Felix Richter embarca mais uma vez na ficção e lança “A razão do universo”, quarto romance de sua carreira


O autor é mais conhecido pela fotografia, mas assume que escrever é prioridade e fala sobre seu livro que aborda o julgamento do homem em relação à mulher em uma época que o papel feminino na sociedade é tão discutido nas redes

capa-livro-final-2015-09-29.indd

A capa do livro é uma referência a Afrodite e tem a assinatura do ilustrador e stylist Cláudio Parreiras(Foto: Divulgação)

A livraria Argumento, no Leblon, abriu suas portas, nessa terça-feira, 8,para o jornalista, fotógrafo e romancista Felix Richter no lançamento do livro “A razão do universo”. Quarto romance de ficção do autor, o livro relata duas histórias em paralelo. A primeira, a relação do casal Teo e Josephine e a segunda, a trajetória de Teo por um universo misterioso, sensual e enigmático e sua luta para voltar a realidade. Nessa segunda história, o leitor descobre detalhes esclarecedores da rotina do casal que explicam conflitos. São essas situações que levantam uma reflexão sobre como a bagagem pessoal acaba diminuindo o encanto que existe no início de uma relação. Com duas histórias em um mesmo livro, Felix não teme a recepção do público quanto à narrativa, que ele considera de fácil compreensão. “O mais difícil é desvendar as ligações entre as duas histórias e perceber a simbologia oculta”, entregou.

Falar dos julgamentos que um homem traz em relação à mulher e ao relacionamento em uma época em que o papel feminino na sociedade é tão discutido nas redes sociais é muito importante e o autor acredita que esse assunto deve ser amplamente debatido. “O livro não trata da mulher diretamente, mas das incertezas, das fobias que o homem traz em relação a ela. Tudo isso, de uma maneira bem sutil e simbólica. Estou apenas começando a me aventurar por esse complexo território, e, é claro, é um assunto que precisa ser debatido e muito no Brasil. Somos, ainda, uma sociedade de orientação patriarcal”, opinou ele, que assumiu não gostar do termo “feminismo”. “Ele passou a carregar um ar pejorativo, como se houvesse um bando de mulheres histéricas fazendo barulho. O direito da mulher vai muito além da insatisfação. O que precisamos é reconhecer, como sociedade, que a humanidade cultiva há milênios a inferioridade da mulher. Não importa se somos negros, índios, brancos, amarelos ou azulados, em todas as culturas, a mulher foi e ainda é reduzida à coadjuvante. E isso, simplesmente, não faz qualquer sentido. Até existem explicações históricas, mas, mesmo assim, não faz sentido. Pense bem: eu e minha irmã nascemos da mesma mulher, mas eu tenho privilégios, porque nasci menino”, analisou.

Também conhecido por seu trabalho como fotógrafo, Felix Richter revelou que o interesse pelas palavras não é novo. “Escrevi meu primeiro romance aos 15 anos, mas nunca o publiquei, ou seja, escrevo há muito tempo. A vida acabou me jogando, inicialmente, para a fotografia, depois, aos poucos, encontrei abertura para a escrita. É um processo que eu não sei muito bem como explicar. Apenas aconteceu”, contou ele, que espera agradar seus leitores. “A expectativa é a de torcer para que o livro seja bem aceito pelo público. Afinal, um dos objetivos de um escritor é conseguir viver da escrita. Por mais que não se escreva para agradar alguém, depois que obra está finalizada, espera-se que agrade e conquiste leitores”, disse.

foto-02_felix-richter

O autor Felix Richter é também fotógrafo e jornalista e tem um blog onde escreve opiniões sobre diferentes temas (Foto: Divulgação)

O sucesso na fotografia não o distancia do caminho da escrita e unir os dois trabalhos não está nos seus planos, apesar de já tê-lo feito uma vez, no livro “Lições de um Brasil selvagem”, em 2007. “Não levei adiante. Hoje me vejo cada vez mais próximo da literatura e me distanciando da fotografia. Gosto de fotografar, mas escrever é algo que faz parte do meu cotidiano, como tomar café da manhã. Não conseguiria me imaginar sem escrever”, contou. É tão rotineiro que Felix sabe dizer como é o processo. “É totalmente inserido no meu dia. Sou um escritor dos tempos da informática. Preciso do dicionário eletrônico e do Google ao meu alcance. Pesquiso sinônimos, regras gramaticais, quebras de regras utilizadas por outros autores, origem de palavras, dados históricos e tudo mais que for necessário à construção do enredo”, entregou.

Além dos livros, Felix também escreve em um blog e dá sua opinião sobre diversos temas polêmicos. “Eu utilizo a escrita online como aprendizado. Em cada texto publicado nas redes sociais, percebo imediatamente a reação das pessoas. Isso ensina a escrever. Você percebe imediatamente quando é mal compreendido, quando atinge o público, quando irrita o leitor e quando simplesmente é ignorado. Assim, aprendo a ser preciso, a evitar radicalismos e a cultivar a neutralidade. Tento escrever sobre assuntos polêmicos da maneira mais neutra possível. Numa rede social repleta de radicais, trata-se de um grande desafio e, portanto, de um enorme aprendizado”, contou ele, que acredita que a web o aproxima do público. “Fiz muitos leitores nas redes sociais. Porém, é preciso tomar cuidado: é fácil escrever textos que agradem certos segmentos. Dizer ‘sou contra o impeachment’ ou ‘sou a favor do impeachment’ imediatamente vai trazer seguidores e compartilhamentos. Mas, no caso, você não está conquistando leitores. As pessoas que seguem esse tipo de post têm uma ideia pronta e pouco se importam com o que você diz, apenas buscam um respaldo para a opinião que cultivam. O desafio é levar as pessoas à reflexão, mostrar que não é tanto azul nem tanto vermelho”, explicou.

Paralelamente a isso, Felix se dedica ao próximo romance, que tem como pano de fundo o Pantanal sul-mato-grossense e está trabalhando em um novo livro de fotografias sobre o Rio de Janeiro com lançamento previsto para 2017. Enquanto isso, ele aproveita a repercussão de “A razão do universo”, que aborda temas da mitologia grega durante a história dos personagens e continua atualizando seu blog na internet com assuntos reais como a política brasileira. E sobre o que será que ele prefere falar? “Ficção, pois a realidade não existe. A realidade é um ponto de vista. A ficção é um caminho”. Está explicado. Veja mais fotos de quem passou por lá na galeria abaixo:

Este slideshow necessita de JavaScript.

Serviço

Livro: A Razão do Universo
Autor: Felix Richter
Editora: Céu Azul de Copacabana
Preço: R$ 29,80
Faixa etária: a partir dos 16 anos de idade
Locais de venda: Livrarias Argumento, Cultura, Saraiva e Travessa.
Site: www.colorfotos.com.br/a-razao-do-universo.htm – (No site o leitor pode baixar, gratuitamente, os dois primeiros capítulos do livro).