Cena 1: mente pensante por trás da grande reformulação da Dell Anno em 2009, o diretor de marketing, Edson Busin, desenvolveu um trabalho que criou uma nova chancela para a label ao conjugar moda e design. Corta! Cena dois: estamos em 2020, em plena Quarta Revolução Industrial que vinha sendo anunciada há muito tempo – como ficção científica. No entanto, o gigantesco avanço na relação entre homem e máquina no processo produtivo elevou o ideal de automatização a um patamar muito acima do que se poderia supor. Conceitos impensáveis há três décadas, como conectividade, inteligência artificial, big data e machine learning, entre tantos outros, passaram a fazer parte do nosso dia a dia. De repente, uma pandemia de um vírus mortal assola o mundo e muda vidas, economia e relações humanas. E chegou em um momento em que, mais do que nunca, a aceleração exacerbada da vida era a tônica dominante. Com o distanciamento social, as pessoas buscam o seu autoconhecimento para saber compartilhar solidariedade. Se o movimento global aponta para tantas revoluções tecnológicas, inteligência artificial e uma conscientização sobre o impacto dos novos tempos, Edson Busin propôs à equipe de criação da label de home design que toda a campanha de lançamento da coleção batizada ‘Manifesto‘ fosse pensada em sinergia com um novo tempo no comportamento humano que rompe barreiras ao se conectar através da web.
Estamos na Era da Empatia ou na Revolução da Empatia. Tempos de se fazer uma reflexão e se unir com o próximo mesmo remotamente. Tempos do respeito, da inclusão, da diversidade, da resiliência, de se sentir confortável com quem você é e com sua casa. Se em 2011, a Dell Anno abriu seu parque fabril para um desfile inédito da coleção ‘Reinaldo Lourenço‘ em meio às pilhas de madeira, apresentando ao mercado a primeira superfície de moda assinada para o mobiliário planejado, em 2020, diante dos impactos causados pela pandemia, a marca novamente sentiu-se desafiada a se reinventar e fazer uma sinergia entre pessoas de Norte a Sul do país com a Itália, berço do design, a partir das redes sociais. E, pontualmente, às 20h (hora de Brasília), de quarta-feira, dia 27 de maio, a Dell Anno apresentou sua nova coleção ‘Manifesto’ e o novo showroom através de uma transmissão em em quatro atos, via Instagram.
Para Edson Busin, “a Dell Anno já mantém uma grande relação com o processo criativo da moda, que é pautada por décadas. Desta forma, buscando em nossas próprias raízes chegamos em 2020, projetando o viver dos próximos anos. Nosso processo criativo não tem a pretensão de fazer apenas uma entrega para todo este tempo, mas continuar na linha diretriz que define os tempos e suas necessidades. Nosso entendimento de processo criativo é, em tudo que fazemos, entender o momento em que vivemos e fazermos a diferença”.
No primeiro ato, a fábrica da empresa, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul é pano de fundo para uma mensagem de otimismo e perseverança, com a música What a Wonderful World de Louis Armstrong interpretada pelo músico Rodrigo Soltton ao piano e voz. No cenário, as máquinas e a fábrica vazia são embaladas de forma suave pelas notas musicais, simbolizando o paradigma dos novos tempos de isolamento.
A apresentação do evento segue com intervenções de Beth Venzon, pesquisadora de moda e curadora da plataforma Moda 365. Ao propor uma reflexão sobre a casa do futuro, Beth nos fez viajar ao passado. Estamos no segundo ato, em plena década de 1920, quando os manifestos das artes, arquitetura, moda e design influenciaram e transformaram o mundo. Esse resgate oportunizou que a Dell Anno conceituasse a nova coleção, olhando o passado à luz do presente e projetando o futuro.
A Dell Anno publicou lá em seu blog: “Na arte, movimentos de vanguarda como Futurismo, Construtivismo, Cubismo e Surrealismo – entre outros – foram fortes e influentes em seus conceitos e ideias. No Brasil, o movimento Modernista culmina em 1922, com a Semana de Arte Moderna. A efervescência parisiense chamava a atenção – cidade onde tudo era inovação e de onde partiam para o mundo as informações e as direções da elegância e da sofisticação do vestir. O estilo Art Déco, denominado Style Moderne, valorizava as formas geometrizadas com efeitos decorativos preciosos e foi sucesso. Os movimentos de seus desenhos refletiam o ritmo e a velocidade da indústria e da cidade desse período. Dourados, brilhos e cores metálicas entraram em cena, fortalecidas com as descobertas arqueológicas egípcias da Tumba do Faraó Tutankamon. Um novo conceito estético decorativo e de mobiliário encantou e ganhou espaço. A sofisticação foi renovada com elementos modernos, mesclados a resgates de memórias, histórias, lugares, estilos clássicos ou exóticos, mas com a direção de futuro: renovação e evolução”.
