*Por Pedro Henrique Malta
Prestes a estrear como colunista em um programa de TV que será exibido nacionalmente pelo Canal Viva, o estilista Ronaldo Fraga foi um dos convidados do lançamento da coleção Inverno/2017 da tecelagem RenauxView, realizado no The Basement Pub, em Blumenau, Santa Catarina. Ao lado da colega de profissão Fernanda Yamamoto e de clientes de grifes líderes de mercado como Farm, Shoulder, Morena Rosa, Malwee, GataBakana, o estilista prestigiou o showroom especialmente montado para o preview dos tecidos da próxima temporada. Batizada de HYGGE – que significa felicidade, conforto e bem-estar, em dinamarquês -, a coleção de tecidos foi apresentada para o mercado da moda em uma atmosfera prazerosa e aconchegante. Reflexo do conforto dos novos materiais. É claro que, em meio ao ambiente acolhedor, HT bateu um papo com Ronaldo, que, desde o início de sua carreira, foi movido pelo aspecto político-cultural da moda e valoriza a matéria-prima nacional.
O estilista nos garantiu que há, sim, espaço para reflexão e debate nas passarelas, sobretudo nos momentos atuais. Para ele, a hora não é de polarização de um pensamento de direita ou esquerda, mas de abertura de um novo movimento – o que ele chama de terceira via. “Esse é o momento que a gente está vivendo. O mundo se transformou em uma panela de pressão. Essa onda de intolerância não está só no Brasil. É um reflexo no mundo inteiro”, analisou ele que, em seu último desfile na São Paulo Fashion Week, batizou sua coleção exatamente assim. A “Re-existência” desfilada na semana paulistana foi uma clara referência à situação dos refugiados do continente africano.
Já sabendo que seria alvo de críticas, o mineiro garantiu: foi preparado para os comentários. Para Ronaldo, o propósito foi disseminado com sucesso. “Não dá para ignorar a questão dos refugiados. É um momento em que, no que isso for resultar, daqui a 100 anos a gente vai ver como um momento histórico. É um momento pontual. E no Brasil não tem sido diferente. Então, se você pensa, deseja ou emociona com a moda, com o documento de um tempo, nada mais natural do que falar de temas espinhentos – e esse foi um deles. O desfile deu certo, teve repercussão internacional, mas eu já estava com meu couro de dinossauro preparado para as predadas de um tempo no qual elas vêm de todos os lados. Apesar disso, eu tenho sentido que as pessoas têm sido unânimes nessa questão. E não é somente a Europa que está se fechando aos refugiados. Ocorre em várias países de diversos continentes. O Brasil, com o seu povo cordial, também está fechado à diferença, ao refugiado e em todas as cidades. São tempos de uma nuvem espessa que vai passar, mas ela é pesada”, explicou.
TV Mulher
Ronaldo Fraga nos revelou que irá participar de uma reedição do programa “TV Mulher” – atração exibida originalmente na Rede Globo e que foi um grande sucesso na década de 80. “O programa foi um marco na mudança da mulher naquele momento. Na época se falava de sexo, de moda. Aliás, foi o primeiro da televisão a abordar a moda. Pela primeira vez, o Brasil viu ali um cara desenhando, que era o Clodovil. Depois foi o Ney Galvão, que é um caso à parte, porque ele trouxe solidez para história da moda e, infelizmente, hoje não é uma figura muito lembrada. Eu fiquei extremamente lisonjeado com o convite”, destacou.
A nova edição do “TV Mulher” será exibida no Canal Viva e contará ainda com a participação da psicanalista Regina Navarro Lins e da jornalista Flávia Oliveira, especialista em economia. A gravação do piloto foi realizada há 24 horas. A apresentação ficará a cargo da jornalista Marília Gabriela.
*O jornalista viajou a convite da RenauxView
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