Artefacto Edition 2022 (Foto: Victor Affaro)
A grande casa resplandece com o bronze, e todo o teto está adornado (…) pendem brancos penachos de crinas de cavalo, adorno para as cabeças dos guerreiros; proteção contra o dardo potente. As couraças de linho novo e os escudos côncavos estão amontoados. (…) Dessas coisas não é possível esquecer, desde que, primeiramente, empreendemos este trabalho. (Alceu)
A etimologia aponta caminhos possíveis para explicar a psique. Uma das possibilidades revela a tradução de “alma”, “sopro vital” ou “vida”. O mito de Eros e Psiquê é dos mais lindos e retrata a união entre o amor e a alma. Mergulhando no universo da Grécia e sua mitologia, Patrícia Anastassiadis – com seus traços suaves e líricos (a poesia lírica nasceu na Grécia Antiga) – assina a coleção Edition 2022 da Artefacto, traduzida na sinergia entre respiro, vida, e alma. Para isso, a premiada profissional, eleita internacionalmente a Designer do Ano em 2021, lança mão da palavra em sua raiz grega, “Psyché”– escrita assim, transliterado do grego. E não poderia ser de outra forma. Para Patrícia Anastassiadis, que também possui raízes helênicas, ter a Grécia como inspiração é “resgatar um momento da história em que a humanidade era capaz de transformar a natureza com equilíbrio e racionalidade por meio de uma conexão intensa”.
A inspiração na Grécia Antiga é impressa através da cultura, da histórias e das formas arquitetônicas. Para desenvolver a quinta coleção com exclusividade para a Artefacto, Patricia Anastassiadis apresenta móveis manufaturados a partir de matérias-primas naturais, que vão desde cadeiras, poltronas e peças de apoio, sofás a mesas e objetos multifuncionais. “O que extraímos desse período de reclusão e confinamento?”, indaga Anastassiadis. E ela frisa: “Tivemos uma aproximação maior com os objetos e desenvolvemos uma relação e um entendimento da casa multifuncional – reaprendemos a aproveitar os espaços, buscamos a verdade das pessoas, procuramos entender como será a vida no futuro”. Já pontuei aqui que Patricia Anastassiadis alinhava sonhos – narrativas oníricas, cuja palavra tem sua origem a partir do grego óneiros – design atemporal, ênfase no orgânico e no natural para uma casa que ampliou suas finalidades em ambientes indoor e outdoor.
O DNA da Artefacto é o fatto a mano, o orgânico com design único. O resultado da equação é o seguinte: as novas tecnologias oferecem elevada resistência, ergonomia e a qualidade/durabilidade dos produtos. O fatto a mano é uma chancela da Artefacto repleta de criatividade, traços livres e repletos de leveza.
Artefacto Edition 2022: “Uma coleção composta por elementos livres, valorizando a arte e as pessoas”, diz Patricia Anastassiadis (Foto: Victor Affaro)
Falar de “casa” é falar de raízes. Fundamentos. Fundações. Que uma casa pode ser multifuncional, mas que um lar é composto pela subjetividade das paixões e das memórias. O passado, presente e futuro estão cada vez mais latentes como uma alquimia dentro de cada um de nós e são reflexo de tempos repletos de transformações tecnológicas e um renascer de ideias com mudanças de mindset da sociedade. Reaprendemos a viver e também a conviver em um mundo phygital nesse ano e meio, no qual a informação está tão rápida, que é importante entender a posição do ser humano em relação ao tempo e ao espaço.
O fazer artístico de Patrícia Anastassiadis transcende os níveis: É consciente por dialogar com o mundo interior e exterior de uma pessoa. É inconsciente quando resgata heranças da espécie humana: sentimentos, lembranças e pensamentos. “As pedras naturais entram com força nesta coleção – são materiais atemporais, que resultam em traços precisos”, diz Anastassiadis. No mobiliário, a energia feminina é tácita. Um átomo dessa força-mulher se insere nesta mistura e há uma sinergia com as estatuetas cicládicas gregas, esculturas de pedra polida e mármore, muito apreciadas, de grande simplicidade e elegância, representando figuras humanas com traços esquemáticos e abstratos e que inspiraram gênios como Modigliani e Giacometti. É a arte em primeiro plano e que na Edition 2022 foi materializada, por exemplo, na mesa de jantar Minos.
