Cristiana Oliveira lança autobiografia: “Sofri muitas vezes para corresponder às expectativas dos outros”


Atriz, palestrante, empresária e, agora, autora do livro ‘Cristiana Oliveira: versões de uma vida’, Cristiana propõe ao público um reencontro com a autoestima, a partir das próprias vivências. Em entrevista exclusiva, ela fala deste percurso, dos aprendizados do caminho, da sua amizade e da torcida por Alanis Guillen, atual Juma Marruá de ‘Pantanal’, e avalia o momento. “Sobre atuar, expectativa não é o meu nome. Porque o não retorno da expectativa gera frustração. Sou realista. Só conto com contrato assinado. Enquanto isso, não faço planos. Penso no meu futuro com as realizações que têm acontecido, e outras que venham, serão bem-vindas. Porque vou continuar envelhecendo, e tomara que sim, então quero continuar tendo uma vida confortável, tranquila. Para mim, envelhecer é viver a minha vida no tempo que o universo quiser”

Cristiana Oliveira lança autobiografia: "Sofri muitas vezes para corresponder às expectativas dos outros"

*Por Brunna Condini

Mesmo longe da telinha desde ‘Topíssima‘ (2019), na Record, Cristiana Oliveira está mais ativa que nunca. Empresária, palestrante, e agora autora. Ela acaba de lançar sua autobiografia, ‘Cristiana Oliveira: versões de uma vida’, reafirmando que não tem vocação para o sofrimento e deseja compartilhar com os leitores os aprendizados do caminho, mesmo quando ele foi mais desafiador. Além da obra, o remake da novela ‘Pantanal‘, reacendeu a memória afetiva dos fãs e da imprensa, que tem disputado um espaço na agenda da inesquecível Juma Marruá. “É o relato da vida de uma mulher, que começou a ficar famosa quando já era mãe, de uma forma surpreendente. Uma ex-obesa na juventude. Falo no livro, de como isso bateu em mim, do que é verdadeiro e do que não é. E de como sofri muitas vezes ao longo da vida para corresponder às expectativas dos outros. Raramente às minhas. Isso é recorrente nas mulheres. Não mais em mim, porque já estou em outra fase, mas vejo muitas mulheres deprimidas com isso, porque gera um excesso de frustração. E tudo é pequeno diante da vida”.

Nesta entrevista exclusiva, Cristiana fala com sabedoria e franqueza da sua trajetória profissional, e das perdas e ganhos. “Depois dos meus 50 anos, estou em um período, que está durando, em que me sinto mais tranquila com tudo, com meu corpo. E também com as limitações físicas, por exemplo. Tenho cinco hérnias na coluna, lido com isso para me exercitar, mas nunca estive tão ativa. Estou feliz com tudo que está acontecendo. Independente deste período que voltei mais para a mídia. Tenho conseguindo um equilíbrio que está me deixando mais plena”. E acrescenta: “Aprendi a lidar com as coisas pesadas da vida. Perdi pai, mãe, e três irmãos para o câncer. Fora amigos, gente querida que se foi. Lidei muito com a morte de uns 15 anos pra cá. Vejo a vida de outra forma”.

 

 

 

Cristiana Oliveira lança 'Cristiana Oliveira: versões de uma vida', que lança nesta segunda-feira (9), na livraria da Travessa, de Ipanema (Reprodução)

A atriz lançou ‘Cristiana Oliveira: versões de uma vida’, na livraria da Travessa, de Ipanema (Reprodução)

Da inesquecível Juma da novela ‘Pantanal‘ de 1990 para cá, a atriz, que é mãe de Rafaella, 34 anos, Antônia, de 22, e avó de Miguel, descobriu empreendedora e palestrante. Apesar desta jornada na bagagem, aos 58 anos, Crica, como é chamada na intimidade, revela que se surpreendeu ao escrever o livro. “Estou sentindo muito orgulho, porque nunca imaginei que pudesse. Pensava: ‘Será que minha vida é realmente interessante?’ Toda vida é interessante e a minha é do cacete!. Importante para mim é ser verdadeira. O que não quis falar no livro, é porque não teve importância na minha vida, não ficou”.

