Uma história, que começou no fim dos anos 90 quando a família Carneiro era dona de uma rede de fast foods em Belo Horizonte e decidiu verticalizar a produção de cerveja servida na rede, chega a 2017 em um momento muito especial. A comida rápida ficou para trás e o que era só um acompanhamento virou o carro-chefe e se transformou em uma das cervejarias mais respeitadas do mundo: a Wäls, naturalmente mineira e deliciosamente brasileira. Foi para conhecer esta trajetória dos nomes por trás da cervejaria, os irmãos Tiago e José Felipe Carneiro, de 31 e 34 anos, e para ver de perto o novo empreendimento da marca – que agora é parceira da Ambev -, o Ateliê Wäls, foi que o site HT desembarcou em Belo Horizonte para um dia inteiro dedicado às criações da marca na semana passada. O novo espaço é um centro de inovação cervejeira cravado entre as famosas montanhas de Minas, em Belo Horizonte. Se do lado de fora o visual é de tirar o fôlego, a parte interna não poderia ser diferente: uma verdadeira obra de arte que mistura design, arquitetura, tecnologia e primorosas receitas (algumas exclusivas do Ateliê). Um paraíso para os apaixonados por cerveja! “Quando a gente iniciou esse processo, teve o sonho de ser a melhor cerveja do mundo, e a gente faz isso todo dia. Todos os dias a gente quer ter a melhor cerveja do mundo. Estamos trabalhando pela revolução da cerveja”, disse Tiago Carneiro, que tem no currículo tantos prêmios – como o de melhor cerveja do mundo na edição de 2014 da Copa do Mundo da Cerveja – quanto amor pelo que faz.
“Lá atrás, no fim da década de 90 e começo dos anos 2000, tivemos a revolução do processo cervejeiro, com novas técnicas de refermentação. Inovamos utilizando ingredientes nacionais nas receitas, criando novos sabores e nos especializando. Agora, apostamos em uma evolução e queremos fazer isso junto com os nossos consumidores, em uma plataforma aberta e inovadora, que é o Ateliê Wäls. Não é novidade que buscamos fazer arte com a cerveja e de forma colaborativa” explicou Tiago, que viu o potencial crescer quando se associaram à Ambev em 2015, eles têm rodado o mundo conhecendo cervejarias, se especializando ainda mais no assunto, e agora trazem para a capital mineira o novo conceito que a Wäls enxerga para este mercado. “Por meio da Ambev, tivemos acesso à tecnologia e profissionais de ponta do mercado cervejeiro, além de ingredientes exclusivos, conhecimento técnico para novos produtos e capacidade de investimento. Fazemos parte da maior cervejaria do mundo e isso é essencial para realizarmos grandes projetos, como este. A melhor parte é poder unir o melhor dos dois mundos. Aplicar talentos um nos outros. Cada um foca energias no que sabe fazer de melhor. Antes a gente tinha um nome, agora temos nome e sobrenome” reforçou Tiago, em papo com o site HT antes da inauguração oficial do Ateliê, que rolou na quinta-feira e já lotou o fim de semana inteiro.
Logo na entrada, a arquitetura imaginada por Gustavo Penna, responsável por projetos icônicos de Minas, como o Memorial da Imigração Japonesa, na Pampulha, o novo Estádio do Mineirão e o Centro de Convenções de Inhotim, já impressiona. São centenas de ripas de madeiras inteiras formando um grande ângulo em uma estrutura que remete a uma escultura e serve de porta de entrada para o maravilhoso universo da Wälls, que fica alguns andares abaixo. O espaço de 1.900 m² é dividido em ambientes modernos e harmonicamente conectados – acesso superior, tasting room, loja, adega, barrel room e escritório. Para evidenciar a vanguarda da marca e novo conceito que propõe, foram usados elementos do dia a dia da cervejaria como rolhas, garrafas, bolhas, barricas, metal, madeira e concreto. “Esse projeto só vem afirmar que cerveja e arte andam juntas, por isso criamos uma experiência completa, usando todos os sentidos. Entre os elementos deste universo cervejeiro explorados na construção do espaço, destaco o tonel desdobrado, que impacta o público logo na chegada, um balcão avermelhado na cor de uma cerveja IPA, cortinas e rosários de rolhas, luminárias de bolhas e milhares de garrafas dispostas em prateleiras exclusivamente projetadas. É na simplicidade e na busca por aquilo que há de mais genuíno que criamos este espaço, de Minas Gerais para o mundo. A cerveja é incrível, o ambiente também. Aqui é a casa da cerveja” exalta o arquiteto.
Apesar de moderno e arquitetonicamente inovador, o Ateliê mantém seu foco na produção artesanal e de qualidade, usando a seu favor novas técnicas, como o cruzamento dos processos de vinho e cerveja, ingredientes especiais e tecnologia de ponta. “Estamos abrindo uma porta que dificilmente será fechada depois. Há oito anos temos usado a técnica de envelhecimento e aprimorado nossas receitas em barricas. Agora, vamos para este novo passo com a ampliação dos rótulos e técnicas, em um formato inusitado” ressaltou José Felipe Carneiro, que também é mestre cervejeiro da marca, sobre os mais de 100 mil litros de bebida estão envelhecendo e fermentando no maior barrel room da América Latina e dedicado apenas ao envelhecimento de cervejas.
Entre as centenas de barricas que compõem o espaço, são cerca de 12 tipos de madeira, que vão desde carvalho francês e americano, até alguns feitos com a madeira brasileira umburana. Além de barricas usadas, que já armazenaram whisky, vinhos (tinto e branco), bourbon, cachaça e conhaque, a Wäls aposta ainda em um novo método utilizando barricas novas, uma prática nada comum no universo da cerveja. Outra novidade são as duas barricas especiais que serão usadas na produção de uma linha exclusiva de sour beer. “Além de novos sabores, o envelhecimento em madeira proporciona elegância e potência à cerveja. Algumas, inclusive, deixam o líquido com textura mais aveludada” explicou José Felipe. A ideia é propor um cruzamento de sabores inovador e complexo, inclusive no processo champenoise e com cervejas feitas especialmente para guarda. Essas últimas, ganham destaque em uma adega com mais de 20 mil garrafas, localizada sobre a loja do Ateliê. As demais receitas produzidas pela Wäls, como as mundialmente premiadas Dubbel e Petroleum, continuarão sendo produzidas na cervejaria, no bairro São Francisco, também na capital mineira.
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