“Expedição Cavalera”: marca líder no streetwear arma aventura em meio à Floresta Amazônica com imersão total na cultura indígena dos Yawanawá


Grife fechou parceria com a agência de turismo Maanaim e preparou um roteiro de seis dias no interior do Acre, onde haverá um contato direto com a mesma etnia da tribo Mutum que se apresentou durante a São Paulo Fashion Week

“Temos de estar abertos a qualquer tipo de cultura e interpretá-la da maneira que tivermos vontade. A coleção da Cavalera pode mudar a cada estação, mas a minha ligação com os índios será para a vida toda”. A frase foi dita por Alberto Hiar, no backstage da última edição da São Paulo Fashion Week, na qual a mente por trás de uma das maiores marcas de streetwear do Brasil se inspirou nos índios da etnia Yawanawá, da tribo Mutum, para criar a coleção batizada Kenes. Alberto passou uma temporada na aldeia, na Floresta Amazônica, no Acre, e levou 20 índios para uma semana de moda. Três meses se passaram e, agora, ele faz jus ao prometido e estreita ainda mais sua relação com os Yawanawá com o projeto Expedição Cavalera.

Em parceria com a agência de turismo Maanaim, Alberto quer promover uma experiência única para as pessoas que estiverem interessadas em conhecer a cultura do povo Yawanawá e participar da terceira edição do Festival Mariri Yawanawá. O evento anual celebra as tradições da etnia indígena e é realizado entre os dias 27 e 31 de julho, na tribo Mutum, na Floresta Amazônica, no estado do Acre. O objetivo do projeto é incentivar a troca de experiências entre ‘o homem branco’ e os indígenas, além de proporcionar uma imersão completa em uma das culturas mais ricas e tradicionais do nosso país, com pacotes de viagem que vão de 1 a 10 pessoas, com descontos especiais por conta da parceria com a grife.

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O roteiro é extenso: serão quatro dias de evento, acordando às 5h, com direito a muitas brincadeiras, caminhadas, além da participação em atividades cotidianas dos índios, como pesca, seus rituais religiosos e danças em volta da fogueira, além de passeios de barco pelo Rio Gregório, em plena Floresta Amazônica, terminando com um tour por Rio Branco. Para a Cavalera, que tem em seu público o máximo do cidadão cosmopolita, a viagem pode ser a desconexão necessária do mundo tecnológico, tipo as férias dos sonhos.

Na verdade, hospitalidade é um dos grandes prazeres da etnia Yawanawá, como diz João Bosco Nunes, agente de turismo responsável pela parceria entre a Expedição Cavalera e a agência Maanaim. Abaixo, em um bate-papo descontraído, João Bosco conta como a experiência é única para quem nunca passou por esse tipo de imersão em uma cultura indígena, o que esperar das instalações e da programação e mais curiosidades que você só descobre lendo aqui. Vem:

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HT: Como surgiu essa parceria entre a Maanaim e a Cavalera?

JBN: Tudo começou no início do ano passado, quando o Alberto queria uma semana de férias rápidas e exóticas. Então, o apresentador do Programa Aventura Selvagem, do SBT, Richard Rasmussen o indagou: “Por que você não vai para o Acre?”. Richard, então, falou dos Yawanawá, e me indicou para guiar a viagem, porque já conhecia meu trabalho. O Alberto gostou tanto da experiência que teve a ideia de fazer a parceria com os índios, transformando-os em personagens de seu desfile. Durante a São Paulo Fashion Week, eu falei com ele sobre o Festival Mariri, então ele resolveu dar uma força e batizamos o projeto de “Expedição Cavalera by Maanaim Turismo”. Pretendemos receber várias pessoas de São Paulo e de outros estados.

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HT: Explique um pouco sobre o Mariri Yawanawá e o que o público poderá encontrar por lá.

JBN: É um evento étnico-turístico, onde os índios celebram a vida e as florestas. Temos cantos, danças, brincadeiras, jogos, espiritualidade e, esse ano, eles irão homenagear o pajé Tatá, que tem 98 anos. Ele é o grande pajé da Aldeia Mutum e está sendo homenageado em vida. É ele também quem será o grande líder espiritual da Expedição.

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HT: Como você avalia o impacto dessa imersão na cultura Yawanawá para quem nunca participou de uma experiência assim antes?

