O ano de 2019 tem sido de novos desafios e posicionamentos para a Rede Othon, mas o último mês foi de celebração. A receita do Rio Othon Palace e do Savoy Othon, ambos em Copacabana, no Rio de Janeiro, está acima do orçamento em uma média de 20% em relação ao mesmo período de 2018 nas duas unidades na receita acumulada do ano. Nesse período, a Rede registrou um aumento de 38% de receita no comparativo ao ano passado em seus hotéis próprios. Basta você ficar alguns minutos no lobby do Rio Othon Palace, na Avenida Atlântica, por exemplo, para sentir pessoalmente o que estou escrevendo. São turistas brasileiros de Norte a Sul do país e um grande número de estrangeiros com predominância do mercado latino entrando e saindo. Os números hoje mostram que 60% dos hóspedes são brasileiros, 25% do mercado latino e restante de demais países. O site Heloisa Tolipan conversou com a gerente-geral de Vendas e Marketing, Anna Christina de Andrade, que assumiu o posto em meados de outubro de 2018, para compartilhar as novidades com vocês.
Formada em arquitetura e com diversos cursos na área de hotelaria, uma de suas grandes paixões de vida, a executiva diz que as reformas caminham de maneira paulatina e revela detalhes interessantíssimos de práticas que mexem com a “alma” de um lugar. Um pequeno exemplo? Pode ser até algo que aguce os sentidos dos hóspedes. A Rede, que tem como missão “encantar” os clientes, oferecendo serviços hoteleiros com excelência no atendimento e no produto, promover benefícios à comunidade e gerar resultados, desenvolveu um aroma que o visitante sente em todos os hotéis do grupo. E, subliminarmente, ele ficará na memória de quem usufruiu dos serviços e contou com atendimento repleto de empatia. “Estamos buscando fornecer uma experiência única para o hóspede. Testamos uma série de novas ações que estão, aos poucos, passando uma imagem diferenciada. Por exemplo, criamos um aroma exclusivo by Othon. É o perfume dos hotéis da rede e está no lobby, nos corredores, nos quartos. Com isso, o hóspede cria uma memória que o liga afetiva e olfativamente aos nossos hotéis”, conta Anna Christina.
Além de ser uma iniciativa simpática e charmosa, tal qual uma chancela, é um carinho com o cliente. A tríade do DNA da Rede Othon é pautada pela hospitalidade, gastronomia e programação cultural. E tem mais: neste ano, os hotéis aderiram à tendência pet friendly, que começou a ser adotada no Brasil há pouco tempo. “A possibilidade de trazer o animal de estimação está começando a dar resultado tanto no Savoy como no Rio Othon”, observa a gerente-geral. Como frisamos aqui, no site, se estamos em tempos de um novo olhar para as relações com mais empatia, união em prol de uma sociedade melhor, os nossos pets também têm seus direitos. É cada vez maior a demanda por cuidados especializados, produtos que atendam às características específicas dos animais para uma alimentação saudável, hospedagem, exercícios físicos e saúde comportamental. O crescimento nessas áreas está em alta potência. Mais friendly impossível.
Como se vê, a fama de oferecer serviços que vão além da simples hospedagem é mais que justificada. Os hotéis Othon vêm se modernizando para acompanhar o zeitgeist. Criada no Rio de Janeiro em 1944, a Rede tem hoje nove unidades no país: além dos dois endereços cariocas, conta com o The Time (São Paulo) e com hotéis em Araraquara, Matão e São Carlos (interior de SP), Natal (RN), Fortaleza (CE) e Recife (PE). O padrão internacional de atendimento pode ser atestado pelos dois Adrian Awards, considerado o Oscar da hotelaria, que leva na bagagem pela excelência digital no website e no Mobile Marketing. A cerimônia, organizada pela Hospitality & Marketing Association International (HSMAI), uma associação internacional sem fins lucrativos que visa o aprimoramento de executivos da indústria, foi realizada ano passado, em Nova York. Isso sem falar nos diversos Top Of Mind, prêmio entregue às marcas mais lembradas espontaneamente pela população do país.
