Depois de quase quatro anos de portas fechadas, uma reforma milionária e um incêndio, o lendário hotel Ritz Paris voltou à ativa nesta segunda-feira, na praça Vendôme, coração da capital francesa. A partir de agora, o estabelecimento, inaugurado em 1898, contará com 142 quartos e suítes, mas, enquanto os acabamentos finais das obras não são concluídos, o Ritz pretende colocar à disposição dos clientes apenas 86 suítes. Os trabalhos de renovação, que pasmem, custaram cerca de 200 milhões de euros, também incluíram a criação de um restaurante de verão, a ampliação do salão de baile e a integração de tecnologia de ponta nos quartos.
“O hotel se manteve por 114 anos sem parar, mas não se pode negar que a tecnologia mudou muito. Nós precisávamos atualizar tudo, da pressão da água até o sistema de ar-condicionado”, explicou o gerente geral do hotel, Christian Boyens, ao “The New York Times”. “Desejamos conservar o espírito tão apreciado pelos nossos clientes. O Ritz de ontem é o de hoje. O estabelecimento ressalta a conservação de 80% do mobiliário, das mesas, das poltronas e das mesinhas de cabeceira” afirmou.
A modernização, no entanto, não fez com que o Ritz perdesse sua alma clássica. A decoração continua baseada no século XVIII, mas com toques mais leves. Porém, a grande novidade é o spa Chanel — o primeiro da maison, com sete salas para tratamentos. A renovação foi comandada pelo designer e arquiteto francês Thierry W. Despont, que tem escritório em Nova York, nos Estados Unidos. Depois de anos sob os cuidados da família Ritz, o hotel foi vendido em 1979 para o empresário egípcio, Mohamed al-Fayed que, com o tempo, agregou diversos adventos tecnológicos ao local. Vendo que o estilo não combinava com o perfil clássico do Ritz, em 2012, decidiu fechar o hotel para trazê-lo de volta à forma original.
Apesar do grande buxixo da reabertura, somente os clientes do hotel poderão entrar no estabelecimento. Os três bares e os três restaurantes abrirão ao público a partir do próximo fim de semana, segundo uma fonte do setor. Falando no setor alimentício, a cozinha será dirigida pelo chef Nicolas Sale, de 43 anos. O hotel agora oferece dois restaurantes gastronômicos: o Le Jardin de l’Espadon, que abrirá ao meio-dia, e o La Table de l’Espadon, para o serviço de jantar. Outros espaços criados são o Salon Proust, um salão de chá cercado de painéis de carvalho, um salão de festas no subsolo para 400 pessoas e uma passagem subterrânea, cercada de lojas, que conecta o Ritz a dois outros prédios.
Apesar do momento difícil para o setor da hotelaria em Paris, que vem registrando uma diminuição de hóspedes desde os atentados terroristas de 2015, o calendário de reservas na página do Ritz na internet aparece completo até 19 de junho.”Esta verdadeira instituição reabre em um clima pouco propício: os atentados afetaram os clientes de luxo e internacionais, que são os do Ritz. Será necessário algum tempo para retornar aos níveis de ocupação que alcançou há alguns anos”, resumiu Vanguelis Panayotis, diretor de desenvolvimento da consultoria MKG.
Com sua extensa e luxuosa história no ramo de hotelaria de Paris, o Ritz é o primeiro de uma série de hospedarias de luxo que reabrirão suas portas após anos de obras. É o caso do Crillon, que voltará a abrir em 2017, e do Lutetia, que tem sua reinauguração marcada para o segundo semestre de 2017.
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