JBN: Espetacular. É uma etnia completamente distante dos grandes centros – há muitas tribos por aí que já são completamente descaracterizadas. Essa é a primeira diferença positiva. E os índios são muito receptivos e festivos. Além de celebrarem a vida e a floresta nesse evento, eles celebram a própria cultura. Por exemplo, na escola da aldeia, as crianças estudam o idioma Yawanawá. Elas aprendem junto com o português desde pequenininhas. Isso é algo positivo. Sem falar que estamos no meio da Floresta Amazônica, em uma vegetação riquíssima. É um privilégio para poucos.

Índio da etnia Yawanawá durante o Festival Mariri (Foto: Reprodução)

Índio da etnia Yawanawá durante o Festival Mariri (Foto: Reprodução)

HT: Como esse contato com o homem branco pode influenciar os Yawanawá durante a Expedição?

JBN: Esse é um detalhe muito importante. Toda mistura entre etnias gera resultados positivos e negativos. Nós, da Agência Maanaim, temos toda uma preocupação com a aldeia nesse contato. Existem regras. Por exemplo, não pode haver relações afetivas entre os brancos e os índios. Falo até do ponto de vista emocional. Isso é completamente proibido por ambas as partes. Temos muito cuidado com esse contato, porque queremos que eles permaneçam do jeito deles.

Os Yawanawá são uma etnia que vai para a rua, tem celular e calça jeans, mas, na aldeia e nas festas, tentam preservar sua cultura ao máximo. Para eles, um dos benefícios dessa parceria é o incremento na renda. Eles trabalham no milho, no artesanato e na produção de farinha. Mais da metade do nosso lucro é para a taxa de visitação voltada para eles. Eles transformam a aldeia em uma grande festa, têm um trabalho sobrenatural. Até do ponto de vista turístico, investindo em segurança, infraestrutura e navegação. Esse incremento financeiro é bem-vindo e merecido.

Índios da etnia  Yawanawá durante o Mariri (Foto: Reprodução)

Índios da etnia Yawanawá durante o Festival Mariri (Foto: Reprodução)

HT: Quais são as principais atividades realizadas durante a Expedição?

JBN: Desde a chegada, já temos uma celebração linda e emocionante. À noite, temos as atividades culturais com roda em volta da fogueira, cantos e danças, enquanto durante o dia é a hora das brincadeiras que são muitas: a do coco, da formiga, da bananeira, do macaco… A gente passa o dia brincando. Vamos fazer uma caminhada da samaúma, que é uma árvore gigante e imponente, conhecida como Rainha da Floresta. Acompanhamos os índios ainda na pescaria e as mulheres na feitura de uma bebida que é como uma cerveja fermentada. Quem quiser, ainda pode fazer as pinturas no corpo, os kenes, que são feitos com resinas da floresta e aplicados com palitinho.

Índia mirim Yawanawá sendo pintada com o 'kene' no rosto (Foto: Reprodução)

Índia mirim Yawanawá sendo pintada com os ‘kenes’ no rosto (Foto: Reprodução)

HT: O que o público que for conhecer a cultura do Yawanawá pode esperar dessa experiência? 

HT: A Aldeia Mutum dos Yawanawá foi contemplada desde o ano passado com uma infraestrutura básica, feita pela Secretaria de Turismo de Rio Branco. Construíram uns bangalôs que cabem duas pessoas em cada um, um redário, refeitório e banheiros ‘para brancos’. Você não vai encontrar água quente e tomada para o secador de cabelo aqui. Mas nós tomamos banho no rio com os índios, e ainda usamos sabonete biodegradável. Isso tudo no meio da floresta, porque às 5h você já acorda com os cantos dos passarinhos e é impossível não querer levantar. Às 22h você já está cansado e apaga. Não espere chegar em um circo, com palco montado e microfone. Lá, teremos uma experiência com os índios, vivenciando a realidade deles, tudo com muito carinho e o coração na ponta da chuteira.

Índios Yawanawá exibem suas pinturas corporais, chamadas 'kenes' (Foto: Reprodução)

Índios Yawanawá exibem suas pinturas corporais, chamadas ‘kenes’ (Foto: Reprodução)

Para preços, roteiro e serviços inclusos nos pacotes, visite o site da Maanaim Turismo.

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TUR. JOÃO BOSCO NUNES

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