Você sabia que pode utilizar o seu celular como base de um novo e próprio negócio? Foi o que fez o carioca Julio Lopes, conhecido como o fotógrafo que não utiliza equipamentos profissionais e ainda assim, é um grande sucesso. Com uma nova exposição em parceria com a Everaldo Molduras, Julio contou ao site HT como toca o seu negócio e deu ainda algumas dicas de como tirar a foto perfeita utilizando apenas um celular.
Quem vê o sucesso de Julio hoje, não imagina as tantas reviravoltas pelas quais a vida dele passou. Aos 17 anos, como um jovem cheio de sonhos, ele queria ser jogador de futebol, mas foi obrigado a fazer outras e difíceis escolhas após a morte de sua mãe. “Precisei largar esse meu sonho e trabalhar para ganhar dinheiro, porque o futebol não dava futuro como hoje em dia. O que veio mais rápido para mim foi o comércio, onde eu aprendi muitas coisas. Fui preparado e lapidado para o mundo por causa dessa experiência”, admitiu ele, que trabalhou em lojas durante 10 anos.
No final de 2014, mais um acontecimento proporcionou uma transformação na vida do fotógrafo que até então era apenas um comerciante. Em um sorteio no Facebook, ele foi premiado com um Iphone 4 e com o aparelho começou a tirar fotos pelo Rio de Janeiro. As fotografias eram editadas no próprio celular e postadas no Instagram, que na época ainda estava engatinhando no Brasil. “A galera começou a pedir que eu fizesse alguma coisa com aquelas imagens, mas eu não sabia o que. Decidi revelar para montar um álbum pessoal, só para ver como ficariam as imagens impressas”, contou ele, que cerca de uma semana depois foi a casa de uma amiga e se deparou com uma moldura vazia. “Eu olhei para a moldura, a moldura olhou para mim e eu pensei em fazer um teste. Foi aí que surgiu a ideia de fazer quadros com as fotos. Então, eu comecei a vender itens para o Brasil inteiro e percebi que esse poderia ser o meu negócio”, continuou.
Apesar da instabilidade inicial, Julio percebeu que para conseguir se dedicar ao novo projeto, precisaria largar o trabalho como gerente de loja, que lhe tomava pelo menos 8 horas do seu dia. “Eu ganhava de 4 a 5 mil no comércio, com os meus quadros eu recebia 300 reais. Ainda assim, optei pela fotografia e decidi largar o meu antigo emprego. Foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida até hoje”, admitiu ele, que conseguiu utilizar as características adquiridas ao longo dos anos no comércio, em seu novo trabalho. “Acabei juntando tudo que eu aprendi como comerciante com a minha criatividade. Me surpreendo a cada dia com o que eu posso fazer”, afirmou.
Ainda que presente em um contexto de crise econômica, o profissional contou que não sofreu com a situação do país, mas procurou captar recursos de várias formas. Depois dos quadros, Julio começou a fazer ensaios fotográficos e a gerar conteúdo para empresas, que hoje somam 28. Mais recentemente, ele conseguiu também realizar o sonho de dar aulas e workshops. “Uma coisa foi chamando a outra e eu fui criando várias possibilidades, porque no início tinham meses em que eu vendia 80 quadros e meses que só saíam 15. Então, eu precisava fazer com que o dinheiro entrasse de vários lugares”, explicou orgulhoso. E não para por aí, quando acreditamos que já fomos conquistados pelo trabalho de Julio, ele consegue nos surpreender ainda mais. “Eu nunca imaginava que um celular poderia fotografar um casamento. Fui convidado por um amigo e aceitei só para comer, beber de graça e fazer esse experimento. Acabou que deu certo, fiz a movimentação em tempo real da cerimônia e da festa. Eu tirava, editava e postava as fotos na mesma hora no Instagram que criei para o casal. Saí de lá com mais quatro casamentos fechados”, contou ele.
