*Por Flávio Di Cola
Aqueles que estão com malas prontas para passar as férias de verão na Europa, e com a capital espanhola incluída no itinerário, não podem perder “Desenhando 007: cinquenta anos de estilo Bond”. A mostra reúne um conjunto de ambientes multimídia que simulam o dia a dia nada comum de um espião que tem licença para matar, além de expor os mais conhecidos e venerados gadgets, figurinos (90% originais) e story boards (desenhos de cenários) que já deliciaram três gerações de “bondmaníacos” espalhados pelo planeta.
Na verdade, essa mostra-homenagem foi pensada a fim de reparar o enorme atraso em relação ao reconhecimento do impacto do agente “alto, moreno, caucasiano, de olhar penetrante, viril, porte atlético e sedutor” – conforme descrição precisa do seu criador, o escritor Ian Fleming (1908-1964) – sobre as plateias do mundo todo através de uma série de 25 filmes que formam até hoje a franquia cinematográfica mais longeva, e a terceira mais lucrativa da indústria audiovisual, superada apenas pelas marcas Marvel e Harry Potter.
A exposição, em cartaz no espaço Fernán Gómez do Centro Cultural de la Villa – um moderno complexo cultural integrado ao mesmo eixo viário que interliga outras pérolas da cultura madrilenha, como o Museu do Prado, o Museu Thyssen e o Museu Nacional de Arte Reina Sofia –, foi projetada para estrear em Londres como teaser do espalhafatoso lançamento do último filme da série “007 – Operação Skyfall” (“Skyfall”, 2012, dirigido por Sam Mendes), cuja renda ultrapassou U$1 bilhão.
Depois da capital britânica, sede do fictício serviço de espionagem MI-6, “Desenhando 007” passou por Toronto, Xangai, Melbourne, Moscou e Roterdã, antes de se instalar em Madri. Infelizmente, para os milhões de fãs de James Bond no Brasil, o nosso país ficou de fora do roteiro da mostra, o que pode ser considerado uma imperdoável injustiça, pois as rendas obtidas pela franquia 007 nas salas brasileiras estão entre as mais elevadas do mundo e – ultimamente – as estreias dos seus novos títulos têm ocorrido nos nossos cinemas quase nos mesmos dias dos lançamentos mundiais de Londres, como foi o caso de “Skyfall”.
Percorra a exposição “Desenhando Bond” com os comentários da curadora-figurinista Lindy Hemming
Por isso, o Site HT não poderia deixar de homenagear o charmoso espião no seu cinquentenário e mostrar aqui alguns dos principais itens expostos em “Desenhando 007”, escolhidos a dedo pelas curadoras Bronwyn Cosgrave, historiadora de moda, e a oscarizada figurinista Lindy Hemming, responsável pelos looks vistos em cinco filmes do agente, além de outras criações inesquecíveis para dois títulos da franquia Batman (“Batman Begins”, 2005; e “Batman: o cavaleiro das trevas”, 2008, ambos dirigidos por Christopher Nolan).
O grande atrativo da exposição é o fato de que Bronwyn e Lindy puderam escolher entre os milhares de elementos autênticos usados originalmente durante as filmagens, graças ao acesso irrestrito que tiveram aos arquivos da EON Productions. A empresa cinematográfica detém os direitos sobre as obras e os personagens criados por Ian Fleming desde o lendário “O satânico Dr. No” (“Dr. No”, 1962, de Terence Young), filme inaugural da série que estourou espetacularmente nas bilheterias e agiu como uma espécie de válvula de escape para as tensões geradas no auge da Guerra Fria.
Muitos dos artefatos originais expostos entram em ação nesta sequência de mortes hilárias dos inimigos de James Bond, como braço de metal assassino de “007-Viva e deixe viver” (1973), a pistola de ouro de Scaramanga (Christopher Lee) de “007-Contra o homem com a pistola de ouro” (1974) ou os sapatos de Rosa Klebbe de “Moscou contra 007” (1963)
Desde a entrada, a mostra “Desenhando 007” não quer deixar nenhuma dúvida de que estamos ingressando no mundo de James Bond: o acesso aos espaços de exibição se faz através de um túnel que não é nada mais e nada menos do que o cano de um revólver gigante, talvez o próprio Walther PPK – a mais marcante arma de fogo dentre aquelas utilizadas pelo agente. Depois desses momentos de tensão, o público pode apreciar centenas de peças de uma das memorabilia mais célebres de toda a história do cinema.
Veja mais algumas:
E, para matar a saudade, fique com o trailer de “Spectre”, a mais nova aventura de Bond com estréia mundial prevista para 5 de novembro (também sob a batuta de Sam Mendes). O quarta episódio da franquia estrelada por Daniel Craig reúne ainda Christopher Waltz no papel do vilão Franz Oberhauser, Léa Seydoux e Monica Bellucci, em dose dupla de bond girls num só filme.
Serviço:
“Diseñando 007: cincuenta años de estilo Bond”
No espaço Fernán Gómez do Centro Cultural de la Villa
Plaza Colón 4, Metrô Colón, Madri.
Até 30 de agosto de 2015.
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