Em noite de autógrafos, Flavio Marinho fala sobre sua carreira, novos projetos e mais: “Minha maior arma é fazer as coisas com humildade e amor”


No evento que ocorreu no dia 19 de abril, os famosos Soraya Ravenle, Aloísio de Abreu, Marcos Breda e Luciana Braga marcaram presença para felicitar o autor. O livro ‘Um amor de vinil’ é baseado na peça que está em cartaz no Rio de Janeiro

Uma fila que ocupava um grande espaço da livraria da Travessa dia desses chamava a atenção nos corredores do Shopping Leblon . Na ocasião, o escritor Flavio Marinho distribuiu autógrafos para convidados em seu novo livro ‘Um amor de vinil’. O texto é originário da peça com o mesmo nome que está em cartaz até dia 28 de maio, no Teatro do Leblon. O espetáculo é uma encomenda da atriz que detém o papel principal, Françoise Forton. Ela queria que o amigo escritor, diretor, jornalista e crítico criasse um musical romântico com músicas do Roberto Carlos. Dessa forma, a história se passa em uma loja de antiguidades como o vinil onde a dona Amanda, interpretado por Françoise, se apaixona pelo frequentador assíduo Maurício, vivido por Maurício Baduh. A trilha sonora conta com músicas de Roberto Carlos, além de Milton Nascimento, Lulu Santos, Tavito, Ivan Lins e Caetano Veloso. Em meio a tanta afetividade, Flavio ainda destacou que a escolha da data – 19 de abril – não foi em vão.  “Sugeri o dia 19 por ser o aniversário do meu pai”, explicou o autor.

Flavio Marinho na noite de autógrafo do livro (foto: CRISTINA GRANATO)

Na comédia romântica, o casal escuta músicas dos anos 60 e 70, como pedido de Françoise.  “Criei essa história através de questionamentos. Por que um casal ouviria músicas de sessenta anos atrás? Eles estariam em uma loja de vinil antigo. O que os dois estariam fazendo lá? A partir disso, fiz a ideia na minha cabeça. Acredito mais em transpiração do que inspiração, porque é muita ralação para chegar ao final de qualquer coisa. Não é tão fácil ser inspirado, você precisa resgatar elementos da sua mente para que ela exista”, afirmou.

Durante o processo criativo, ele se deparou com um obstáculo. Roberto Carlos vetou a utilização de suas músicas no repertorio. “O rei vetou, mas acabei sendo sacana. Alguns dos maiores sucessos, não são dele. Como, por exemplo, ‘Falando sério’, ‘Como vai você’ e ‘Outra vez’. Então usei essas músicas e deu para continuar com o musical. Claro que também tocam outros cantores como Ivan Lins e Caetano. Consegui fazer uma peça assumidamente brega e romântica”, brincou o autor.

Sheila Matos , Françoise Forton e Flavio Marinho (foto: CRISTINA GRANATO)

Para celebrar o livro, vários amigos de Flavio marcaram presença na noite de autógrafos. Mas ele afirma que cada um recebe uma assinatura diferente. “Tenho uma dedicatória-chave clássica, distante para as pessoas que não tenho muita intimidade. Mas para quem gosto, as palavras aparecem naturalmente. Por exemplo, vieram os velhinhos que fazem academia comigo e que, às vezes, trazem bolo de laranja. Eu escrevi que esperava que o livro fosse tão bom quanto a sobremesa”, brincou. No dia, os famosos Soraya Ravenle, Aloísio de Abreu, Marcos Breda, Luciana Braga, Totia Meireles, Maria Ceiça, Cristina Pereira e, claro, Françoise Forton marcaram presença.  “Sempre prefiro a leitura, antes de ver o filme ou o espetáculo. Sou fã da escrita. Até para entender como foi transformado em outra arte. Assistir primeiro pode me influenciar”, explicou a atriz Maria Ceiça que já atuou na peça ‘Bang Bang’ de Flavio.

Flavio Marinho e Maria Ceiça (foto: CRISTINA GRANATO)

Foram cerca de 17 livros escritos em toda sua carreira. A atriz Soraya Ravenle afirmou que tem quase toda a coleção do amigo. “O Flávio é um cronista da vida, da relação com as pessoas e do cotidiano. Tenho quase todos os livros dele. Todas as minhas estreias sei que vai estar lá, além receber flores com um cartão. A última vez, disse que eu ia leva-lo a falência pela quantidade de peças e digo o mesmo dele, porque são muitos exemplares. Todo lançamento vou estar aqui”, afirmou a amiga. Ambos juntos tem um projeto chamado ‘Música + teatro’, onde o Flavio conta a história do teatro e a atriz com Zé Renato ilustra o que o escritor diz. Uma espécie de show com palestra que foi apresentada no CCBB de Brasília.

