Na volta do Mundo Mix ao Rio de Janeiro, coube a consultora de arte Evangelina Seiler dar seu toque cultural ao evento. Ao HT, a curadora do Mercado lembrou que essa não será sua primeira parceira com Beto Lago, criador do evento. “Nós já tínhamos trabalhado juntos no Lucky Strike Lab, nos anos 2000. Foi um evento super legal patrocinado pela marca de cigarro que envolvia moda, arte, vídeo e fotografia. Mas, agora, será a primeira vez que eu farei o Mundo Mix. Depois que o Beto voltou ao Brasil e retomou o projeto, ele me convidou para fazer o do Rio de Janeiro. Só que, para aceitar, tinha que ter cultura. Então, a partir daí, eu escolhi trazer o Pedro Seiler para fazer a curadoria de música, o Marco Teobaldo de arte, a Roberta Sudbrack na escolha dos foodtrucks e a Cápsula Gráfica que vão ser os editores.
Para montar sua equipe cultural e enriquecer o evento que rola neste fim de semana, dias 25 e 26, na Fundição Progresso, na Lapa, Evangelina Seiler contou ao HT que recorreu a sua experiência e uma busca pelos profissionais certos no mercado. “Eu estou nessa área há muitos anos e fiz uma pesquisa específica para o Mundo Mix. Eu conheço todas as pessoas que estão atuando nas diferentes áreas, e, principalmente, conheço a qualidade, seriedade e compromisso delas”, completou.
Outra ação de Evangelina à frente da curadoria cultural desta edição do Mundo Mix foi trazer o Coletivo Organicidade ao evento. Segundo ela, a proposta do grupo seguia a mesma ideologia da do Mercado de Beto Lago. “Eu achei que tinha tudo a ver, já que o Mundo Mix também trabalha com comportamento, meio-ambiente e os valores atuais. Ou seja, o Organicidade se preocupa com as plantas que nascem no espaço urbano e que podem servir para alimentação e tratamento. E isso eu achei que tinha tudo a ver com a proposta do Mundo Mix”, explicou.
Uma das razões que explicam o conhecimento cultural de Evangelina Seiler foi o período – de 2009 a 2014 – em que assumiu a direção da Casa França-Brasil. Para ela, que é do meio e entende do assunto, precisamos reconhecer que existem muitos movimentos culturais rolando pelas cidades. “Nós estamos com uma tendência de só olhar para o que não está acontecendo. Mas tem museus com exposições muito bacanas, espaços interessantes, como o movimento Jacarandá, na Villa Aymoré, e vários outros. São diferentes práticas culturais que estão tentando buscar as características locais de onde estão inseridas e se adaptar à nova realidade”, argumentou.
Ah, e outro assunto que a consultora de arte domina são os movimentos pró-mulheres. Durante a conversa com o HT, Evangelina afirmou que a mulherada já conquistou bastante progresso em relação ao passado. Porém, hoje, a luta não é só por elas. “Muitas artistas já vêm trabalhando esse tema desde os anos 1960 trazendo para a evidência a liberação da mulher. Mas isso é um discurso que já está tão estabelecido para a minha geração, que a gente já vem com outra carga em relação aos mais novos. A gente já teve tantas conquistas… Mas, é claro que tem que ter mais. Só que aí não é só a mulher. É uma conquista que, em geral, o ser humano está precisando atravessar, ultrapassar e transformar barreiras. Eu acho que a luta maior não é de gênero, e, sim, de uma atualidade. Eu acho que estão acontecendo mudanças muito rápidas e muito radicais em tudo o que nós conhecíamos. E, eu acho que a gente precisa estar atualizado e aberto para essas transformações”, declarou.
E, claro que a arte não poderia ser a arma mais adequada. Como Evangelina nos disse, através da expressão de um artista é possível materializar um pensamento que, muitas vezes, pode não estar claro nas nossas ideias. “Eu acho que o artista é uma pessoa que se isola, mas procura estar em contato com as situações políticas, sociais, ecológicas, filosóficas e psicológicas do mundo. E esse trabalho que ele faz dá ao artista uma conexão com o que está acontecendo e uma forma de diálogo com as outras pessoas. Essa obra de arte produzida vai ser vista por muita gente e vai materializar um pensamento individual, que pode não estar muito bem expressado para a própria pessoa”, refletiu a consultora de arte Evangelina Seiler.
Artigos relacionados