemente, com osgemeos, é mais uma que vai contra o conceito de arte de rua na cidade do Rio de Janeiro

Apagaram tudo. Pintaram tudo de cinza. Os versos cantados por Marisa Monte na canção Gentileza, fala de quando os escritos do Profeta Gentileza, gravados em 55 pilares do Viaduto do Caju, foram apagados com tinta cinza pela Prefeitura. Depois, com a repercussão do caso, a tinta foi removida e as obras e mensagens do Profeta ficaram eternizadas e viraram patrimônio público. Mas, ao que parece, a cidade não aprendeu nada com o episódio.

Obra de Gentileza nos pilares do Viaduto do Caju

Obra de Gentileza nos pilares do Viaduto do Caju

Flora Gil, mulher e empresária de Gilberto Gil, se manifestou publicamente hoje em sua conta no Instagram para denunciar um caso parecido com este. Em 2012, os italianos Alessandra Montanari e Walter Contipeli, do coletivo Oticanoodle, foram convidados pelo Metrô Rio para pinar as torres de respiração da estação Cinelândia, e, desde então, o rosto de Gil enfeitava o dia a dia de quem passava pela região. Até que o próprio Metrô Rio pintou tudo de.. cinza. “Que pena. Quem fez isso?”, perguntou Flora em seu perfil. A empresa afirma que a obra foi vandalizada há 15 dias e, por isso, apagaram tudo e vão convidar os artistas para repintarem com tinta anti-vandalismo. A gente fica torcendo para ser verdade.

Gil em frente ao mural que o homenageava na estação Cinelândia

Gil em frente ao mural que o homenageava na estação Cinelândia

É recorrente o número de grafites e pichações artísticas que são deletadas da paisagem carioca sem nenhuma consulta pública ou preocupação com o valor simbólico e conceitual que carregam. Um dos maiores exemplos deste descaso foi quando em 2013 a Comlurb apagou uma obra assinada pela dupla osgemeos, na Lagoa. Os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfe, para quem não conhece, são dois dos maiores nomes da arte de rua do planeta e têm no currículo grandes obras pintadas em paredes mundo afora – inclusive a fachada da Tate Modern, em 2008.