A convite da Lares Adventure, o site HT vai embarcar numa aventura deluxe na região do Vale Sagrado dos Incas. Conheça o roteiro!


Para entender melhor as características do turismo na região, batemos um papo com Enrique Umbert, diretor-geral do grupo Mountain Lodges of Peru, que faz um bonito trabalho de inclusão com os moradores locais

Para estrear nossa nova seção de Viagem & Gastronomia, nada melhor do que receber um convite para uma viagem para um dos lugares mais especiais do mundo: Cusco, Machu Picchu e o Vale Sagrado dos Incas. Pois foi exatamente isso que aconteceu com o site HT. A convite da empresa Lares Adventure, que faz parte do grupo Mountain Lodges of Peru, vamos embarcar em uma aventura deluxe preparada especialmente para a gente, com direito a um programa personalizados de multiatividades, definidos por nós a cada final de tarde. Além disso, vamos conhecer os lodges construídos e adminstrados pelo grupo em parceria com as comunidades locais em Lamay e Huacahuasi.

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Aqui, aliás, cabe um parênteses: inaugurados em 2014, os logdes custaram US$ 5 milhões e tiveram investimentos do grupo Mountain Lodges of Peru, da prefeitura de Urubamba, da comunidade de Huacahuasi, da ONG Arariwa (dedicada ao desenvolvimento rural sustentável) e da Corporação Interamericana de Investimentos, instituição do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Trata-se em um conceito de gestão que merece atenção:a Lares Adventure estabelece uma sociedade com os habitantes de Huacahuasi, os quais permanecem proprietários dos terrenos onde estão os lodges e ficam com 25% dos lucros gerados pela empresa. “A parceria com as comunidades é o motor para a sustentabilidade do negócio. Ela cria uma forte ligação entre empresa e sociedade, unindo-as em torno de um objetivo comum”, diz o diretor-geral do grupo Mountain Lodges of Peru, Enrique Umbert.

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O roteiro idealizado para a gente pela Lares Adventure pode ser feito em cinco ou sete dias e oferece várias alternativas aos hóspedes, que têm a possibilidade de desfrutar de uma imersão pela cultura e paisagens peruanas, elegendo, ao final de cada dia, o programa de atividades do dia seguinte. Outro diferencial do roteiro é a inclusão de visitas aos lugares mais emblemáticos do Vale Sagrado, como Ollantaytambo, Pisac e Pinkuylluna, entre outros, além de Machu Picchu.

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“Cada atividade foi projetada para ser original e autêntica. E após cada dia de programação os hóspedes podem desfrutar de jantares gourmets, vinhos especiais, jacuzzis ao ar livre e um serviço altamente personalizado”, afirmou Enrique, que bateu um papo exclusivo com a gente pré-viagem, para nos contar como foi essa aproximação com os moradores locais, turismo sustentável, dicas para não ter problemas com a altitude e, claro, hotspots da região. Vem com a gente:

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Diretor-geral do grupo Mountain Lodges of Peru, Enrique Umbert

HT: Como você definiria a filosofia da Lares Adventure?

EU: Que viva a revolução da aventura! O conceito de aventura está muito cheio de adornos. Quando se pensa em aventura, vem à cabeça a aventura extrema: escalar a rocha, parapente, caiaque, rafting, expedição para o Everest… Mas, na realidade, a aventura tem um significado diferente para cada um. O que é para mim, pode ser diferente do que é para você. A nossa ideia é explorar o sentido individual de aventura de cada um e, assim, viver experiências transcendentais e muito enriquecedoras. A Lares Adventure oferece “aventura para todos”: para os que querem viver uma onda intelectual e emocional de experimentar a mística dos Incas em rituais com moradores locais e também para os que querem viver uma aventura em forma de desafio físico, visitando as montanhas mais altas com lagoas mágicas e na companhia do condor. Tudo, sempre, em um contexto de imersão cultural profunda, repleta de encontros autênticos com comunidades ancestrais Inca e pré-Inca, visitando os lugares mais importantes da cultura e história da região como Cusco, Valle Sagrado de los Incas, Pisaq, Ollantaytambo e Machu Picchu. E, claro, passando as noites em lodges de montanha com conforto rústico-elegante, localizados em lugares exclusivos, tomando banho de jacuzzi e admirando as estrelas.