Nessa entrevista, nós ouvimos Anna Christina de Andrade sobre a adaptação de uma das maiores empresas hoteleiras do Brasil ao perfil exigido pelo hóspede do século 21. Também falamos sobre a sinergia de tecnologia e modernidade com o jeito acolhedor que todo mundo gosta de encontrar quando está longe de casa, característica dos hotéis do grupo. E aproveitamos para conhecer melhor a executiva que está preparando um patrimônio da hotelaria nacional para encarar os próximos 75 anos.
Site Heloisa Tolipan: Como analisa seu primeiro ano à frente da gerência-geral de Vendas e Marketing da Rede?
Anna Christina de Andrade: Tivemos muito sucesso. Era um ponto de interrogação, não sabíamos como seria. Mas com ações comerciais estratégicas, nós conseguimos bater em receita todos os orçamentos e o ano anterior. A empresa também enxugou a máquina, o que melhorou ainda mais o resultado. A equipe está mais eficiente e com a integração de sistemas, teremos mais tempo ainda para realizar o trabalho de CRM (Customer Relationship Management) em reservas.
HT: Quais são essas mudanças de estratégias?
ACA: Melhoramos a distribuição, dividindo os segmentos por hotel, com contas “colchão” nas unidades que precisavam. Investimos mais em nosso marketing online, fizemos parcerias de sucesso, e com isso conseguimos melhores resultados.
HT: Que providências foram necessária tomar sem alterar o DNA?
ACA: O mundo hoje é digital e a experiência é tudo. O conceito de luxo mudou. Buscamos melhorar a experiência do hóspede em nossos hotéis através de uma navegação mais confortável em nosso site, gerar uma entrega de acordo com a expectativa do hóspede e de um atendimento personalizado. Também buscamos atender as mudanças e as necessidades de nosso hóspede, lançando alguns novos produtos, dentre eles o programa pet friendly, que tem um apelo emocional, além de ser bastante atual.
HT: Quais são os atrativos para uma pessoa se hospedar no Savoy Othon?
ACA: O hóspede encontra uma equipe bastante familiarizada com o hotel e com muitos anos de trabalho ali. As pessoas “se sentem em casa”, costumam comentar os hóspedes. Além da equipe, criamos áreas de convivência maiores. Abrimos um fitness center e uma sala de jogos para promover a convivência – tão importante hoje em dia.
HT: Ser um hotel pet friendly teve maior repercussão?
ACA: Sim. Abrimos o serviço pet friendly nesse ano no Rio de Janeiro. Aos poucos, está começando a dar resultado, aumentando o número de pets, tanto no Savoy como no Rio Othon. Já estamos começando a pensar em também implantar em outras cidades, possivelmente em Natal primeiro e, depois, nos demais hotéis da Rede. Hoje, a Rede conta com Rio Othon Palace e Savoy Othon, no Rio de Janeiro; The Time, em São Paulo, na região da Berrini. No interior de São Paulo, temos o Araraquara, o Matão e o São Carlos. E ainda: Natal, Othon Palace, em Fortaleza, e o Metrópole, que fica na região corporativa do Recife.
HT: A gente observou um Rio de Janeiro que, nesse um ano, teve uma queda na presença de turistas. E o que se vê aqui no Rio Othon é um entra e sai incessante de hóspedes. Qual é a receita? Você falou de internet, integração, busca de novos parceiros, público plural. O que mais?
ACA: Além da capilaridade da distribuição, ao trabalho da equipe comercial: marketing, vendas, revenue, call center, além da equipe operacional. E acreditamos na tendência de que tudo é baseado na experiência. Estamos buscando fornecer uma experiência melhor para o hóspede dentro do hotel. Jorge Chaves, gerente-geral Operacional da Rede, está modernizando o lobby do Rio Othon Palace, dando continuidade ao novo sistema dos elevadores do hotel, que proporcionará maior segurança aos hóspedes. Somente os hóspedes poderão acessar os andares do hotel através de chave eletrônica. No Savoy Othon, nós temos duas áreas novas para ginástica e sala de jogos, possibilitando a interação entre os próprios hóspedes. Os hotéis têm ótimas promoções também para quem reserva com antecedência.
HT: Por falar em restaurantes, houve mudanças na área de gastronomia do Rio Othon?
