Depois de três anos de obras e incertezas sobre a data de abertura, a Casa Camolese finalmente abriu suas portas para o público. O nome do espaço resume bem tudo o que o Cello Camolese Macedo quis retratar no local: algo aconchegante que reúne entretenimento e conforto para que o cliente possa se sentir em casa. Ao lado do sócio Vik Muniz, Cello transformou um pedaço que estava completamente abandonado no Jockey Clube, na Vila Portugal, em um ambiente com restaurante, alta coquetelaria, cervejaria artesanal, cafeteria, jardim e clube de jazz. “Este é um projeto que com certeza vai mudar a minha vida. Sempre tive esta vontade e quando vi que poderia se realizar me joguei de cabeça. Foi um processo enorme e quis, inclusive, colocar o meu nome. Se fosse apenas mais um restaurante seria diferente, eu iria fazer outra coisa e ter outras experiências. Quem sabe até morar em outro país? Não sei se seguiria com o projeto se fosse qualquer um”, afirmou o empresário Cello Camolese, ex sócio de casas como Grazie a Dio e Brancaleone, em SP, e Zazá Bistrô, 00, Devassa e Vezpa Pizzas, no Rio. Foram mais de seis anos idealizando o projeto que, no final, ganhou o nome do empresário e ainda conta com a ajuda do filho de 18 anos que acabou de se formar no colégio. O empreendedor acredita que o espaço é ‘o projeto da sua vida’.
A antiga vila de casas no Jockey Clube, no Rio de Janeiro, se encontrava em ruínas. Atualmente, o lugar, perto da Carpintaria, recebeu o nome de Vila Portugal e se encontra totalmente revitalizado. “A falta de espaços no Rio que tivessem o perfil do meu projeto fez com que eu demorasse para inaugurá-lo. Era preciso um local grande que atendesse a todas as minhas exigências. Queria que tivesse uma boa vista com uma varanda bacana e isto não era algo fácil de encontrar. O fato deste lugar no Jockey reunir todas as minhas ideias fez com que eu apostasse nele”, afirmou Cello. A construção foi feita baseada no desenho dos arquitetos Bel Lobo e Bob Neuri que conta com paredes de vidro, vigas expostas e um pé direito altíssimo.
Toda a reformulação do local foi feita apenas na parte de trás da casa, já que a fachada é considerada um patrimônio histórico da cidade do Rio de Janeiro e, por isso, precisa ser preservada. Os arquitetos acabaram mantendo a atmosfera antiga que o espaço tinha através de um pé direito alto, por exemplo. No entanto, o fato de construir em cima de um local preservado acaba sendo ainda mais complicado do que começar um prédio do zero. “Contei com o apoio da Prefeitura, cumprimos com todas as regras. Parece que havia uma vontade geral de fazer a coisa acontecer, porque nós impedimos que a casa continuasse em ruínas. Tinham árvores dentro do lugar. Mantivemos a frente e construímos uma casa do zero. Valeu a pena”, comentou Cello. O fato do empresário ter dificuldade de encontrar um espaço bem localizado e grande apenas intensificou a ideia de que a Casa Camolese deveria ser construída no Jockey.
O fato de o local ser no coração do Rio ajuda a melhorar a noite da cidade. “Este projeto coroa o que espero da cidade. É uma forma de celebrar os meus quase 20 anos trabalhando aqui com restaurantes que sempre foram bem aceitos. Tenho uma relação afetiva com este local e espero que ele cative um pedaço no coração dos cariocas”, afirmou. Na prática, Cello tem a esperança que a Casa preencha diversas lacunas de entretenimento e, para contribuir com isto, criou um ambiente que fosse acessível a todos os bolsos. “Não é um lugar caro. Não quero que as pessoas sejam convidadas para ir ao restaurante e pensem que não dá porque tem um valor alto. Prefiro que ao ouvir o nome do espaço a galera decida ir na mesma hora”, sugeriu o empreendedor.
A Casa Camolese é um presente de Cello. O empresário buscou a qualidade em todos os produtos que está oferecendo aos clientes. O homemade deu o tom ao espaço que conta com pães de fermentação natural feitos na própria cozinha e alimentos de pequenos produtores brasileiros, sobretudo, cariocas e fluminenses. “Acredito que os cidadãos estão procurando um produto genuíno e diferente. Não é a toa que fui atrás de produtos que não fossem industrializados, quis falar diretamente com os fornecedores”, explicou. Não é por acaso que na porta de entrada possui uma placa onde lê-se: ‘a origem é o destino’.
Na busca de reafirmar a qualidade e frescor dos produtos, o empresário resolveu abrir a Casa aos poucos. O cardápio do restaurante assinado pelo chef paulista Paulo Grobe já está disponível para o público no jantar. O almoço só estará aberto nos finais de semana e o jardim estará mais disponível em janeiro. “Resolvi ir abrindo as estruturas aos poucos para a gente se consolidar. Não quero ir com muita fome ao pote, abraçar o mundo e acabar saindo com uma qualidade menor”, explicou. Todas as áreas do local só estarão funcionando normalmente depois do carnaval.
“Não criei este espaço por ser modinha. Na verdade, era uma vontade que eu tinha há muito tempo. Foi algo mais espontâneo”, explicou. Além disso, o local vai além dos que existem por aí ao ter a pretensão de ser um pólo artístico também, trazendo peças curtas, festas e jazz. Sendo que este último segue a linha Manouche, um estilo cigano da música que começou nos anos 30, com a guitarra de Django Reinhardt.
“Dinheiro é uma consequência do projeto. A alegria de fazer isto é muito melhor”, afirmou Cello Camolese. O restaurante está sendo aberto em uma época que o país está passando por uma grande crise econômica e política o que poderia abalar o negócio. “Abrir este espaço neste momento acho que mostra que é possível mesmo se estivermos com problema na economia. As coisas estão mais difíceis, mas não impossíveis”, confirmou. “A roubalheira e a falta de dinheiro deixaram o astral das pessoas muito para baixo. Temos que levantar e ir para frente”, incentivou.
Serviço
Casa Camolese
Rua Jardim Botânico, 983, Rio de Janeiro (ao lado da galeria Carpintaria, no Jockey Clube)
Telefone: 21 99239-4969
Capacidade: restaurante: 90 lugares l bar: 24 lugares
Formas de pagamento: dinheiro e todos os cartões de débito e crédito
Há estacionamento à parte, da Estapak, no Jockey
Horário de funcionamento
Dezembro:
Restaurante: 18h à 00h (segunda a sexta) l 12h à 01h (sábado) l 12h às 18h (domingo)
Cervejaria: 17h30 à 01h (segunda a quinta) 17h30 às 2h (sexta e sábado) l 10h às 18h
A partir de janeiro:
Restaurante: 10h às 00h (segunda a sexta) l 10h à 01h (sábado) l 10h às 18h (domingo)
Cervejaria:
Jardim: 17h30 à 1h (segunda a quinta) l 17h30 às 2h (sexta e sábado) 10h às 18h (domingo)
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