HT: Qual o perfil dos viajantes que procuram os serviços da Lares Adventure?

EU: Principalmente os viajantes que buscam uma viagem única e muito significativa, fora dos circuitos massificados e tradicionais, buscando experiências culturais autênticas e personalizando sua própria aventura. A Lares Adventure vai preguntar todos os dias: “E o que você quer explorar hoje?”. A gente apresenta um menu de atividades todos os dias para que se chegue ao ponto seguinte do caminho. São viajantes que gostam de um nível alto de conforto e qualidade e serviço muito personalizado. Podem ser casais, família, grupos de amigos…  Algumas pessoas chegam buscando uma experiência muito estimulante intelectualmente e emocional e que um dia acaba escolhendo um desafio físico para sair de sua zona de conforto. Outras pessoas escolhem uma aventura cheia de desafios físicos, mas que encontram nas atividades culturais um mundo cheio de magia.

HT: A preocupação com o aspecto social da região é uma característica importante da Lares. Como foi essa aproximação com os moradores locais e como eles enxergam o turismo?

EU: Turismo, especialmente o turismo de aventura, é uma das poucas indústrias que se preocupam com a valorização e preservação da cultura e do meio ambiente. É a base de aventura. Mas, para a gente, não era suficiente só incorporar comunidades locais gerando emprego. Queríamos dar um passo adiante. E, assim, propusemos para as comunidades locais uma sociedade (parceria) nos lodges (infra-estrutura) e o desenvolvimento de um destino turístico, através do qual a comunidade local está envolvida em 25% dos lucros do negócio. A contribuição da comunidade é o terreno do lodge e o mais importante e valioso, a cultura e o compromisso de proteger o meio ambiente onde ele foi construído. Eu sempre digo que Mountain Lodges of Peru, uma comunidade empresarial, busca juntar-se com uma comunidade camponesa e ancestral. São duas culturas diferentes tentando avançar junto com uma visão em comum. É um desafio para as duas partes. Para a comunidade do campo, o conceito de empresa, de manejo empresarial é um conceito bastante desconhecido. Para nós, é um desafio (lindo, diga-se) interiorizar os costumes e pensamentos da comunidade. Ninguém é melhor do que ninguém. Chegamos olhando nos olhos e com o compromisso de avançar juntos nos momentos bons e ruins. O processo de chegar ao ponto em que ambas as partes se sentissem confortáveis para dar o passo final demorou três anos.

HT: Essa característica sustentável não é uma constante no mundo do turismo. Na região de Machu Picchu isto é mais comum ou vocês são exceção também na região?

EU: Nos faz bem perceber que somos parte da mudança. Penso que algumas operadores turísticas, agências, hoteis e outros prestadores de serviços estão se juntando a essa mudança. Lamentavelmente, entretanto, somos poucos e existe uma ameaça constante de perder estas culturas e conhecimentos ancestrais que tem mais de 10 mil anos história. Lamentavelmente, existem muitas empresas que promovem a sustentabilidade como marketing, mas não na prática. Pensar esta mudança exige uma visão a médio e longo prazo e ter confiança que o turismo feito de maneira sustentável traz um futuro econômico melhor do que o predatório. Mas muitas agências, em especial as pequenas e novas, não podem ter uma visão a médio e longo prazo, porque precisam sobreviver. É um dilema interessante e complexo. Tenho orgulho de dizer que somos um dos poucos na região com uma visão profunda e holística de responsabilidade social.

HT: Quais os principais diferenciais dos roteiros da Lares Adventure?

EU:  O mais importante é a imersão cultural profunda, que permite trazer experiências muito autênticas de intercâmbio com as comunidades locais. Este nível de autenticidade só se consegue quando se sai dos circuitos turísticos de massa e tradicionais e quando existe um tipo de relação de “sócios” com as comunidades locais.  Outros diferenciais importantes? Quase não encontramos outros turistas na nossa travessia. Vistamos lugares fora do circuito tradicionais e as visitas a lugares mais conhecidos, como Pisaq, Ollantaytambo e Machu Picchu, são em momentos e de maneiras que nos permitem experiências quase exclusivas para o grupo. Nossos grupos são pequenos, em média de 12 pessoas, e são acompanhados por dois ou três guias. Além das aventuras “a la carte”, que diariamente são oferecidas em três modalidades: experiências e visitas culturais, históricas, naturais, gastronômicas, buscando estímulos intelectuais e emocionais; semi-ativas (passeios que combinam visitas culturais com um pouco de atividade física que podem ser suaves caminhadas ou passeios de bicicletas); e ativas, com enfoque principal na atividade física ou o desafio de explorar altas montanhas.

