*Por Brunna Condini
Direto da Flórida, onde está com a família, Daniele Valente fala ao site do processo que percorreu até o livro ‘A pessoa mais feliz do mundo‘, no qual divide sua experiência com a fibromialgia, síndrome que provoca dores intensas por todo o corpo. Na obra, a escritora, atriz, roteirista e nutricionista holística certificada nos Estados Unidos – onde mora com o marido Christiano Cochrane e a filha do casal, Valentina, 12, desde 2015 – compartilha desabafos, os aprendizados, hábitos e tratamentos que a ajudaram a enfrentar a doença crônica. “O cansaço era grande, toda hora aparecia uma dor diferente no corpo e estava totalmente desmotivada para realizar qualquer coisa. Eu não sentia mais alegria em nada, me afastei dos amigos, não queria mais trabalhar, não conseguia ser a mãe que gostaria. Enfim, afetou bastante a minha vida”, lembra, sobre os momentos mais críticos com a fibromialgia.
Sentindo os primeiros sintomas da fibromialgia desde um pouco antes da sua mudança de país, Dani abre o coração sobre o momento mais difícil nesta trajetória com a doença. “Foi quando minha filha me chamou para brincar e eu disse que ela chamasse o papai, porque a mamãe estava muito cansada. E ela perguntou aos quatro anos de idade: “Por que você não gosta de mim mamãe?”. Naquele momento eu não consegui segurar o choro. E nem agora. Foi aí que eu pedi: “Deus me ajuda, porque eu não estou conseguindo”. Eu sei que não demorou muito e minha amiga Mina Nercessian me sugeriu procurar uma nutricionista holística, que tinha um problema autoimune e estava ótima devido à alimentação”, recorda.
Descobri que a saúde do intestino é fundamental para a saúde e o bem-estar. Quando temos uma microbiota equilibrada, vivemos em harmonia e é mais fácil alcançar momentos de pura felicidade”, elucida. “Dei esse título para o livro, porque no dia em que acordei sem dor e com energia, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo – Daniele Valente
Também devia ser muito difícil para a Valentina e o Christiano te verem sofrer, sem uma solução ainda, um tratamento…”No início eu ouvia muito da família o “reage”, “se anima”, porque não conseguiam entender o que estava acontecendo, nem eu entendia. A Valentina era pequenininha, ela me chamava para brincar e eu não conseguia sair da cama. O Chris levava ela para passear e eu ficava arrasada por não conseguir ir junto. Sou muito agradecida ao Christiano pela maneira que cuida da nossa família”.
Ela também fala do apoio da apresentadora Marília Gabriela: “Eu amo a minha sogra. Sempre tive o seu apoio e a compreensão. Claro que o apoio dela é fundamental na minha jornada de cura. O carinho da família e dos amigos é bom para a jornada de todos nós certo?”.
Mulher 40+
Aos 46 anos, motivada pelo infeliz episódio em Bauru (SP), em que uma universitária de 44 anos foi discriminada por algumas estudantes por conta da idade, Dani fez um texto em seu Instagram exaltando a potência das mulheres de 40+. “Aos 40 anos foquei na carreira de roteirista, estudei roteiro na UCLA e depois disso, todos os roteiros que escrevi foram vendidos e produzidos. Ah, também decidi depois dos 40 estudar nutrição holística e hoje tenho o UNA Method aqui nos EUA. Também estudo epigenética e comecei a fazer um curso na Melbourne University… Escrevi um livro que estou lançando agora… Enfim, só mesmo pra lembrar pra você: mulher de 40 anos, e acima, você pode ser quem você quiser”, postou.
E comenta aqui, sobre o episódio: “Quando vejo um assunto onde muita gente sai machucada procuro não focar no problema, e sim, na solução. Não gosto muito de dar opinião, pois opinião todo mundo tem e normalmente é uma expressão do ego e formulada com raiva. Prefiro a ação. Então só resolvi dar um incentivo para as mulheres de 40+. Quem sabe eu não ajudei alguém?”.
Para todo mal, a cura
Dani fala da ‘virada’ neste trajeto, que começou com a busca de um tratamento que foi realmente de encontro às suas necessidades. “Teve um dia em que pensei: “Acabou! Não tenho mais forças, minha energia vital está no final.” Foi aí que a Mina, minha amiga, viu que eu realmente estava mal e me apresentou uma nutricionista holística. Depois de alguns meses mudando totalmente meus hábitos alimentares, voltei a ter energia e a dor foi sumindo. Quando descobri o poder do alimento tanto para o bem quanto para o mal, resolvi estudar para me salvar, porque percebi que dependia de mim, e fiquei encantada com esse ‘novo mundo’. Fui pesquisando, estudando, tendo acesso às informações valiosas e pensei que não tinha como guardar isso só para mim. Precisava compartilhar, e se eu conseguir ajudar mais uma pessoa com isso, já valeu a pena”.
Como a nutrição holística vem transformando sua vida e o que ela pode fazer pelas pessoas? “Me transforma todos os dias. Cada vez que tenho mais energia para fazer coisas com a minha filha, trabalhar, me divertir com a família, quando estou sem dor, confortável no meu corpo, vejo o quão importante esse conhecimento é na minha vida. A nutrição holística pode ajudar as pessoas a terem uma melhor qualidade de vida, foi por isso que escrevi o livro ‘A pessoa mais feliz do mundo’, para poder levar essa informação ao maior número de pessoas. Era o livro que eu gostaria de ter lido quando fiquei três meses de cama devido à fibromialgia”.
A arte de misturar versões
Longe da dramaturgia nos últimos anos, ela admite alguma saudade da atuação. “Minha roteirista e escritora bebem muito na fonte da minha atriz. Com exceção do livro que lancei agora, que é a minha experiência pessoal mesmo, em tudo o que escrevo de ficção, minha atriz está interpretando cada frase, de cada personagem. Mas, às vezes, sinto saudades de atuar. Ando sentindo falta do teatro”, diz.
Vivendo bem a vida que construiu por lá, Dani Valente comenta sobre a rotina da família nos Estados Unidos. “É puxada, porque além de mãe, esposa e profissional, ainda sou dona de casa junto com o meu marido. Fazemos tudo, cozinhamos, lavamos roupa, levamos e buscamos nossa vida em tudo. Mas mesmo assim reservo um tempo para mim. Procuro começar o meu dia mais cedo para ter o meu momento de meditar, rezar, agradecer, me conectar, e aí inicio o meu dia. Acordo a Valentina e daí tem a preparação para escola. Nessa hora o Chris já está em alguma reunião no Zoom. Quando volto da escola da Valentina vejo a minha agenda do dia e vou riscando a lista. Na minha semana tem os dias da escrita de roteiros, um dia é para atender meus clientes do Una Method, o meu lado nutricionista. Mas todos os dias estou criando algum conteúdo ou estudando. Não trabalho mais no fim de semana. Sábado e domingo é para minha família e amigos”.
Pretendem voltar a viver no Brasil? “Ainda não pensamos em voltar. Gosto daqui do senso de comunidade, da escola pública da minha filha, de poder sair na rua sem medo de ser assaltada. Do Brasil sinto saudades da família, dos amigos e do teatro”.
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