Sem resultados ao investir em programação local, Band tem audiência pífia no RJ e chega a ser ultrapassada pelo Viva


Emissora cujo porte não é equivalente à audiência, a Band não vive um bom momento no que tange a visibilidade, especialmente quando observada a praça do Rio. A TV sofre para ultrapassar o 1 ponto de audiência. Sua grade diurna praticamente toda não sai do zero. Na capital fluminense, a Band ocupa o quarto lugar de audiência. Usando o dia 14 de agosto como exemplo, a Globo fez 15 de média-dia e a Band 0,6. Os maus resultados se repetem em outras capitais. Em Manaus, foram 10 para a Globo e 0,9 para a Band, cujo número é ruim mesmo quando comparado ao terceiro lugar o SBT (Tv Norte Amazonas) que marcou 2,3 pontos. Tentando melhorar a representatividade no Rio, a TV contratou Amin Khader e prepara um jornalístico sobre as favelas cariocas

*por Vítor Antunes

Dona de índices que historicamente foram modestos na capital fluminense, a Band Rio passa por uma severa crise de audiência. Raros são os programas que saem do traço, ou seja, passam do zero. Neste ano, 2023, o canal investiu fortemente em programação local como tentativa de conquistar uma maior fatia de público, como através da transmissão do Campeonato Carioca e do desfile das escolas de samba da Série Ouro, e conseguiu índices expressivos, ainda que pontuais. Atingiu a liderança, inclusive, quando da final do campeonato de futebol. Mas o desempenho não se repetiu em outras ocasiões. Mesmo o “Brasil Urgente Rio“, versão carioca do policialesco apresentado por José Luiz Datena na rede, naufraga. No dia 14, por exemplo, o jornal comandado por João Paulo Vergueiro marcou 0,8 de média. No mesmo dia, o “Vem com a Gente” marcou 0,3 pontos, sendo o programa de menor audiência no momento vespertino. A faixa da manhã ficou quase toda no traço e só aumentou com o “Jogo Aberto“, no início da tarde. A única faixa a pontuar foi a noturna. Em junho, a Band chegou a ser ultrapassada pelo Viva, canal fechado. Esses maus resultados podem ser vistos em outras capitais, como Manaus, Recife e Belo Horizonte.

Atualmente com grandes nomes, a Band tenta se fortalecer após a saída de Faustão. O cenário não é tão grave como em 2016, mas é delicado. Segundo publicado em junho deste ano em Veja, houve a dispensa de pelo menos 300 funcionários. Na noite de 21 de agosto estreou o programa “Melhor da Noite“, uma revista eletrônica apresentada por Zeca Camargo e Glenda Koslowski e que objetivava entregar melhores resultados à TV, mas no consolidado o programa atingiu apenas 1,0 ponto, na praça carioca. No Rio, nesta semana, foi anunciada a contratação de Amin Khader e a produção de “Bom Dia Favela“, que estreará em setembro.

O Jornal do Rio é um dos poucos programas da casa a ultrapassar o traço, no RJ (Foto: Reprodução/Band)

ZERO OU UM

Fundada em 1967 e a primeira emissora a produzir toda a sua programação em cores, em 1972,  a Band não vive seus melhores momentos em audiência. A sucursal carioca, inaugurada em 1977, não chega a atingir 1 ponto de média. Não raro, seus programas perdem para a Rede TV ou para a TV Brasil. No dia 21, o “Brasil Urgente Rio” foi suplantado pelo “A Tarde é Sua“, o que deixou o jornal conduzido por João Paulo Vergueiro na penúltima colocação entre as emissoras no horário, assinalou 0,9 ante os 1,0 de Sonia Abrão. No mesmo horário, a Globo exibia um filme obscuro, “Um Santo Vizinho” que marcou 13.

Se usarmos o índice do dia 14 como referência, a emissora pontuou em 0,6 médios. Um número muito inexpressivo, que a deixa apenas à frente da Rede TV e da CNT, cujas médias estão ainda mais próximas do zero – e esta última o atinge. Importante destacar que o “Brasil Urgente Rio” foi implantado em março deste ano justamente como forma de dar uma cara mais carioca à Band, sempre tida como excessivamente paulistana para os fluminenses. Os números da Band são tão ruins, que, em junho, o Canal Viva chegou a atingir índices melhores que a Band. A emissora pertencente ao Grupo Globo arrematou 0,62 ponto na média-dia versus 0,55 do canal aberto.