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HT: Vocês inauguraram recentemente os lodges. Quais os próximos passos?

EU:  Temos um projeto para um terceiro lodge, desta vez na comunidade ancestral de Patacancha (vale de Ollantaytambo) e em sociedade (parceria) com a comunidade, para meados de 2016. Com este lodge, completamos a primera fase de The Lares Adventure. A seguinte é a expansão do conceito nessa região com a ideia de desenvolver um parque de aventura com infra-estrutura de alta qualidade. Na cidade de Cusco, nosso hotel-butique El Mercado está tendo muito êxito e, por isso, estamos pensando na possibilidade de ampliar o conceito com um novo projeto na mesma cidade.

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HT: Quais as principais dicas para uma experiência sem sustos na região?

EU: Primeiro, acredito que é importante informar os viajantes sobre o destino. Cusco e Peru se encontram em uma região de desenvolvimento turístico acelerado. Hoje em dia, Cusco tem hoteis, restaurantes, lojas e museus de categoria internacional, mas mantendo sua estética histórica-colonial. Existe uma oferta muito ampla de estabelecimentos de luxo e cinco estrelas, que muitos viajantes não conhecem ou esperam. Depois, é importante ter consciência de que é uma cidade alta, que se localiza a mais de 3,4 mil metros de altitude. Para minimizar os efeitos é recomendável passar pelo menos dois dias em Cusco ou no Vale Sagrado dos Incas para descansar e se adaptar antes de fazer qualquer passeio. Cusco tem muita coisa para se ver e fazer, então faz sentido aproveitar. Terceiro, se preparar para as mudanças de clima. Nos Andes, o clima muda muito rápido e se diz que podemos ter as quatro estações em um mesmo dia. Em quarto lugar, escolher uma operadora ou agência de confiança e de qualidade e, por fim, mas o mais importante: Cusco não é só Machu Picchu. Existe muita coisa para descobrir e experimentar.

HT: Quais os lugares, comidas e experiências que os viajantes não podem voltar para casa sem conhecer?

EU: Cusco merece uma visita. Uma visita ao Templo do Sol Qoriqancha, talvez um dos lugares mais antigos de Cusco, é obrigatório. O bairro de San Blas, artístico, histórico, con muitas lojas e cafés. El mercado de San Pedro, super folclórico. A Plaza de Armas, para se sentar e ver as pessoas passarem e tomar um pouco de sol nas varandas. Um pouco fora da cidade, sugiro uma visita ao complexo arqueológico de Sacsayhuaman e uma visita ao Cristo Blanco de la ciudad, de onde se tem as melhores vistas. No Vale Sagrado não perder Pisaq e Ollantaytambo, que é a cidade histórica em atividade mais antiga da América Latina. Machu Picchu, claro, e tentar realizar a caminhada de Huaynapicchu. No aspecto culinário se deve provar o ceviche, o pisco sour e, para os mais aventureiros, o cuy, um porquinho da Índia. São muitos os restaurantes, mas alguns dos meus favoritos são: La Cicciolina, MAP Café, Chicha, La Bodega 138, Incanto, Calle del Medio e o restaurante do hotel El Mercado.

HT: O viajante brasileiro tem características diferentes do resto do mundo? Quais são?

EU: Os brasileiros têm muito interesse pela cultura peruana. Gostam de conforto e e serviço personalizado. Os brasileiros também prezam o controle da experiência e não são muito fãs de itinerários muito rígidos. Além disso, eles dedicam um tempo mais curto para viajar pela América do Sul, entre cinco e sete dias. Por isso acho que o programa da The Lares Adventure em sua versão de cinco dias e quatro noites oferece uma combinação de cultura, exclusividade, conforto, serviço e flexibilidade para fazer sua própria aventura, que pode ser uma proposta mais atraente para os viajante brasileiro.