Se na música Ana Carolina já atrai milhares de fãs em seus shows, na literatura não seria diferente. Neste mês, a cantora lançou o livro “Ruído Branco”, que reúne mais de 50 poesias, prosas e letras de músicas inéditas. Na noite de autógrafos da obra no Rio de Janeiro, mais de 300 fãs de Ana Carolina lotaram o Shopping Leblon para garantir a assinatura e uma foto com a nova autora. Para isso, a legião, que estava devidamente uniformizada e com balões em homenagem à Ana, chegou ao shopping carioca às três da manhã para a sessão que estava marcada apenas para as 18h. Quem também marcou presença foi a atriz Letícia Lima, que protagonizou um dos momentos que mais agitou o público presente: ela e Ana Carolina brincaram de dar um selinho por trás das páginas do livro “Ruído Branco”.
Em entrevista ao HT, a cantora contou que nas mais de 140 páginas da obra há uma expressão genuína de Ana Carolina em versão literária. Segundo ela, o livro “Ruído Branco” é uma tradução fiel de seus pensamentos e sentimentos pessoais. “Eu comecei a ver o quanto a minha maneira de escrever é reveladora. Eu só consigo contar o que aconteceu comigo e os meus verdadeiros sentimentos escrevendo. Quando eu componho, muitas vezes eu invento personagens para contar novas histórias. Mas, na literatura, eu não consegui fazer isso. Em todos os textos sou eu. Esse livro eu chamo de autobiografia em prosa poética, porque tudo o que está ali aconteceu, de fato, comigo. É libertador”, disse.
Apesar de não esconder a felicidade em lançar seu primeiro livro, Ana Carolina contou que este não foi um desejo primeiramente pessoal. Procurada por uma editora, a artista passou a reunir os pequenos textos que escrevia, muitas vezes, sem compromisso. “Eu sou dessas pessoas que carregam caderninhos e escrevem sobre tudo o que vão pensando e presenciando no dia-a-dia. Então, eu tinha muitos textos guardados. Mas, com a responsabilidade daquilo virar um livro, eu melhorei esses registros, escrevi novos trechos e percebi o quanto é revelador a arte de fazer literatura. Na música, eu tenho as paredes da melodia que me limitam na hora de criar, porque eu preciso colocar um determinado número de palavras em cada frase. Mas no livro não, eu estava livre”, contou.
E a pluralidade de Ana Carolina vai desde os assuntos abordados no livro ao significado do título da obra. Como nos explicou, ruído branco é uma nomenclatura do universo musical que consiste na mistura de diversos sons. Ou seja, aquele barulho que não identificamos direito. “O ruído branco é um dos sons mais complexos, justamente por ser a união de todos eles. Toda multidão carrega um ruído branco. Quando nós temos uma conversa entre duas ou três pessoas, conseguimos identificar as vozes e os sons separadamente. Mas, em um grupo de 100 pessoas, isso fica impossível. E é essa mistura de barulho que chamamos de ruído branco”, explicou Ana, que apontou que essa mistura também se faz presente em muitas canções de forma proposital. “Em algumas músicas pop, por exemplo, nós temos uma técnica de colocar o ruído branco no refrão para dar a impressão que aquele trecho salta”, revelou.
Por mais que música e literatura pareçam caminhar em sintonia na carreira de Ana Carolina, a cantora destacou que não unificaria as duas artes. “É uma coisa completamente diferente da outra. Eu não associaria música e literatura. No livro, por exemplo, não há nada da Ana Carolina cantora, apenas nas poesias musicadas. De resto, é tudo prosa poética”, ressaltou Ana que, na carreira musical, tem planos para lançar novos EPs em 2017 nas plataformas digitais.
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