Para nos fazer refletir sobre os novos anos 20, o diretor de marketing da Dell Anno, Edson Busin nos fala sobre a concepção da campanha através de uma galeria do tempo montada no showroom da empresa e afirma: “Acredito que os novos anos sejam a concretização de uma evolução do morar. Em termos de comportamento, haverá uma nova ala que irá ressignificar alguns valores. O viver também será sensibilizado por um movimento mais livre e menos apegado, porém, sem abrir mão do conforto, do bem-estar e do convívio social entre família e amigos. Os espaços, sejam amplos ou não, deverão ser preferencialmente funcionais ainda que com forte apelo estético. Por entendermos desta forma, visualizamos uma grande diversidade de materiais, formas, texturas e cores. É um misto do passado, através de nossas memórias, do moderno, que estamos vivendo e do futuro, que projetamos. Esse será o novo viver”.
“Como será a casa do futuro” foi a provocação que permeou o trabalho de pesquisa, trazendo também um entendimento e projeções sobre outras áreas como Moda, Gastronomia, Design e Arte nas vozes de Lilian Pacce, David Hertz, Pedro Franco e Arthur Lescher.
De sua casa, a jornalista Lilian pontuou: “Novos hábitos, novos comportamentos e até revoluções! Vejo essa nova década desafiando muitos valores. A geração Z não quer mais consumir por consumir. O novo para ela pode ser o velho para você. Por isso, os mercados de resale, de aluguel e de troca crescem criando grandes cases de sucesso, colocando a reciclagem e o upcycle na pauta do dia”. Para o artista plástico Artur Lescher, há 100 anos, a arte lutava por sua liberdade e autonomia de linguagem. Os surrealistas, assim como outras vanguardas, pensaram a arte como uma forma de ampliar a percepção do real e sua potência de transformação. A arte como um instrumento capaz de evocar nossas memórias mais profundas e ancestrais. A arte como uma lente projetiva, que vislumbra o que ainda não tem nome. Acho que foi isso que pautou os artistas que transformaram o começo do século passado e nos trouxeram até aqui. É disso que precisamos agora, novamente”.
O chef David Hertz frisou: “Eu vejo na próxima década uma gastronomia que gera muita consciência. Uma oportunidade para o homem se conectar consigo mesmo e com o planeta. Assim, eu vejo 3 funções principais da gastronomia daqui pra frente. Primeiro, como função social, ou como alimentar a humanidade com humanidade, em que surge uma gastronomia mais inclusiva. Segundo, uma gastronomia mais informativa. A cozinha é o laboratório para as pessoas interagirem, se conectarem. É o lugar onde se faz a troca de conhecimento, que traz mais saúde, nutrição. Terceiro, a gastronomia unindo o homem e o planeta, para ficarmos mais conectados com a ecologia, respeitando o que colocar na mesa, considerando os ciclos da natureza. No final, vejo uma gastronomia muito mais local, valorizando as pessoas no sentido de comunidade”.
Já o designer Pedro Franco acredita no futuro como “sendo uma intersecção cada vez maior entre a artesanalidade local com a alta tecnologia. Trata-se de um grande desafio. Não é uma coisa simples você conseguir traduzir a verdade desses artesanatos de uma forma autêntica e que seja explorado pela alta tecnologia. Ao mesmo tempo, esta intersecção entre o artesanal e o tecnológico é fundamental dentro de outros problemas. O mundo está vindo de um processo tão robótico, produzindo coisas tão baratas, que estamos entrando num colapso, tanto num sentido de poluição, quanto num sentido social, pois a cada robô que entra, quantas pessoas perdem seus postos de trabalho? A gente produz para que se tenha consumo, se poucas pessoas tiverem poder de consumo, vão ter poucos players lá na frente. É importante a geração de emprego, é importante o pensamento, a alma e a emoção das pessoas, assim como é importante esse diálogo entre as pessoas e a máquina”.
No terceiro ato, enquanto materialização do conceito, os ambientes do novo showroom e os highlights de lançamento são apresentados por Giselle Guarda, gerente de arquitetura, e José Ferro, gerente de desenvolvimento de produto. Ao longo dos quatro ambientes integrados – Cozinha, Adega, Home e Closet – estão materializados os fundamentos da Coleção Manifesto, numa interpretação que une, cores, texturas, geometrias, recursos de iluminação e mecanismos que vão levar funcionalidade e aconchego ao lugar que nunca, em toda nossa vida, foi tão importante: nossa casa.
