As primeiras impressões da nossa viagem de oito dias pela Alemanha LGBT começam por Munique. Vem ler!


O #day1 da viagem com foco no turismo LGBT pela Alemanha, a convite do DZT e da Germany Travel, foi intenso e repleto de descobertas na linda cidade de Munique

Esqueça a imagem dos alemães sisudos, sérios e sistemáticos. Não que ela não seja verdade, mas, depois da nossa recente viagem de oito dias a três cidades percorridas lá é hora de mudar os conceitos e colocar abaixo os preconceitos. Como a gente contou, fomos convidados pelo DZT, o Departamento de Turismo Alemão, e a Germany Travel para uma jornada com ênfase no turismo LGBT, um dos principais focos de divulgação do país em 2016.

“O caminho para a igualdade de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros na Alemanha é longo e começou ainda no final do século 19. Atualmente, casais do mesmo sexo têm direito de adotar crianças e qualquer discriminação contra eles é proibida por lei. A cena gay pode ser experimentada em todas as regiões do país, e as comunidades estão perfeitamente incluídas na sociedade. Aliás, os eventos promovidos também fazem parte das celebrações em toda a Alemanha, e quase toda grande cidade celebra o Christopher Street Day, a versão alemã da Parada do Orgulho Gay”, explicou Margaret Grantham, diretora para América do Sul do Centro de Turismo Alemão, em entrevista exclusiva ao site HT.

Depois de uma longa viagem que começou no Rio, passou por São Paulo e Frankfurt chegamos, enfim, ao nosso primeiro destino LGBT em território alemão: a linda cidade de Munique. Já no táxi, o motorista nos avisou que estávamos com sorte, porque os termômetros marcavam algo em torno de 18 graus, fato raro para um outono alemão. Assim que chegamos ao hotel Deustche Eiche, que seria nossa casa pelos próximos dois dias, fomos apresentados ao proprietário, o mais do que simpático e cordial Dietmar Holzapfel.

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Já no check in, uma porta que não parava fechada, tamanho o entra e sai, nos revelava o que se escondia ali atrás, logo ao lado do balcão da recepção: uma sauna gay, onde o basfond rola solto 24 horas por dia e se estende até os fundos da rua de trás do hotel, totalizando cerca de 1,4 mil m² de espaço para entretenimento adulto masculino, se é que vocês me entendem. Mais tarde, em um papo animado no ótimo restaurante do hotel, que serve os tradicionais pratos alemães com toques de modernidade, Dietmar nos contou um pouco da história daquele lugar.

Proprietário do hotel desde 1995, ao lado de seu companheiro de várias décadas, Sepp Sattler, Dietmar disse que o prédio data de 1864 e que, desde 1950, se tornou um dos principais points LGBT não só de Munique, mas de toda a região da Bavaria. Epicentro de encontros entre artistas, bailarinos, músicos e cineastas – principalmente por conta do Teatro Gärtner, que fica na esquina do hotel há alguns muitos anos -, o Eiche, como é carinhosamente chamado pelos entendidos, atravessou o século resistindo bravamente às guerras, à epidemia da Aids e se transformou em um epicentro de resistência gay.

Só para citar alguns mais conhecidos, o cineasta Rainer Werner Fassbinder transformou o hotel em sua segunda casa, onde realizava festas homéricas para celebrar o lançamento de cada um de seus filmes, assim como Freddie Mercury, que também usou os quartos do Deustche Eiche como base em suas recorrentes visitas a Munique. Hoje em dia, depois de várias reformas, o hotel conta com 34 quartos modernos – uns bem pequenos e outros imensos, com cozinha e banheira – e comodidades para a comunidade LGBT, como um concierge cheio de dicas sobre o que fazer nos arredores do bairro hype de Gärtnerplatz, onde está localizado o hotel e os principais bares com a bandeira do arco-íris que se misturam aos locais de encontro da juventude hipster de Munique.

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Na nossa primeira noite, depois de um city tour guiado por Dietmar pelos quatro cantos da cidade, onde vimos o moderníssimo museu da BMW; os surfistas do rio Eisbach, que reúnem uma multidão de curiosos dia e noite, faça sol ou faça chuva para vê-los surfar nas ondas naturais que a corredeira forma em uma das entradas do parque Hofgarten; o Schloss Nymphenburg, a residência de verão dos príncipes da Bavária; a Zona dos Museus e o Olympiapark, parque olímpico construído para as Olimpíadas de 1972, ainda tínhamos pique para desbravar alguns bares LGBT que ferviam nos arredores do hotel.

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No bairro de Glockenbachviertel, a alguns passos de onde estávamos, uma lista de uma dezena de bares mantém a ação ativa em qualquer dia da semana em Munique. Ali, antes, era a zona da luz vermelha, hoje fervilha de jovens descolados, gays, lésbicas e simpatizantes. O Kraftwerk, por exemplo, é uma boa amostra de bar no qual as tribos convivem bem. Logo ao lado, o Café Nil, que no verão enche a rua de pessoas, com decoração inspirada no Egito (sim, isso mesmo) é um ótimo lugar para começar a noite com bons drinques e a turma pink. Espere encontrar gente de todas as idades e sempre pronta para conversar ou flertar.

Mapa dos clubs e bares gays de Munique

Mapa dos clubs e bares gays de Munique

Já o Ochsengarten é para quem quer aventuras mais ousadas, já que se trata do bar mais antigo de Munique especializado em fetiches, como a turma que se veste toda de couro por exemplo. Para quem gosta de gays mais velhos e ursos, o Edelheiss é o ponto de encontro e quem não quer perder tempo com drinques e conversinhas, o Camp é um dos que conta com darkroom, onde as pessoas procurando por sexo fazem o que a imaginação permite em um quarto escuro. Depois de tanta informação, só nos restava uma bela noite de sono. Amanhã, a gente conta mais sobre o segundo dia em Munique.