As mesas laterais Calliope, Euterpe e Thalia (que remixam rochas naturais com acabamento high gloss), além de outros móveis emblemáticos como a mesa de centro Midas (construída a partir de pedras naturais e com tampo elaborado em chapa de couro fino) e a ultra-versátil mesa lateral Fylla, composta por três peças sobrepostas em alturas e formatos diferentes, “são peças que tem uma missão para além da ergonomia: quero estimular o diálogo e o convívio entre as pessoas – fundamentos que são a base da civilização grega”, sinaliza Anastassiadis.
Artefacto Edition 2022: mesa lateral Fylla. inspirada no movimento das folhas usadas nas coroas de louro (Foto: Victor Affaro)
“Para os estofados, busquei criar uma relação mais curvilínea e mais solta, composta por elementos mais livres, sempre enaltecendo a simplicidade dos desenhos e valorizando a arte”, reitera. Figurinos gregos servem de referência para móveis, de modo que o que originalmente era um “pano trançado, em conexão com a técnica da moulage na moda” confere ao vidro a mesma flexibilidade – a mesa lateral Louise Plissé, da coleção Psyché, por exemplo, é inspirada nos plissados das vestimentas das esculturas femininas do período clássico grego.
Platão afirmou que a dialética é a responsável por estabelecer o diálogo entre a alma e o pensamento. Discípulo de Sócrates, o filósofo mostrou que o ser humano é composto por uma dualidade chamada de psicofísica: corpo (material) e alma (imortal). Patrícia Anastassiadis, lançando mão de alquimias entre o pensar os espaços, a sinuosidade do mobiliário, a pluralidade de texturas fez a mais profunda viagem para uma narrativa na qual a Psique é protagonista. E você, leitor, pode dar vazão a um horizonte de reflexões ao conferir in loco a Edition 2022 da Artefacto.
Sofá EOS
As linhas do sofá seguem as leis áureas de proporção ao mesmo tempo que criam a leveza e grandiosidade da peça.
Poltrona NYX
Variação individual do sofá Eos, a forma busca seguir a ergonomia do corpo humano.
Poltrona Pollux
Encontro de formas geométricas puras com emoção e o gesto humano (costas em madeira torneada)
Mesa Euterpe, Thalia e Calliope
As mesas foram batizadas em homenagem as musas das artes, sua forma faz referência às Cariátides, que são figuras femininas esculpidas que tomam o lugar das colunas em monumentos da Grécia antiga.
Mesa de Jantar Minos
Sua forma vem das esculturas milenares da arte Cicládica que se originaram na região do mar Egeu.
Mesa de Centro Delphi
A estrutura da mesa remete aos encaixes das pedras utilizados na arquitetura grega revisitados de forma contemporânea misturando materiais.
Mesa Lateral Fylla
Inspirada no movimento das folhas usadas nas coroas de louro.
Cadeira Living Daphne
Sua concha foi inspirada nos plissados das esculturas femininas da Grécia antiga e é pousada em uma leve estrutura de madeira torneada.
Mesa Lateral Louise Plissê
A variação da mesa foi criada inspirada nos plissados das esculturas femininas da Grécia antiga.
Artigos relacionados
Exposição da icônica obra da arquiteta modernista Lina Bo Bardi em conexão com a coleção da label Alexandre Birman
Padre Reginaldo Manzotti lança livro, fala sobre fé, a cura de sua saúde, o cuidado com dores da alma e exposição
Thalita Rebouças para maiores: escritora lança livro para mulheres maduras e projeto audiovisual sobre menopausa e sexo