ACA: Sim! O chef Rubens, que está assinando a culinária do Othon (sua trajetória, aliás, é digna de nota: veio criança do Maranhão para o Rio, passou por Barcelona, Chile, Bolívia, Colômbia, México e Peru. Especialista em culinária francesa, ele tem pós-graduação em cozinha autoral), que une as cozinhas francesa e brasileira. Ele está elaborando um novo cardápio. Terá uma pegada francesa com a culinária brasileira.
HT: Quais os preparativos para as festas de Réveillon?
ACA: O Rio Othon Palace, localizado na Praia de Copacabana, vai promover três festas na noite da virada. Todas elas terão serviço all inclusive, com menu criado pelo chef Rubens e vista privilegiada para a tradicional queima de fogos. As comemorações serão realizadas no foyer (1º andar), no Bossa Café (3º andar) e no restaurante Skylab (30º andar). O Rio Othon tem uma localização espetacular, porque está no meio da praia e a vista é de camarote. As festas vão acontecer nos três andares com música ao vivo. Linhas diferentes de festas: a Luxury 20’, a Celebrate, na qual os convidados vão voltar ao tempo na pista de dança ao som de clássicos dos anos 70, 80 e 90, e a Exclusive Skylab.
HT: E a questão do turismo no Rio de Janeiro, como reflete na Rede?
ACA: Participamos de uma reunião com o governador, Wilson Witzel, com Otávio Leite e o trade. No Rio de Janeiro, o movimento cresce levemente, mas as diárias estão estabilizadas, até caindo um pouco. Na reunião, todo mundo ficou animadíssimo, porque o trabalho está sendo feito em conjunto. E quando você consegue unir a força pública com todas as empresas privadas, a tendência é dar certo. Esperamos uma perspectiva melhor sempre. Somos otimistas. No pós-Olimpíadas aconteceu uma queda vertiginosa no turismo na cidade inteira. Agora estamos em um caminho ascendente, acredito.
HT: Você recebeu aqui o público do Rock in Rio também.
ACA: Com certeza. Lotamos nos dois finais de semana. Cem por cento de ocupação. Tanto no Savoy como no Rio Othon.
HT: Vamos falar de você. Quem é a Anna Christina?
ACA: Eu nasci no Rio de Janeiro. Trabalho em hotelaria, porque me apaixonei. Meu pai, Aurélio de Andrade, foi durante anos locutor da Rádio Nacional. Ele era conhecido da velha-guarda. Minha mãe, Cybelle Penna de Andrade, era dona de casa. Descendente de francês, espanhol, português e alemão. Tudo misturado. Mas sou carioca do Posto Seis, em Copacabana. Morei em Salvador durante dois anos, em São Paulo, sempre atuando na área hoteleira. Comecei por pura paixão depois de cursar arquitetura. Ao entrar em hotelaria fiz vários cursos de especialização disponíveis na época, inclusive um curso da Glion Institute International na Suíça, ministrado em São Paulo. Mas é fundamental também estarmos atualizados com as novas técnicas e o aprendizado deste mundo digital se faz necessário sempre. As mudanças são muito rápidas e é preciso acompanhá-las.
HT: Como começou?
ACA: Comecei trabalhando em central de reservas em uma empresa chamada Frade Hotéis. Logo depois passei para a área de marketing da empresa e vim para o Othon em vendas internacionais. Trabalhei em São Paulo na área de cartão de crédito ligada a turismo, em Salvador em hotelaria e, depois, voltei ao Rio para assumir a gerência comercial de Luxor Hotéis. Passei por outra rede de hotéis no Rio e, finalmente, retornei ao Othon em 2008. Entre idas e vindas, no total, estou na Rede Othon há dezoito anos.
HT: E essa garota de Copacabana, o que curtia na cidade? O que proporcionava prazer?
ACA: Tudo. Mar, praia, música, muita boemia!!! Em todos os lugares. Eu adorava música, cantava… Quase virei cantora profissional. Gravei um CD… Tinha muita bossa nova. Mas música standard americana também, pois sempre ouvi muito. Como meu pai era de rádio, muitos artistas iam lá em casa cantar, tocar… Eram verdadeiras noitadas, e eu convivia com aqueles astros. Arthur Costa Filho, Carlinhos Lyra, Maurício Einhorn… O tempo passando e cada vez mais gente frequentava a casa. Fiquei fascinada. A casa tinha sempre um evento musical. Paulo Tapajós era muito amigo do meu pai, estávamos sempre juntos. Fui criada nesse ambiente.
