*Com Lucas Rezende
O caminho percorrido pela trinca BR 116 + RS 239 + RS 115 (esta última recém liberada após interdição para obras de infraestrutura) é o suficiente para fazer a sensação térmica pedir mais um casaco (segundas peles, cachecóis e luvas nun-ca serão demais, ok?) e os vidros embaçarem em relação à chegada ao Aeroporto Internacional Ministro Salgado Filho, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O percurso da capital gaúcha até Gramado, nosso destino final a convite da prefeitura da cidade turística com suporte do Grupo Brocker Turismo, vence os 120 km – facilmente, bom dizer, já que a estrada é um tapete digno do Palácio de Buckingham. A recepção é com termômetros pouco ultrapassando os gélidos 10ºC – afinal, estamos na Serra Gaúcha e, à noite, serração (ou névoa, como preferirem) pouca é bobagem.
E nem a neblina que lembra o Big Smoke londrino, na calada da madrugada, nos impediu de entender, ainda no centro da pequena e aconchegante Gramado, um monumento em meio a um dos cruzamentos já dando o papo: estamos na cidade do cinema, do chocolate e do Natal Luz. O Kikito – símbolo criado pela artesã Elisabeth Rosenfeld que acabou virando o prêmio máximo concedido aos ganhadores do Festival de Cinema de Gramado -, faz companhia a ovos de Páscoa – a antiga ChocoFest se transformou no Festival de Chocolate de Gramado, à época da festa católica, devido às inúmeras fábricas de delícia do cacau -, e símbolos natalinos. Este último, aliás, merece destaque: o Natal Luz de Gramado, que é realizado a partir de outubro, é repleto de apresentações de cunho natalino e cenografias mil, para deixar qualquer Grinch feliz.
Já que demos uma geral pela cidade, pegamos o rumo da Avenida das Hortênsias e fizemos a primeira parada no Dreamland Museu de Cera. Trata-se do primeiro museu de cera da América Latina, com um braço semelhante na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná. Ideia do Dreams Entertainment Group, que também comanda pontos obrigatórios em Gramado como o Super Carros, o Harley Motor Show e o Hollywood Dream Cars – Museu do Automóvel. Para ter acesso a uma área de mais de 1.000 m² e 17 cenários diferentes do Museu de Cera, o turista precisa desembolsar R$ 50 pelo passaporte – crianças entre cinco e 12 anos pagam metade. A fila para entrada é bem ágil – mesmo em feriados -, e o melhor: filmagens e fotografias são super liberadas. Só basta respeitar o isolamento dos cenários.
Pois bem. No quesito reprodução facial, figurinos e altura, o Museu de Cera de Gramado não deixa nada a dever aos “parentes” gringos. Silvio Santos, Muhammad Ali pronto para um jeb-direto, Mussum, Albert Einstein lecionando, Psy no ritmo do “Gangnam Style“, Marilyn Monroe e seu tradicional vestido branco, Amy Winehouse de microfone na mão e flor na cabeça, Lady Gaga à la “Poker Face”, Elvis Presley e sua guitarra transpassada, Ronaldinho Gaúcho devidamente traçado com uniforme da CBF, Ayrton Senna de capacete na mão, Beyoncé e Michael Jackson surgem da forma mais apropriada possível: a que a fez marcar cada personalidade na mente da grande massa. Os cenários, por sua vez, caminham de acordo com setores: cantores – Elton John, por exemplo, está tocando piano -, astros do cinema (com destaque para uma turma expert em fazer terror nas telonas como “Jack, o Estripador”), esportistas, super-heróis (Mulher Gato e Batman, por exemplo), desenhos animados (Homer Simpson e Bob Esponja são presenças notáveis) e por aí vai.
Vale dedicar tempo, flashes, sorrisos e filmagens para a terceira leva de estátuas. O motivo? É onde está fincado o Wicked Wench (algo como Rapariga Má em português), barco capitaneado pelo Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) na franquia “Piratas do Caribe”. Enorme, trabalhado em riqueza de detalhes – na entrada, crocodilos estão a postos -, ele abriga a turma do… Capitão Gancho, o vilão do “Peter Pan”. Não, a gente não trocou as bolas. O intercâmbio de mundos é um bom desafio para a imaginação do Museu de Cera. Pelo barco, você encontra Sininho, Miguel Darling e… Harry Potter voando na vassoura, Blue, do longa animado “Rio”, e até o elfo doméstico Dobby, que pertencia a Lucio Malfoy no filme de bruxarias. Tudo no mesmo “universo”. E, para entrar ainda mais na brincadeira, que tal produzir sua própria mão em uma mini estátua de cera?
Pois é possível. Com pagamento à parte, dois funcionários mergulham as mãos dos frequentadores em duas plataformas para produzir o molde de cada mão – os mais apaixonados mergulham juntos. Há quem faça o “hang loose”, há quem prefira o sinal de “beleza” ou vá além: pinta e borda, literalmente, a produção final com cores mil. No fim das contas, a arte pode virar abajur, porta-anel (é só deixar o indicador apontado na hora do mergulho, darling) ou apenas como ornamentador de ambiente. A fila demanda um tempo maior, já que cada moldura de cera precisa de capricho máximo – tem a secagem, por exemplo. Ou seja: já chegue lá programando uma paciência a mais, se quiser levar a lembrança para casa.
Falando em lembrança… o cenário final, com grandes nomes do poder executivo a nível mundial, é mais uma chance de eternizar a visita. O tradicional Salão Oval da Casa Branca é palco para um foto especial – onde você é, por alguns instantes, o presidente dos Estados Unidos, e, automaticamente, o ser humano mais poderoso do mundo. Atender ao telefone do democrata Barack Obama e se sentar na famosa cadeira com o pé na mesa são as poses mais convencionais. Ao final, você escolhe qual clique achou melhor – bem como de todo o restante do passeio. Porque imaginação fértil nunca é demais.
Em tempo: nossa viagem por Gramado continuará nesta série.
Agradecimentos:
Prefeitura Municipal de Gramado – www.gramado.rs.gov.br
Grupo Brocker de Turismo – www.brockerturismocom.br – + 55 54 3282-5400
Artigos relacionados