Se tem uma coisa que Gloria Kalil sabe ser é chique e a diva resolveu compartilhar seus ensinamentos em livros que viram febre nacional. Coincidência ou não, a jornalista lançou mais um exemplar que, dessa vez, é focado na etiqueta do ambiente de trabalho algo muito necessário saber em tempos de altas taxas de desemprego no Brasil. “Comecei a pensar neste livro há quatro anos porque sentia que o mundo do trabalho estava passando por muitas transformações. No entanto, nunca imaginei que estaríamos em uma crise quando chegasse a data do lançamento. Nunca vi tantas pessoas desempregadas. Esse cenário não estava no desejo de ninguém e acabou se tornando uma infeliz coincidência. Este livro é importante para pessoas que estão empregadas, desempregadas ou querem entrar no mercado de trabalho”, garante a escritora. CHIC PROFISSIONAL expõe códigos de vestimenta e de atitudes que devem ser seguidos desde a entrevista de emprego até se tornar vice-presidente de uma instituição famosa.
No best-seller, a escritora defende a importância de usar o que gostamos, mas sempre tendo consciência do espaço em que estamos inseridos. “Tudo pode desde que seja no lugar certo e no momento certo. Trabalhar de bermuda no fórum é errado assim como ir de terno para uma Start-Up. A pior gafe é não tirar o olho do umbigo. É preciso olhar para o outro que a pessoa está se relacionando para entender como deve ser vista. Ser inadequada é a pior coisa que pode acontecer”, indica Gloria. Dessa forma, é importante pesquisar o ambiente de trabalho antes de ir para uma reunião ou entrevista de emprego.
Muitas pessoas usam roupas que não são adequadas para certos ambientes. Gloria afirma que não vê nenhum problema nisso desde que ela saiba que haverá críticas sobre a escolha de assessórios. Para isso, relembrou o caso da jornalista Renata Vasconcellos que apareceu de roupão na chamada do Jornal Nacional. A peça de roupa chocou muitos internautas e virou meme. “Se a pessoa quer causar, tudo bem, mas precisa saber que corre o risco de virar assunto. O problema é se ela quer que isso seja comentado ou não. Se a vontade da pessoa não foi ficar no centro das atenções significa que a roupa foi um erro”, expõe a consultora de moda. Se Renata escolhesse aquele modelo para um evento fashionista, poderiam ter outras pessoas do mesmo jeito, no entanto por ser um espaço mais conservador acabou sendo o assunto da semana. Gloria não vê isto como um problema se era a mensagem que a colega quis passar.
Durante a pesquisa para escrever o livro, Gloria visitou várias profissionais de cargos diferentes para entender como funcionava o espaço em que se localizam. “Estive com a vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, e descobri que o mundo dos advogados é mais formal do que pensava. As mulheres não podem ir de terninho, é preciso ir com uma roupa que se assemelha aos homens. Uma vez, ela foi barrada porque foi para o escritório com um terninho de manga três quartos”, conta a escritora. Dessa forma, a especialista entende que ainda existem funções muito restritas ao código de vestimenta o que exemplifica a tese que defende.
Apesar de ter esbarrado com mundos muito formais, a escritora acredita que o futuro das profissões sejam roupas mais informais que não exigem tanta rigidez. “Acredito que estamos caminhando para um mundo informal, no entanto, ainda existem demandas de mundo muito formais que precisam ser levados em consideração seja por homens e mulheres. Atualmente, os rapazes ainda são obrigados a usar muito ternos e isto deve ser respeitado”, acredita. Baseado nisso, ao longo da publicação Gloria dá dicas de como ter um guarda-roupa ideal para o ambiente de trabalho. “Existem regras e formas de agir à parte no mundo de trabalho. Acho que as pessoas devem separar uma parte do guarda-roupa exclusivo para usar na profissão. É preciso ter consciência de que não pode ser muito fashionista para não parecer uma pessoa superficial, mas também não pode ser muito relaxada para não aparentar alguém desatualizado”, aconselha.
“A roupa, a atitude e o corte de cabelo dão boas dicas sobre quem aquela pessoa é. Quando olhamos para alguém pela primeira vez, ela está passando uma mensagem com a roupa que escolheu ao sair de casa. Ao levantarmos pela manhã, todos fazem cálculos inconscientes de onde irão ao longo do dia e escolhem o que usar conforme querem ser vistas. Sabemos a intenção com o modelo, o que acaba sendo um retrato da personalidade dela. No entanto, ao conversar com ela é possível descobrir mais camadas que podem até mesmo mudar a opinião inicial. Mas, sem dúvida, a informação contida na roupa faz parte de algum traço de sua personalidade”, conta a escritora.
No entanto, estar insatisfeito com as regras de vestimentas e etiqueta do trabalho pode ser muito problemático e indicar, até mesmo, que a pessoa está em uma profissão que não é a certa para ela. “Se você é uma pessoa extremamente informal, usa muito piercing e tatuagem e não gosta de horário, não deveria estar em um escritório de advocacia. Normalmente, escolhemos profissões ligadas à nossa personalidade”, indica Gloria.
Ainda com todos estes argumentos, ainda existem muitas pessoas que criticam a preocupação com a vestimenta dentro do espaço de trabalho. Muitos acreditam ser desnecessário se vestir formalmente para festas da empresa ou para reuniões. “Ainda existem pessoas que levam a etiqueta para uma conotação fútil e isto é uma maneira muito errada de pensar. Ela é, na verdade, uma ética do cotidiano. Está ligado à maneira como a pessoa se veste, como se relaciona e como vive em sociedade. O mundo não é só como nós fomos ensinados, existem muitas outras culturas que precisamos entender”, explica a escritora. Em seu livro, inclusive, cita comportamentos brasileiros que são muito questionados pelos estrangeiros que devem ser usados com moderação como, por exemplo, a simpatia.
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