Quando questionado sobre a forma como foi recebido por outros fotógrafos, ele explicou que não sofreu nenhuma discriminação por utilizar apenas um celular. “Não tive nenhum problema, a única coisa que reclamam muito é que eu tiro trabalho deles”, afirmou em tom de brincadeira. E continuou, mais uma vez demonstrando orgulho de tudo que vem construindo: “Eu quebrei muitos paradigmas. Entrego as fotos no mesmo dia, faço um ensaio em 30 minutos. Costumo dizer que eu não sou mais um no mercado, sou o diferente”. Hoje, Julio utiliza um Iphone X, mas não acredita que precise do celular mais caro para fazer o melhor: “A ideia do projeto é você ter um celular no bolso e conseguir gerar bons conteúdos com eles. Eu tenho fotos que tirei com o Iphone 5 que são as que eu mais vendo, por exemplo. Não é ter o melhor equipamento, mas sim ter olhar para fotografar e editar”.
Há alguns meses, o fotógrafo percebeu que queria mais. Ele, que não modifica a qualidade das imagens, inicialmente imprimia seus itens em papel fotográfico normal, mas decidiu dar um upgrade na qualidade do material. “Sempre quis criar obras de arte e é o que eu faço hoje em dia”, explicou o profissional, que utiliza papel de algodão e faz uma parceria com a Everaldo Molduras. “A Isabela Vieira [gestora de negócios da empresa] entrou em contato comigo querendo saber se eu já tinha alguém para fazer as minhas molduras, conversamos e no mesmo dia fechamos negócio. Meu produto só valorizou, percebi um aumento de 70% nas vendas depois dessa transformação”, contou animado. E continuou admitindo ser a realização de um sonho: “É um quadro que dura de 100 a 150 anos, é uma obra de arte. Foi a melhor coisa que eu fiz com relação a esse projeto”.
Completamente apaixonado pelo que faz, Julio admitiu ter mudado de opinião sobre a fotografia: “Antigamente eu pensava que era só ligar uma câmera e clicar, mas hoje eu vejo que é preciso muita prática. Se você não tiver vontade para aprender, não vai rolar. Ter a sensibilidade de enxergar um momento e depois editar da melhor forma é uma arte bem complexa”. Considerando o sucesso do artista, o site HT pediu que ele desse algumas dicas de como tirar a foto perfeita, utilizando apenas um celular: “A dica que eu sempre dou nas minhas aulas e é a primeira de todas é explorar a curiosidade. Seja curioso, fotografia é prática. Vá para a rua, fotografe tudo! No início, eu fotografava animais, plantas, pessoas, tudo que via. Chegava em casa, editava e só depois de um tempo, descobri que o que eu mais gostava era fotografar paisagem”. E continuou: “É essencial não ter medo de arriscar. Só arriscando você vai conseguir acertar. Se errou, vai aprender com os erros”. Para ele, o bom uso das duas dicas acima misturadas ao amor é capaz de transformar simples retratos, em fotografias de sucesso: “A criatividade e a coragem unidas ao amor e ao carinho são extremamente transformadoras, mas não pode esquecer o lado técnico também. É muito importante criar uma identidade de fotografia e edição, é o ápice. Significa abrir o Instagram e nem ler o nome de quem postou para saber de quem é”.
Em temporada que vai até o dia 24 de janeiro com a exposição “Rio- Uma Paixão em Imagens”, Júlio assumiu que não gosta de planejar o amanhã: “Depois que minha mãe faleceu, eu não tenho mais aquilo de fazer planos para o futuro. Como ela estava indo para o trabalho e não voltou mais, eu sou muito do viver o dia, o agora”. Ainda assim, podemos aguardar novas e surpreendentes paisagens em sua conta do Instagram @juliollopes, além das fotos do filho ou filha que chegará em 2019. “Estou muito ansioso para esse acontecimento. O próximo passo é receber ele, curtir esse momento e continuar a tocar o meu projeto, sempre inovando”, finalizou.
Exposição ‘Rio – Uma Paixão em Imagens’
Aberta ao público de 10 de dezembro ao dia 24 de janeiro
Local: Everaldo Molduras (Shopping Cassino Atlântico – Avenida Atlântica, 4240 – Loja 215)
Confira um pouco do trabalho de Julio abaixo!
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