Exclusivo! Prestes a lançar o livro “Barras, vilas e amores”, Martinho da Vila fala sobre Carnaval e a polêmica dos anos afastado da Unidos de Vila Isabel


O cantor e compositor adiantou que a escola de samba cruzará a Avenida com um enredo sobre Miguel Arraes e os carnavais do Rio de Janeiro e Recife. Tem mais! “Vou sair representando Luiz Gonzaga”, contou

Mais de 45 anos de samba, uma voz potente reconhecida internacionalmente e a fala mansa de quem leva a vida no melhor estilo “devagar, devagarinho”. Assim é Martinho da Vila, que, nesta quinta-feira, 14, lança seu 14º livro. Sim, além do cantor e compositor festejado ao redor do mundo, Martinho escreve histórias de ficção no seu tempo livre. E o evento de lançamento de “Barras, vilas e amores” – como não poderia deixar de ser – acontecerá na quadra da Vila Isabel. “Barras representam Duas Barras, a cidade onde nasci, e também a Barra da Tijuca, onde moro atualmente. Vilas é da Vila Isabel e suas vilas e amores são histórias que criei para que o livro ficasse romântico. São tramas paralelas que acabam se cruzando”, adiantou ele, que assina outras obras de diversos gêneros como infanto-juvenis, romances, ficção, literatura, autobiografia e, claro, músicas!

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(Foto: Diego Mendes)

No final do ano passado, Martinho chegou a ser homenageado na FlinkSampa, a feira nacional do conhecimento, literatura e cultura negra e recebeu o Troféu Raça Negra 2015 por sua posição em defesa das questões sociais e da liberdade, além de seu destaque na música e cultura do país. “Eu já tinha participado da FlinkSampa, mas foi impressionante e muito emocionante ser homenageado. É uma festa que reúne os expoentes da cultura negra, tanto do Brasil como de outros países, foi incrível”, destacou. O cantor se apaixonou pela literatura tão naturalmente que nem se lembra mais do começo. “Foi aos pouquinhos, me encomendaram um livro numa editora, depois em outra e chegou um dia que eu tive vontade de escrever por conta própria”, contou ele, que garante: não separa a música da escrita em nenhum momento da vida. “Eu misturo sempre. A música está em quase tudo que escrevo, sempre procuro uma letra que tenha a ver com a história e incluo no texto, fica tudo meio junto. Nesse livro mesmo, tem várias”, disse.

Falando em Martinho da Vila, não tem como não comentar o Carnaval. Perto da data, o cantor é pura animação e sabe: sua história se confunde com a da escola de samba do coração. “Crescemos juntos”, declarou. Entre 1993 e 2010, porém, a mídia noticiou que Martinho estava afastado da GRES Unidos de Vila Isabel, o que ele nega veementemente. “Isso foi mais falado do que verdade em si. Realmente tiveram uns dois carnavais que não desfilei, aí foi a deixa para o povo falar mesmo, mas nunca saí. Sempre estive presente”, garantiu. E as declarações que deu, em 2010, de que faria seu último samba-enredo? Assinando o desse ano, não tem como evitar a pergunta: mudou de ideia, Martinho? “Eu realmente penso em não fazer mais samba-enredo e participar apenas como componente, esse é meu sonho do carnaval! Mas sempre acabam me pedindo ajuda e eu faço”, contou, aos risos.

E o que podemos esperar da Vila esse ano? “Vai ser bem interessante! O tema é Miguel Arraes, mas vamos falar do lado cultural e educacional. Na verdade pegamos o Miguel para abordar cultura e educação como um todo. No final, vamos misturar os carnavais do Rio de Janeiro e Recife, vai ser uma festa!”, declarou. O papel de Martinho na folia? “Vou sair representando Luiz Gonzaga!”, adiantou.

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(Foto: Diego Mendes)

Autor de canções em ritmos como ciranda, frevo, samba de roda, capoeira, calango, bossa-nova, samba-enredo e tantos outros, ele é considerado um dos maiores representantes da nossa música popular brasileira. Ainda assim, Martinho não encara os títulos como uma grande responsabilidade. “Nada do que eu faço eu levo muito a sério. Não incorporo essas representações, sabe? Só vou fazendo, finjo que não entendo. É melhor assim, menos pressão. O artista tem apenas que criar, sem compromisso, e aí as coisas saem naturalmente e ficam dentro do que são”, entregou.

Com tanta música no currículo, será que ele tem uma preferida? “Olha, a música é assim: vai de acordo com nosso estado de espírito. Cada vez que você me perguntar será uma diferente. Atualmente, gosto do samba-enredo da Vila”, revelou. Está dito. Não à toa, quem quiser falar com ele, não precisa procurar, vá aonde tiver samba que Martinho deve estar por lá.