Por fim, no quarto e último ato, a transmissão chega a Milão, um dos locais mais duramente impactados pela pandemia e cuja simbologia é muito forte entre os profissionais de arquitetura e design, o lugar onde “bebem da fonte”, para onde viajam todos os anos em busca de conceitos e inspirações. Através das letras de um poema intitulado Arquitetura em Manifesto, especialmente escrito para o evento e entoado diretamente da Galeria Vittorio Emanuele em Milão, a marca deixa sua mensagem final – uma ode à vida, à arquitetura e ao design, pela ressignificação de nossos tempos. O rosto escolhido para personificar a mensagem foi Mariana Martini, arquiteta com estúdio próprio em Milão e tutora de Design de Interiores do Instituto Marangoni.
Arquitetura em manifesto
(releitura de João Cabral de Melo Neto)
Arquitetura é a construção da vida diária
É crua como posicionar uma simples porta
É deixar de lado as que fecham, dividem os párias
Compreender a porta que se abre, recebe e conforta
É como erguer paredes
Não as que ilham, oprimem, cerceiam
Mas paredes sólidas, espaços que abrigam
Uterinos, confortando aos que receiam
Que fujam do opaco, do bruto
E deixem descansar o enrijecido concreto
O arquiteto liberta, torna livre do medo
Provê ao homem o claro e o aberto
É preciso contato, sentir luz e sabor
Que acalme o coração agora em brasa;
É aceitar uma vida companheira da dor
e ter o toque da vida sentido na casa
É respirar através dos cômodos
Encontrar um refúgio em um novo início
Aprender aqui nesta terra de tantos amigos (homenagem à itália, berço das artes e do design)
Como o berço do belo tornou-se suplício
O homem é arquiteto de seu próprio destino
Confinado a estas espessas paredes do passado,
Constantemente amurando o presente
Esperando que o pior há cessado
Porém, sou arquiteta
Desenho a realidade que transforma
Sou projetista do eterno e do intermitente
As decisões do agora irão ecoar no amanhã
Bloco por bloco, construirão o presente.
Este é meu manifesto.
Abrigo nos meus traços,
Projetos para todos os sonhos;
Lares para abrigar um novo dia;
E caminhos para um novo viver.
E assim se encerra a transmissão do evento, cuja concepção foi pensada como uma mensagem de otimismo e renovação, para que nesses tempos de grandes mudanças seja possível e necessário a coragem de nos reinventarmos, fazer diferente e fazer a diferença. Além do Instagram da própria marca, o evento foi transmitido em grandes canais de decoração do país – @casaejardim, @casacor_oficial e @casavoguebrasil – alcançando uma vasta rede de arquitetos, designers, consumidores, revendedores e admiradores.
Como pano de fundo, o evento encorajou, ainda, o engajamento social com o projeto Cozinhas Solidárias da ONG Gastromotiva, que pretende levar 80mil refeições comunitárias por mês durante a pandemia, a pessoas em situação de vulnerabilidade. Capitaneada pelo chef David Hertz, a ação consiste em um novo modelo de empreendedorismo social que empodera e remunera os cozinheiros de comunidades menos favorecidas, levando renda e alimentação aos que mais precisam. A campanha se estende até o dia 03 de junho angariando fundos para alcançar ainda mais pessoas e comunidades. O link para doação está disponível no site dellanno.com.br.
Sobre Campanha Dell Anno 2020 e Coleção Manifesto
Materiais, cores, superfícies, formas, geometrias – as diversas combinações possíveis no mundo da decoração estão prestes a entrar em novo grande ciclo de tempo. O ano que surge no horizonte, 2020, não deixa de ser um marco e nos remeter a cem anos de história, aos “anos 20” do século passado, onde, com o fim da Primeira Grande Guerra, o clima era de liberdade e efervescência cultural – Paris era o lugar onde as coisas aconteciam e de lá vinha a maior influenciadora da época: Coco Chanel. Pelas suas mãos, a moda da década rompe com os padrões vigentes, libertando-se dos espartilhos e adotando formatos soltos e cortes retos, silhueta cilíndrica e a cintura baixa – o visual “melindrosa”. O jazz e as danças ao estilo Charleston se proliferam pelos salões.
A moda e a dança sugerem movimento, liberdade, traduzindo a euforia da industrialização e do acelero daqueles tempos – foi a era da modernização das fábricas, da massificação da eletricidade, do carro, do rádio e do início do cinema falado, que criaram, principalmente nos Estados Unidos, um clima de prosperidade sem precedentes, constituindo um dos pilares do chamado “american way of life”.
