Fernanda Yamamoto: “Vivemos nesse mundo onde tudo é descartável. Voltar para o que é artesanal é trazer questões que são muito pertinentes”


Estilista foi uma das convidadas da RenauxView para o lançamento de uma coleção inspirada no termo dinamarquês “hygge”, que designa ações que levam a um estado de plenitude e satisfação

*Por Pedro Malta

Fernanda Yamamoto, no jantar em que conversou com HT, ao lado de Ronaldo Fraga

Fernanda Yamamoto, no jantar em que conversou com HT, ao lado do também estilista Ronaldo Fraga (Foto: Paulinho Sefton)

Durante o lançamento oficial da coleção Inverno/2017, batizada LIKKE , da tecelagem RenauxView, no The Basement Pub, em Blumenau, Santa Catarina, Fernanda Yamamoto reafirmou em entrevista ao HT a importância do trabalho artesanal em suas produções, em um tempo onde os avanços tecnológicos dão lugar a uma produção humana. “A gente vive nesse mundo onde tudo é descartável, produção industrial, massificação. Acho que voltar para o que é artesanal – o que as mãos humanas fazem – é trazer questões que são muito pertinentes para os dias de hoje. O que é o tempo que a gente vive? Será que é esse tempo de aceleração? Eu acho que todos os trabalhos artesanais e manuais traz essas questões. Que tempo é esse? Quem é a pessoa por trás desse trabalho? São coisas que a gente não pensa mais e precisamos refletir”. Parceira da tecelagem há cerca de cinco temporadas de moda, Fernanda utilizou peças em Jacquard RenauxView com desenhos de fachadas de prédios e casas em seu último desfile na São Paulo Fashion Week –  os tecidos foram criados com exclusividade.

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Nesta emocionante apresentação, aliás, a estilista valorizou totalmente trabalho feito à mão, of course, e fez uma releitura pós-moderna da tradição. Para isso, a estilista percorreu mais de 20 municípios do Ceará – dentre eles a região do Cariri – para uma imersão na vida das mulheres rendeiras. A valorização das trocas humanas foi o centro da fala da estilista durante a festa-lançamento, em Blumenau. “As roupas não saem prontas de uma máquina, tem um ser humano ali por trás. Tem um tempo do fazer. Quando você faz um trabalho manual é um momento de introspecção, que propõe uma reflexão sobre a vida, sobre questões humanas. O trabalho manual e artesanal tem um simbolismo muito pertinente com os dias de hoje. No final, o mais importante são as relações humanas. A gente não pode esquecer isso nunca: que é sempre uma pessoa que faz, uma pessoa que consome”, refletiu.

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Relembra aqui quais foram nossas impressões do último desfile de Fernanda Yamamoto

*O jornalista viajou a convite da RenauxView