Flavio Marinho e Soraya Ravenle (foto: CRISTINA GRANATO)

Para finalizar um livro, Flavio conta que, hoje em dia, não usa mais referências de outros autores. “Já escrevo há 30, então já crio algo meu. Gosto muito de trabalhar com as instituições como a família, de uma forma ampla e abrangente. Fui mudando muito, mas sinto que meus trabalhos tem uma cara própria, ultimamente”, contou Flavio. Totia Meireles confirmou a teoria dele. “O texto é específico. A gente assiste sabendo que aquilo é a cara do Flavio, pois a sua marca é o humor sem compromisso”, afirmou a atriz que já conhece o autor há muito tempo. A segunda peça que fez na vida foi através de uma adaptação dele de ‘A noviça rebelde’. “Temos muita intimidade, ele já colocou o meu nome em uma personagem de uma peça”, lembrou Totia. O escritor e ator Aloísio de Abreu aprovou os textos de Flavio. “Ele é craque em comédia romântica. Traz uma leitura culta e popular, atinge todas as pessoas e as camadas de sociais”, garantiu.

Totia Meirelles e Aloísio de Abreu (foto: CRISTINA GRANATO)

Segundo o autor, existe uma crise de público no teatro brasileiro. “As pessoas não estão indo assistir o teatro. A minha maior arma é fazer as coisas com humildade e amor. Se você escrever com verdade, vai cativar um núcleo. O ‘Um amor de vinil’ foi assim, escrevi sobre coisas que gosto. Quando se faz com o coração a galera vai”, acreditou. A atriz Luciana Braga acredita que o amor é a principal característica do Flávio. “Além de amiga, sou muito fã dele. O Flavio tem uma gota de amor na caneta que escreve. Ele tem um humor único e escreve com o coração. Só não posso falar isto na frente dele porque fica metido”, brincou ela que já fez três peças do escritor, sendo a primeira há 17 anos. “Além do arco-íris’ e ‘Um caminho para dois’ são as melhores obras, na minha opinião. A primeira foi escrita para mim, porque perdemos a mãe na mesma época, fala sobre a perda”, lembrou. Cristina Pereira já fez cinco espetáculos com ele e afirmou conhecer muito da sua dramaturgia. “Flavio sabe trazer as coisas mais simples para o teatro, colocando uma lente de aumento. Além disso, é um texto muito fácil para o ator, porque já está tudo pronto”, lembrou.

Marcos Breda, Flavio Marinho e Luciana Braga (foto: CRISTINA GRANATO)

Flavio é jornalista, escritor e diretor. Profissões que exigem agilidade e organização, ao mesmo tempo. “Como bom geminiano, eu consigo fazer várias coisas de uma só vez”, confirmou. No entanto, sua carreira nas redações foi muito breve. Hoje, não se sente mais parte do meio. “O jornalismo só existiu na minha vida durante 14 anos, antes de começar a escrever peça. Acabou me ensinando a organizar o raciocínio e estruturar matérias grandes. E isso é importante para um escritor. Quando eu tenho um princípio, meio e fim claro na minha cabeça, a escrita flui”, explicou o escritor.

Para esse ano, Flavio tem mais outros dois projetos. Um livro sobre a perda se seu irmão, ‘Meu querido irmãozinho’ que espera lançar em dezembro, depois da peça ir aos palcos em setembro ou outubro. “Geralmente, alterno textos de encomenda, nos quais invento todos os personagens. Mas outras vezes escrevo coisas que vem da alma. O trabalho é mais de fora para dentro, não tem uma vivencia que te ajude a criar. Minha próxima peça se chama ‘Meu irmãozinho querido’ em homenagem ao meu irmão que faleceu prematuramente”, acreditou o artista. Além disso, escreveu um exemplar sobre os lugares que já passou na sua carreira de jornalista.  “Trabalhei em nove órgão da imprensa e falei um pouco sobre cada um. Abro os capítulos dizendo o que eu fazia lá e como eram. Dentre eles, apenas dois sobreviveram ‘O Globo’ e a ‘Vogue’”, lembrou.

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