No Brasil, vemos o movimento modernista culminando na Semana da Arte Moderna de 1922, tendo Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Mário de Andrade como as grandes expressões. No mundo, surge o dadaísmo em forma de protesto contra os estragos do pós guerra e, um pouco mais adiante, os surrealistas Salvador Dalí, Juan Miró e Pablo Picasso iniciam seus trabalhos em Paris.
Na arquitetura, surge o art déco com influências da arte oriental egípcia e asteca. Numa tentativa de romper com as características do design clássico e vitoriano do século XIX, assumia linhas circulares ou retas estilizadas, uso de formas geométricas, tons metalizados e ilustrações abstratas. O amplo uso de papeis de parede e tapeçarias se popularizaram. Peças passaram a ter ornamentos em bronze, mármore, prata, marfim e outros materiais nobres.
Passada a nostálgica retrospectiva, quais serão as provocações por vir nesses próximos “anos 20” do novo século?
O morar é o maior reflexo de nosso tempo. Assim como a diversidade de comportamentos dos saudosos anos 20 refletiram no novo viver, a Dell Anno se inspirou nestes “manifestos” para a diversidade do mobiliário em uma constante busca na mistura de materiais. Madeira, couro, pedra, tecido, vidro e alumínio se manifestam em elementos que definem um jeito de morar acolhedor e contemporâneo.
Com forte inspiração na moda, os tecidos, já muito presentes no portfólio Dell Anno, agora aparecem como estrelas da coleção através de uma leitura de veludo cotelê, do desenho do tweed, tecido consagrado por Chanel, além da trama de couro trançado inspirada na clássica marca italiana Bottega Veneta. Somando-se a eles, a marca apresenta também superfícies em material porcelânico, geométricos, madeiras naturais de grande personalidade e mais de 4mil possibilidades de cores em lacca.
Em toda a campanha podemos ver o mobiliário Dell Anno de forma moderna e minimalista, refletindo muita leveza, com linhas retas, ausência de puxadores e amplo uso de iluminação. Uma dezena de acessórios, gavetas e possibilidades de composição interna mostram maneiras sofisticadas de sermos mais práticos. As áreas funcionais se destacam pelas soluções encobertas, com modernos sistemas alemães e italianos de abertura em portas escamoteáveis, coplanar e de giro. Nos detalhes estéticos, as grandes “cerejas do bolo” para a concepção de projeto: prateleiras duplas com acabamento bisotê, prateleiras metálicas de espessura mínima de 3,5mm, e as possibilidades de uso do painel retroiluminado, dando amplitude especialmente para as bancadas de cozinha.
Estamos diante de um novo início de década sem precedentes. Momento em que, mais do que nunca nos voltamos “para dentro”, em que nunca exercitamos tanto o viver em nossos lares. Quais os anseios que estão por vir nesse “novo normal”? O amplo acesso à informação, às tecnologias, aos multicanais, transforma a pluralidade de gostos, aproxima o consumidor de leituras diversas, de diferentes formas de expressão. O consumidor de hoje está mais condicionado ao belo, ao diferencial no detalhe, a produtos com inteligência diferenciada. E hoje, mais do que nunca, está exercitando um novo olhar em torno do bem-estar, da comodidade, de materiais e funcionalidade.
Enquanto o mundo lá fora é uma incerteza, o lar deve transmitir o equilíbrio, a estabilidade emocional necessária para manter a verdade com ele mesmo, com sua identidade, se adaptar às multifunções que podem vir a ser absorvidas dentro de casa em definitivo, um espaço que melhor o traduza e que vai se estender sustentavelmente no tempo.
Ficha Técnica Evento Dell Anno
Criação e concepção: Edson Busin / @ebusin
Produção e filmagem Brasil: Augusto Custódio / www.augustocustodio.com / @augustoccustodio
Produção e filmagem Itália: Pablo Ruan / www.thisisconcept.io / @bypabloruan
Apresentação: Beth Venzon / @bethvenzon / @moda365oficial
Músico: Rodrigo Soltton / www.rodrigosoltton.com / @rodrigosoltton
Poema: Gabriel Alves / www.augustocustodio.com
Narração do poema: Arq. Mariana Martini / www.marianamartinistudio.it / @marianamartinistudio
Cenário: Unicasa Móveis, Bento Gonçalves / Galeria Vittorio Emanuele, Milão
Transmissão: @dellannooficial / @casaejardim / @casacor_oficial / @casavoguebrasil
Agência Comunicação: Themática / www.thematica.com.br / @thematicapropaganda
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