Não é de hoje que HT tem reparado na profusão de programas culinários que vem assolando as grades de programação das maiores emissoras do país, pagas ou abertas, com uma variedade incrível de subgêneros: reality show, fitness, comidas saudáveis etc. Parece até que a cozinha transformou-se no cômodo-fetiche dos brasileiros. Mas eis que surge o “Cozinha na Laje”, novo programa do canal Food Network, apresentado pelo carismático Pedro Benoliel, com uma proposta diferente do que foi visto até agora.
O formato é esse mesmo que você imagina pelo nome: o chef sobe até o Morro do Vidigal, onde faz as melhores receitas de boteco do alto da laje do Carlão, sempre levando convidados ilustres dos melhores estabelecimentos cariocas, como Leandro Amaral e Luiza Souza, do Bar da Gema, que servem para o tema do primeiro episódio. A proposta é interessante: o canal pago norte-americano, que chegou aqui ainda em novembro do ano passado, ao invés de fazer como a maioria avassaladora dos formatos citados acima, preferiu desenvolver um novo formato para o seu quarto programa produzido no Brasil, algo que soa e parece mais condizente e alinhado à nossa realidade.
Por 15 dias, Pedro gravou lá de cima da laje os 10 episódios da primeira temporada, misturando receitas com momentos de descontração entre amigos e convidados ao som de alguma banda, intercalando cenas em que vai a lugares como a Lapa ou a Feira de São Cristóvão em busca de ingredientes. Quem o vê na tela, raramente desconfia que ele era “virgem” de câmeras, como comenta com os convidados de um almoço exclusivo no Jardim Botânico, no aconchegante Prosa na Cozinha. Filho de Monique Benoliel, dona de um dos melhores e mais tradicionais buffets do Rio de Janeiro, o rapaz de 28 anos é tão natural em frente as lentes quanto na cozinha.
Claro que, além dos genes, Pedro tem uma experiência impressionante para sua idade: já trabalhou em restaurantes de Israel, França (onde passou pela cozinha do restaurante da Torre Eiffel), Espanha e, no Brasil, esteve à frente do elogiado Zazá Bistrô, em Ipanema, e do Le Pré Catelan, em Copacabana. Mas apesar de tudo isso, ele conta para HT que prefere fazer receitas descomplicadas, não é fã do raio gourmetizador que tem atacado a cidade e tem prazer em cozinhar para os amigos.
Abaixo, você conhece um pouco mais sobre Pedro Benoliel, descobre qual seu prato preferido, como foi entrar para a vida de chef tendo a responsabilidade de carregar o sobrenome da mãe e como foi gravar o “Cozinha na Laje”, que vai ao ar todas as terças-feiras, com os episódios disponibilizados online em seguida. vem com a gente:
HT: Como tem sido a experiência de cozinhar pela primeira vez em frente às câmeras?
PB: Eu era “virgem” de câmera, mas sempre disseram que eu deveria fazer algo na TV. Eu me assisto e acho que estou bem natural. A proposta é fazer um programa bem leve e engraçado, que seja como eu mesmo.
HT: Você já tinha cozinhado numa laje, em cima do Vidigal, antes? Como foi isso?
PB: Tudo muito confortável. Passamos 15 dias lá em cima e eu fui bem à vontade, tive carta branca para fazer tudo o que quisesse lá. Tem até uma cena bem humorada que gravamos para a abertura, onde eu tomo banho na laje e fico só de cueca. Aí todo mundo começou a aplaudir e gritar, eu cheguei até a dar tchauzinho para o pessoal. Eles entenderam que não era nada desrespeitoso, nós explicamos antes.
HT: Como foi a sua trajetória na cozinha e como decidiu seguir essa carreira?
PB: Minha primeira experiência foi em Israel, como assistente de cozinha. Voltei para o Brasil com 20 anos e minha mãe falou: ‘agora acabou a brincadeira’ (risos). Então passei pelo Zazá Bistrô, por quatro restaurantes em Paris, fiquei um ano em Barcelona e outro ano trabalhando só com sobremesas.
HT: Qual foi a reação da sua mãe quando você disse que também queria ser cozinheiro?
PB: Ficou feliz, porque sabia que eu seria o primeiro filho a seguir a profissão. Nós mantemos um diálogo muito aberto e eu tenho confiança no que eu quero. No buffet, há uma tendência de renovação e eu sou o hortelã da limonada dela (risos). Mas ainda há muito coisa para a minha mãe fazer antes de aposentar.
HT: Você está preparado para lidar com o assédio que vai ter depois que o programa for ao ar?
PB: Eu não me acho bonito. Olha o tamanho desse nariz! (risos). Eu acho que ser bonito pode ajudar um pouco na questão de envolver. Mas eu posso mostrar que não sou só mais um rostinho bonito.
HT: O que acha dessa onda de gourmetizar tudo quanto é comida, tipo churros, brigadeiro, cachorro quente etc.?
PB: Ser blasé é muito chato. Não tenho tesão nem prazer em cozinhar algo desse tipo. Respeito quem faz, mas não é a minha praia. Gosto de fazer um buffet super simples, viajar, conhecer pessoas novas e absorver ao máximo essas experiências na cozinha.
HT: Qual o seu prato preferido?
PB: Eu gosto muito de comida oriental, mas saio para comer! (Risos) Também sou fã da culinária mexicana, com bastante tempero e pimenta.
HT: Quais são seus projetos para a cozinha? Já pensou em abrir o próprio restaurante?
PB: Eu não quero ter restaurante. Quero sair da cozinha, proporcionar algo de diferente com o qual eu possa me preencher.
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