Ainda na busca de ter uma melhor fatia de visibilidade no Rio, a emissora vai estrear, no dia 4 de setembro o “Bom Dia Favela“, misto de jornalismo e entretenimento que será levado ao ar concorrendo com os homônimos da Globo, o “Bom Dia Rio” e “Bom Dia Brasil“. Outro reforço da casa é a contratação de Amin Khader, que já foi anunciada e cogita-se que vá ser direcionado ao programa “Vem com a Gente“, de Gardênia Cavalcanti.

 

Ex-Globo, Ádison Ramos entrou na leva de contratações da Band para dar uma identidade mais carioca à casa (Foto: Reprodução/Band)

Ainda no campo da baixa audiência, o “Bora Brasil“, jornal que abre a programação diurna da casa, em 1º de maio conseguiu o feito de fechar com média geral de 0,0, ou seja, tinha menos de 4,954 televisores ligados no jornalístico de Joel Datena. No último dia 14, o noticiário esteve mais próximo da sua média normal: 0,1. A grande matutina da Band, inclusive, dificilmente sai do zero. Atinge, no máximo 0,5, com o programa “The Chef“, liderado por Edu Guedes. Os números começam a melhorar na tarde, mas o ponto mais baixo de audiência é, justamente, num programa local, onde esperava-se que os números pudessem ser melhores. Trata-se do programa “Vem com a Gente“, conduzido por Gardênia Cavalcanti, que assinalou 0,3. “Faustão na Band”  respondia pela quarta  melhor audiência da casa na capital carioca, separada em décimos do terceiro lugar, o “Jogo Aberto“. Os primeiros lugares eram ocupados por “Os Donos da Bola” e pelo principal jornalístico do canal, o “Jornal da Band“, respectivamente 1,4 e 1,8 pontos. No período compreendido entre os dias 07 e 13/08 a atração mais vista foi o MasterChef, com 1,6.

“Vem com a gente”, com Gardênia Cavalcanti. O programa de variedades exibido ao vivo e com convidados tem resultados muito ruins na faixa vespertina (Foto: Reprodução/Band)

Os resultados mais expressivos da Band no Rio foram a final do Campeonato Carioca, vencido pelo Fluminense,  que fez a emissora dos Saad pontuar quase 19 pontos, à frente da Globo que marcou 13. Além disto a transmissão dos desfile das escolas de samba da Série Ouro (antigo grupo de Acesso), ainda que criticada pelos especialistas, também teve boa pontuação e, na maior parte das vezes, ocupou o segundo lugar da audiência carioca. O sucesso fez com que a emissora renovasse os direitos de transmissão para o ano que vem, 2024. Outro produto que vem tendo bons resultados, porém considerando a praça nacional é o Campeonato Saudita, que agora conta com Neymar no Al Hilal. O índice foi 317% maior que o costumeiramente marcado pela Band e o campeonato estreou marcando 2,5 pontos.

Fernando David à frente do Jornal do Rio, substituindo Yasmin Bachour no dia 21. É um dos poucos a ultrapassar a marca decimal de audiência (Foto: Reprodução/Band)

A baixa audiência do canal não é exclusiva da praça carioca. Tomando por base o dia 19, os índices na capital paulistana são melhores na média e fazem 1,2, o que coloca a TV na quarta posição entre as emissoras mais vistas no mercado nacional, que é baseado por São Paulo. No Amazonas, no dia 13, a Band marcou 0,9. No Recife, em 1º de agosto, o cômpito foi de 0,8. No dia 31 de julho, em Belo Horizonte, a média-dia foi de 0,6 pontos. Um abismo separa esta da emissora líder, a Globo, que fez 14.

João Paulo Vergueiro conduzindo o Brasil Urgente. Atração fez menos de 1 ponto (Foto: reprodução/Band)