HT: E no rádio no seu quarto…?
ACA: Eu gostava muito de música popular brasileira, bossa nova e música americana. Standards americanos. Frank Sinatra… Era muito ligada à música. Até hoje sou.
HT: No seu CD, quais foram as músicas selecionadas?
ACA: Eu cantava música popular americana e brasileira. No caso da MPB, canções do repertório da Nana Caymmi, um pouco de Caetano Veloso, muita bossa nova. E os standards.
HT: Que música seria a trilha da sua vida?
ACA: “”Só eu sei as esquinas por que passei…” (Djavan). Acho que é essa a musica de todos – “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (Caetano Veloso). E a música que canto sempre ao viajar e voltar ao Rio – “Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro…”(Samba do Avião/Tom Jobim)
HT: E o que o Rio tem de mais incrível na sua opinião?
ACA: Amo o mar. Amo o sol. O carioca toma conta da cidade. Acho que está muito mais tímido hoje em dia em função de tudo que aconteceu e que acontece ainda, não é? Mas faz parte da nossa cultura sentar na areia e bater palmas para o sol. Sou apaixonada pelo Rio.
HT: O que a fascina arquitetonicamente na cidade?
ACA: As obras de Oscar Niemeyer. A Casa das Canoas. O prédio onde ele morava aqui no Posto Seis, todo sinuoso. São as curvas do Rio. Depois, ele fez o projeto do museu em Niterói. Arquitetonicamente, adoro essa descontração.
HT: E o que sente quando chega na sacada do Rio Othon Palace onde trabalha há tantos anos?
ACA: Eu olho a Praia de Copacabana… É um deslumbramento. É raro a gente ter uma vista dessas, com montanha e mar.
HT: O que a vista desse horizonte à frente transmite? Saudade do passado ou você se sente movida para o futuro?
ACA: Um pouco dos dois. Tem uma nostalgia da época em que o Rio era mais romântico, mais boêmio. A gente andava em Ipanema e via o Vinicius de Moraes tocando com o Tom Jobim. Mas acho que o futuro é a beleza em si . Temos que ser atuais, contemporâneos. E afinal, o Rio continua lindo!
HT: Eu percebo que você é uma mulher que gosta de conversar com as pessoas que encontra pelo hotel. O que escuta do turista que fica hospedado aqui?
ACA: Não tem um discurso único. Mas, quando faz sol, fica todo mundo feliz da vida, todo mundo alegre, esbanjando alegria… Com 40 graus, os turistas adoram. Acho que o carioca, apesar de todos os problemas por que passa, sabe acolher. Tem uma simpatia e uma empatia, uma espontaneidade que não existe mais no mundo. O Rio é muito diferente. É a cara do Brasil.
HT: E quem é o hóspede hoje? Vem mais de onde?
ACA: Acabei de fazer o levantamento. A média é de 60% brasileiro e 40% internacional. A alta do dólar fez os mercados viajarem mais para o Brasil. A gente tem um mercado latino muito forte. Não só Argentina. Chile, Paraguai, Uruguai, Equador, vários locais da América Latina. E tem também Estados Unidos, o mercado asiático, que vem pontualmente, mas vem. É uma mescla de mercados. O peso mesmo está na América Latina até por causa da proximidade. Um dos pontos abordados na reunião do trade com o governador Wilson Witzel foi o pedido para interceder no aumento da malha aérea para o Rio de Janeiro. Eu sempre digo: “O Rio merece mais”. É a cidade de entrada para o Brasil. As autoridades, o governo, estão tentando melhorar. Vão fazer o stop over: o viajante que for vai para Buenos Aires, por exemplo, vai ter o direito a ficar X dias aqui no Rio, no mínimo, e seguir a viagem para lá sem pagar um centavo a mais. Ele pode parar, ficar e continuar a viagem sem custo algum.
HT: Seus sonhos profissionais e pessoais para 2020. Quais são?
ACA: Na área profissional é ter sucesso na atividade, estar antenada e perceber as mudanças e prestar atenção para estarmos update com este mundo online. E importante: equipe sempre unida, trabalhando em conjunto. Pessoalmente, peço saúde mental e física, amor e amizade – o importante da vida.
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