"Tenho lidado bem com o passar dos últimos anos, até porque, quem não quer envelhecer vai morrer jovem, não é?" (Divulgação)

“Tenho lidado bem com o passar dos últimos anos, até porque, quem não quer envelhecer vai morrer jovem, não é?” (Divulgação)

Inesquecível

Por conta da agenda movimentada no momento, a atriz não tem conseguido assistir o remake de ‘Pantanal‘. “Conferi os primeiros capítulos, mas daqui a pouco maratono no Globoplay. O Paulo Gorgulho fazendo uma participação como um peão… ele que fazia o Zé Leôncio na primeira versão. Chorei. Voltou tudo. Olha, o Pantanal, sem viajar na batatinha, tem uma mágica que não dá para explicar. Racionalmente posso até te dizer com compus a minha Juma, mas não não vai chegar perto do que era, estando lá. O lugar te envolve, é inesquecível”, recorda.

Ela conta que se tornou amiga de Alanis Guillen, que faz a atual Juma Marruá, e que tem curtido muito o trabalho da atriz. “Ela está fazendo do jeito dela. Com sua voz, sua alma. Acho algo empírico, mas a Juma tem esse poder. Quando vi a foto da Alanis, disse que seria ela. Antes dela saber, senti que seria. Contei pra ela depois. Dali ficamos amigas de Instagram, depois o Globo Repórter produziu nosso encontro, e ficamos amigas. Torci e torço por ela. A Juma não é minha. Dei minha assinatura na época, lá em 1990. A Alanis está dando a assinatura dela”.

Cristiana e Alanis Guillen: "Quando vi a foto da Alanis, disse que seria ela. Antes dela saber, senti que seria. Contei pra ela depois" (Reprodução Instagram)

Cristiana e Alanis Guillen: “Quando vi a foto da Alanis, disse que seria ela. Antes dela saber, senti que seria. Contei pra ela depois” (Reprodução Instagram)

Cristiana deixa claro que acha desnecessário comparações entre as performances: “As pessoas falam da minha Juma, porque estou na memória afetiva delas. A importância do ‘Pantanal‘ de 1990 já se eternizou. Agora é outra versão, outra Juma. E a Alanis está fazendo lindamente. Ela é inteligente, ligada à natureza, estudiosa. Completamente diferente de mim na época (risos). Lembro que terminava as gravações, e queria ir pra Campo Grande, ver gente. Ficávamos muito isolados, só nós, equipe, elenco. Hoje é diferente para mim, sou ambientalista. Se me largar no mato, fico lá por meses, satisfeita”, diz a atriz, que é embaixadora da organização para preservação ambiental SOS Pantanal.

As Jumas: a de Cristiana e a de Alanis: "A Juma não é minha. Dei minha assinatura na época, lá em 1990. A Alanis está dando a assinatura dela" (Reprodução)

As Jumas: a de Cristiana e a de Alanis: “A Juma não é minha. Dei minha assinatura na época, lá em 1990. A Alanis está dando a assinatura dela” (Reprodução)

Com sabedoria, sem expectativas

Com mais de 30 produções no currículo, entre novelas e séries, Cristiana Oliveira tem orgulho de ter investido em suas outras versões, para além da atuação. “Mas desejo continuar meu trabalho como atriz, porque é atemporal, e porque acho que tenho muito para fazer ainda no teatro, no cinema e na televisão. As mulheres com mais de 50 estão plenas. O ator quando chega à essa idade, tem uma história para contar. Quero ser que nem a Cacilda Becker, morrer no intervalo do primeiro para o segundo ato”, diz.

“Mas adoro ser palestrante, empresária. São facetas minhas. E é exatamente o que o livro fala, das minhas versões. Sobre atuar, expectativa não é o meu nome. Porque o não retorno da expectativa gera frustração. Sou realista. Vibro quando a coisa está acontecendo. Só conto com contrato assinado. Enquanto isso, não faço planos. Penso no meu futuro com as realizações que têm acontecido, e outras que venham, serão bem-vindas. Porque vou continuar envelhecendo, e tomara que sim, então quero continuar tendo uma vida confortável, tranquila. Para mim, envelhecer é viver a minha vida no tempo que o universo quiser, e aprender. Envelhecer é tudo clarear no valor que damos para as coisas pequenas da vida, para as pessoas que estão em todos os momentos, na alegria e na tristeza. É olhar a vida com mais leveza, deixar as rugas rolarem. Se eu não quiser, faço algo. As rugas contam a minha história. Envelhecer é um privilégio!”.