Eduardo Diehl, João Gabriel Reis, João Filipe Rocha e Gabriel Balthar são amigos nascidos no Rio de Janeiro e apaixonados pelo estilo de vida da cidade. Mais do que isso: são os responsáveis por uma cervejaria que tem dado o que falar. A 3Cariocas produz rótulos ousados e criativos que tem como objetivo revolucionar experiências e quebrar paradigmas da sociedade ao interpretar o gosto e a alma carioca. Tudo começou com João Gabriel. O engenheiro de produção que atua como diretor de operações e cervejeiro na 3Cariocas transformou a curiosidade em paixão quando, durante uma temporada em Londres, resolveu criar um blog para escrever sobre cerveja. “Eu consumia cervejas artesanais e tive a ideia de chamar o Eduardo para fazer um blog de cervejas – ele tomava alguma coisa de cerveja artesanal no Brasil já, conectando Rio e Londres, surgindo então o ‘Beer-based Life’. Criamos contas nas redes sociais também e começamos a crescer. Voltando para o Brasil, foi com ele que tive a ideia e vontade de começar a produzir cervejas em casa. Ao mesmo tempo, começamos a ver que poderíamos ganhar dinheiro de alguma forma com isso, já que o blog começou a crescer e a gente a começou a receber cervejas em casa. Foram várias ideias que surgiram, inclusive um bar, até chegar na ideia mais óbvia, mas também a mais difícil, a de ter uma própria cervejaria”, lembrou João Gabriel.
Os outros sócios vieram naturalmente. Amigos de colégio, os quatro comandam juntos a 3Cariocas, mas Gabriel chegou mais tarde. “Nós três estudamos no Colégio Teresiano. Eu entrei na escola em 2006 e eles já estudavam lá. Eu era um ano mais novo que o João Filipe, e dois anos mais novo que o Eduardo. O João Filipe morava na minha rua e a gente se cruzava sempre indo e voltando para a escola. Ele e o Eduardo faziam parte do time de vôlei do Teresiano, e eu fui chamado para me juntar ao time ainda no mesmo ano. A partir daí surgiu uma grande amizade. A conta então fecha em 10 anos de amizade até hoje”, lembrou João Gabriel. Gabriel, o quarto sócio dos 3Cariocas, chegou trazendo sua bagagem do mercado financeiro. “Eu também estudei no Teresiano e era da mesma série do Eduardo. Nos últimos anos nos tornamos mais próximos e éramos do mesmo grupo de amigos. Assim, acompanhei mais de perto o surgimento da cervejaria e seus primeiros passos. Depois que saí do meu emprego no mercado financeiro os três me chamaram pra entrar de sócio na empresa, pois precisavam de capital e mão de obra. Vi que existia bastante espaço no mercado pra uma cervejaria artesanal se tornar bem-sucedida e acreditei na proposta e dedicação deles. Conversamos por umas três semanas antes de bater o martelo”, contou.
Atualmente, eles são donos de seis rótulos superoriginais que homenageiam os bairros do Rio de Janeiro. “Até hoje, nós já produzimos seis rótulos diferentes, que surgem de ideias nossas quando pensamos em o que queremos apresentar ao consumidor naquele momento. Queremos sempre apresentar novidades e ousar nas cervejas. Nosso lema é quebrar paradigmas e revolucionar experiências. Para isso, novas ideias e rótulos têm que ir surgindo. Em 2014, lançamos nosso primeiro rótulo, a Session IPA NEMA e, em 2015, lançamos os outros cinco rótulos: cOPAcabana, Saison du Leblon, #S.Q.N., Belgo-Indian Strong Dark Ale e 061114. Para esse ano, já estamos nos estruturando e expandindo a produção para aumentar volume de venda e aumentar número de rótulos também”, adiantou João Gabriel. Apesar do domínio sob as receitas, eles não tem infraestrutura para produção em escala comercial. “Para isso, em vez de investir primeiramente na construção de uma fábrica própria, nós fechamos parcerias com cervejarias que têm espaço ou capacidade ociosa em suas plantas, para que a gente possa produzir nossas cervejas em fábricas terceiras e com os equipamentos de parceiros. Já na ponta de venda, também não temos o próprio bar. Então, temos que vendar nossos produtos em estabelecimentos terceiros. Sempre que possível, tentamos fechar uma parceria com o local para trazer um pouco da nossa marca para o estabelecimento, levando porta-copos, placas, luminosos, bandeiras e, muitas vezes, tentando fechar eventos nossos nesses lugares”, explicou João Gabriel.
