Berta Loran comemora 90 anos, lança biografia e ganha exposição em sua homenagem no Rio. “Estou louca pra voltar a trabalhar!”


Noite de autógrafos aconteceu no dia em que a atriz e comediante completou 90 anos

São 90 anos de uma das personalidades mais queridas da nossa comédia brasileira. São nove décadas de história de uma mulher que soube se adaptar as dificuldades da vida. E sempre com muito humor, claro. Sabe de quem estamos falando? Berta Loran, a icônica portuguesa da “Escolinha do Professor Raimundo”. A comediante tem um currículo invejável para qualquer um da classe artística. Olha só: ela já trabalhou com nomes como Chico Anysio, Jô Soares, Bibi Ferreira e Dercy Gonçalves. E para compartilhar tanta história, a atriz lançou, ontem (23/03), dia de seu aniversário, a divertida biografia “Berta Loran: 90 Anos de Humor”, escrita pelo jornalista e produtor João Luiz Azevedo.

Berta Loran lança biografia ao lado da amiga Fernanda Montenegro e do autor Joao Luiz Azevedo (Foto: Divulgação)

Berta Loran lança biografia ao lado da amiga Fernanda Montenegro e do autor Joao Luiz Azevedo (Foto: Divulgação)

A festa aconteceu no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon, zona sul da urbe maravilha, onde Berta recebeu familiares e dezenas de amigos, entre eles a atriz Fernanda Montenegro, e fãs, que puderam acompanhar a inauguração de uma exposição em homenagem à atriz e um show muito bem-humorado com a participação dos atores Bemvindo Sequeira, Eliezer Mota, Jane Di Castro, Rogéria, Adrén Alves e Clarita Paskim. Lúcida e cheia de vida, ela conta que está cheia de planos, “Sou aposentada pela TV Globo, mas não me chamam para nada. Estou louca para voltar a trabalhar. Quero fazer uma novela no fim deste ano. Quero viver um personagem cômico”, conta ela, que esteve nas novelas “Cordel encantado” e “Cama de gato”. E pra quem quer saber o segredo para tanta vitalidade? Ela dá a dica. “Procuro estar sempre de bem com a vida, beber muita água e nenhum álcool”, revelou.

Filha de um alfaiate judeu que trouxe a família para o Brasil em 1937 fugindo do nazismo na Polônia, Berta Loran conta que, apesar de tudo, sua vida sempre foi uma comédia. “A história da minha família é muito engraçada! Não tínhamos muito dinheiro quando chegamos ao Brasil, por isso, jantávamos sopa de batata e repolho todos os dias. Era uma peidaria danada à noite! Era muito engraçado”, brincou ela. Falando do primeiro marido. “Ele tinha 51 anos e era pequeno. Tinha tudo pequeno, se é que você me entende”, brinca ela fazendo referência às partes íntimas do falecido.

Com a reprise no canal Viva da “Escolinha do Professor Raimundo” e “Viva o Gordo”, o público pode relembrar dela nas ruas e, claro, ela adora! “Eu andava esquecida, sabia? Agora, não posso mais sair na rua que as pessoas me reconhecem. Dizem logo: ‘Olha lá a portuguesa’”, conta, em referência à personagem lusitana Manoela D’Além-Mar, da “Escolinha”. E quando o assunto é atração, ela é saudosista. “Que falta que o Chico Anysio me faz. Ele era um profissional e uma pessoa incrível”, lembra. “Eu acho que a ‘Escolinha’ fez tanto sucesso, porque a gente chegava, sentava e ele dizia: ‘Gravando’. A gente não sabia o que ia dizer e a gente morria de rir”, contou Loran. E falando no humorístico, ela aprova a homenagem. “Eu achei muito bonito e muito interessante. Apesar dos atores serem de novela, deu muito certo”, disse.

Berta sempre apóia a causa LGBT. Nos anos 70, dirigiu espetáculos de revista com o elenco formado apenas por travestis. “Eu adoro os travestis. Se eu pudesse eu casava com uma. Só não casei porque elas não gostam, né?!”, brincou ela, que aproveitou para criticar os caretas. “As pessoas estão reclamando de tudo, hoje em dia. Qual o problema de ter beijo gay na televisão?”, questiona.

Na plateia, o ator Bemvindo Sequeira não poupou elogios à amiga. “A primeira pessoa que foi assistir meu espetáculo, quando eu voltei de Salvador, foi a Berta. Ela me acolheu e depois disso nasceu uma grande amizade entre nós”, disse. “Nós fizemos juntos a última peça dela ‘Pais Criados, Trabalhos Dobrados’. Eu fiz questão de participar do espetáculo para aprender os truques dessa atriz incrível que ela é”, revelou. Já Rogéria, sempre irreverente, disse que deve muito à amiga. “Eu não poderia faltar. Eu sou um produto de Berta Loran. Ela me ensinou a ser vedete, atriz e estrela em qualquer espaço. Ele é uma das minhas estrelas”, lembrou.

A exposição “Berta Loram – 90 Anos de Humor” fica em cartaz no Teatro Oi, Casa Grande, do dia 29/03 a 29/05, de terça a sexta-feira, das 10h às 18h e sábados e domingos, das 15h às 18h.