Um dos grandes destaques do Festival do Rio, “A floresta que se move”, de Vinícius Coimbra, é uma livre adaptação de “Macbeth”, obra de William Shakespeare. O diretor, já premiado no evento com “A hora e a vez de Augusto Matraga” e ganhador do Emmy Internacional pela novela “Lado a lado”, em 2013, volta às telonas para contar a história do bem-sucedido empresário Elias (Gabriel Braga Nunes). Executivo de um dos maiores bancos do Brasil e casado com a ambiciosa Clara, vivida por Ana Paula Arósio, que fez seu retorno aos holofotes em grande estilo, tem seu destino mudado quando uma vidente afirma que se tornará o presidente da empresa.
A partir daí, a mulher arquiteta um plano para que o marido suba de posição, que culmina em vários assassinatos e levanta a questão da busca desenfreada por poder. “Esse filme é um sonho antigo meu de adaptar uma obra de Shakespeare. Macbeth cabe bem nos tempos de hoje”, definiu o diretor, endossado por Ana Paula Arósio: “No mundo atual, as pessoas são tão obcecadas por poder e pela conquista de sucesso que, se percebermos, há reflexos disso a nossa volta a todo momento”, disse.
A atriz, aliás, atribuiu ao personagem e ao cuidado do diretor sua volta às telonas. “É muito bom voltar ao cinema. O Vinícius tem uma direção cuidadosa e sensível. Tivemos ensaios intensos que foram essenciais para chegarmos à filmagem mais soltos”, disse ela, que já havia acompanhado o trabalho do vencedor do Festival em 2011. “Eu vi o outro filme e é uma obra de arte. Fazer uma história tão densa e maravilhosa dessas com esse cuidado que eu sabia que ele teria foi irrecusável”, analisou. O diretor, no entanto, acredita que foi Shakespeare quem a fez retornar. “O mérito é dele. É uma das personagens mais importantes da dramaturgia mundial”, declarou Vinícius.
Além de Ana Paula Arósio e Gabriel Braga Nunes, o elenco conta com os nomes dos talentosos Nelson Xavier, Ângelo Antônio e Fernando Alves Pinto, que Vinícius fez questão de elogiar. “Consegui um elenco talentoso para uma obra difícil e estou muito feliz com o resultado, tomara que o público goste também”, disse o diretor, que tem prazer em levar cultura ao espectador. Enquanto “A floresta que se move” é baseado na tragédia do maior romancista do mundo, o anterior “A hora e a vez de Augusto Matraga” contou a história de Guimarães Rosa e marcou o ingresso de Coimbra na indústria cinematográfica. Ele, que é formado em publicidade, deixou claro durante seu discurso, quando levou o troféu Redentor de melhor longa-metragem em 2011, que a carreira contribuiu muito para o sucesso atual. Perguntado se há pressão em relação ao novo filme, foi enfático: “Já tive a sorte de ser premiado e tenho muito carinho pelo Festival do Rio. Para mim, é uma honra estar aqui de novo”. Para nós, é talento.
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