Eduardo é quem cuida da comunicação da empresa. Publicitário, trabalha como diretor de arte em uma agência e é o responsável pelo branding dos 3Cariocas, que tem dado tão certo que exige atenção integral. “Eu cuido de toda parte de comunicação da 3Cariocas e também atuo como designer produzindo nossos materiais. Dividir o tempo entre a agência de publicidade e a 3Cariocas é bem complicado. Infelizmente a agência me toma um tempo muito grande visto que além de criar atuando como diretor de arte eu coordenava toda a equipe de criação. Isso acabava me deixando com pouco tempo do dia para produzir para a 3Cariocas. Sempre fiz um esforço para entregar tudo que era necessário para o nosso crescimento até porque fazer algo para o crescimento do nosso próprio negócio é muito prazeroso. Em vista do atual momento da nossa empresa estou me desligando por completo agora da agência de publicidade e vou finalmente focar 100% na 3Cariocas. Foi uma decisão que teve o seu tempo para ocorrer e que não me arrependo”, contou.
E não tem motivos: a 3Cariocas tem planos concretos de expansão. “Depois do ano passado, já de crescimento para a 3Cariocas, tanto como marca e quanto em volume de venda, no início desse ano, enxergamos que já era necessário a compra de novos tanques uma nova expansão. E, obviamente, queremos continuar crescendo ainda mais e sem parar. Levando nossas cervejas para, cada vez mais, o maior número de pessoas”, garantiu João Gabriel. Além dos rótulos originais, eles vendem camisas, copos e outros objetos, já que o objetivo, mais do que vender cervejas, é criar uma marca forte e de identidade própria. “Como havia dito, nosso propósito é revolucionar experiências e quebrar paradigmas. Queremos criar momentos para os nossos consumidores, além das cervejas. Para isso temos esses tipos de produtos, e ainda diversos outros tipos de projetos a serem tirados do papel ainda. Queremos mudar o jeito que a maioria das pessoas enxerga cerveja hoje em dia. Para isso, acreditamos sim, que precisamos ir além da produção e venda das cervejas”, contou João Gabriel.
E eles já o fazem: os pôsteres de cada rótulo chamam atenção por sua beleza e originalidade. “Além de nos preocuparmos em fazer boas cervejas, nós também gostamos de nos preocupar com a história por trás dela. Cerveja artesanal é uma cultura, é o carinho aplicado naquele produto, desde a elaboração da receita, produção e apresentação final. Gostamos de passar todo esse carinho para o consumidor através de além da cerveja, do seu nome, seu rótulo e do seu texto no contra-rótulo. O consumidor tem que ter uma experiência completa e única com cada cerveja nossa”, disse João Gabriel.
Batizar cada uma ds criações com nomes especiais também é parte de todo esse conceito. “Nunca foi nossa intenção ter todas nossas cervejas com nomes de bairro, e continua não sendo. Foi uma coisa que foi pegando e combinava com a nossa marca, já que se chama 3Cariocas. Tudo começou por acaso, com a nossa primeira cerveja sendo batizada de Session IPA NEMA, que era um trocadilho com o nome do bairro (Ipanema) e o estilo da cerveja (Session IPA). Em seguida, veio a ideia de produzir uma Saison (estilo) e acabava rimando com Leblon, surgindo a Saison du Leblon. Mas já a terceira da família fugiu dessa tendência, chamamos ela de #SQN (só que não). A quarta e a quinta também não seguiram essa linha, chamamos elas de Belgo-Indian Strong Dark Ale e 061114 (Whiskey Barrel Aged), respectivamente. Já a sexta, uma parceria com outra cervejaria do Rio, a Three Monkeys Beer, voltou a homenagear um bairro carioca com trocadilhos com o estilo da cerveja, a cOPAcabana (OPA = Oatmeal Pale Ale)”, explicou João Gabriel, que garantiu: eles não se limitam. “Embora seja bem legal e divertido, e os consumidores gostem das referências aos bairros, acaba sendo um fator limitante para nomear cervejas. Mesmo a gente sendo bem criativo, uma hora vai acabar o número de bairros e estilo possíveis para fazer trocadilhos. Mas esperamos continuar criativos durante um bom tempo. Já temos inclusive ideias futuras, e uma delas está pra sair em breve, dentro dos próximos dois meses”, disse.
Algumas criações, inclusive, são feitas com parcerias, como foi o caso da “Copacabana”, criada ao lado da Three Monkeys, e a “SQN”, lançada junto com o 2Cabeças. “São parcerias para celebrar amizades feitas nesse mercado. Embora nós somos vistos como competidores, por serem produtoras diferentes de cervejas, o mercado ainda é incipiente e precisa de muita força conjunta das cervejarias para crescer como um todo. Com isso, as cervejarias acabam se aproximando para realizações de eventos, entre outras coisas, e em muitas vezes acabam surgindo boas amizades. Uma boa forma de comemorar essas amizades é fazendo uma cerveja em conjunto, uma cerveja elaborada por duas cervejarias. É um presente para as próprias cervejarias e também para os consumidores que nos apoiam e nos fazem crescer”, analisou João Gabriel. Presentaço.
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