No ar em ‘Paraíso Tropical’, Vítor Novello foi ator mirim, lança álbum e retorna em projetos no audiovisual


O ator cresceu às vistas da câmera. Em 2006 esteve no elenco de “Malhação” e logo no ano seguinte fez sua primeira novela, “Paraíso Tropical”, atualmente em reprise no “Vale a Pena Ver de Novo”. Com 20 anos de carreira, um pouco menos que seus quase 30 de idade, o ator pondera haver perdido passagens da infância enquanto trabalhava, ainda que acredite ter sido importante para consolidar seu gosto pela profissão. Tanto que, do elenco infantil da atual trama em reprise, só ele permanece ativo no ofício. Vítor, além do folhetim global, poderá ser visto em “Reis” da Record e em “Raul, Metamorfose Ambulante”, biografia audiovisual do cantor Raul Seixas que será exibida pela Globoplay. No final de 2023, Vítor lançou um álbum com músicas autorais

*por Vítor Antunes

Desde as primeiras novelas exibidas na TV há a presença de atores mirins. Glória Pires mesmo começou sua carreira assim, na abertura de “A Pequena Órfã“, quando a novela da Excelsior foi ao ar e a vinheta foi refeita pela Globo, em 1971. Atualmente em reexibição, “Paraíso Tropical“, estrelada por uma Gloria Pires adulta, trouxe três atores mirins: Thavyne Ferrari, Dudu Cury e Vítor Novello. A menina está desde 2013 fora das novelas e sonha retornar. Dudu hoje é médico e militar. Vítor é o único que permanece na profissão. Além do repeteco do “Vale a Pena Ver de Novo“, poderá ser visto na série “Reis”, da Record, e em breve, no Globoplay, na adaptação audiovisual da biografia de Raul Seixas (1945-1989).

Sobre haver trabalhado na infância e na juventude, ele desabafa: “É claro que perdi algumas passagens da minha infância, mas isso faz parte da escolha, e fazer o que amo é uma realização que vale muito a pena”. E sobre a fase de transição para a adolescência, destaca:

As inseguranças exageradas, junto à tentativa de me acomodar num lugar de extrema exposição acabaram fazendo dela, a fase mais difícil artísticamente, e coincidiu com a época de “Insensato Coração” (2011). Me lembro de ter que lidar com as recém chegadas travas que a vida dá – Vítor Novello

Às vésperas de completar 28 anos, -Vítor esteve no elenco de “Paraíso Tropical” aos 11 anos -, o artista quer mostrar seu amadurecimento profissional. Será o protagonista do filme “Infinimundo“, dirigido por Bruno Martins e Diego Müller. “É o primeiro filme que protagonizo. Rodado em Santa Cruz do Sul (RS) e que costura com muita poesia a história de três amigos”. Além disso, terá um papel importante na série da Globoplay, “Raul, metamorfose ambulante” , na qual faz Plínio Seixas, irmão do cantor. Além destes, estará em “Reis”, série da Record, na qual vive Jeroboão, no projeto que já está sendo gravado”. Paralelo a isso tudo, Vítor também dá aula de teatro, justamente para o público infantojuvenil, na escola onde começou a estudar arte dramática, a Catsapá, no Rio.

Vítor Novello está de volta ao ar, na Globo, em “Paraíso Tropical” (Foto: Priscila Nicheli)

TEMPO

Uma das primeiras novelas da TV a trazer uma criança como protagonista foi “A Pequena Órfã“, da Excelsior. A então menina Patrícia Aires pediu para ser afastada da trama e anos mais tarde se disse traumatizada por havê-la feito. Desenvolveu estafa e anemia, e seu pai, o também ator Percy Aires (1932-1992) disse que a menina machucou-se numa cena mais bruta, cegando até mesmo a levar um tapa. “Não nasci pra isso de ser atriz. Foi mais uma coisa do meu pai, que era ator… “, disse Patrícia ao UOL, em 2014, onde afirma algo semelhante a Vítor, de que “perdeu a infância”, ainda que ela, a contrário dele, tenha aberto mão da profissão.

Mais recentemente, Eduardo Caldas, ator famoso dos anos 1990 por fazer papéis nas novelas quando ainda era pequeno, resolveu produzir um documentário para tratar sobre esse assunto. Neste ano, 2024, Eduardo completa 40 anos e decidiu fazer uma espécie de “análise assistida“, um balanço sobre o fato de ter trabalhado desde muito jovem à frente das câmeras.

Conforme citamos anteriormente, do elenco infantil de “Paraíso Tropical“, apenas Vítor Novello permaneceu na carreira e, com a reexibição da trama, ele precisa ver a si 14 anos atrás. Há nisso algum pesar ou autocrítica? “Não muita. Vejo mais com alegria, e o susto de me ver tão novo. É uma sensação diferente, mas eu procuro acolher aquele menino, que de alguma forma ainda vive aqui. Foi um trabalho importante e tem sido bonito rever. Cada vez mais tenho sido mais generoso ao me ver. É preciso aprender a ser assim”. Para Vítor é “ótimo pensar sobre essas coisas [da carreira dos atores mirins]  para construirmos uma experiência cada vez mais saudável para as crianças”.

Vítor Novello em “Paraíso Tropical”. Ator tinha 11 anos (Foto: Reprodução/Globo)

Em se tratando das crianças, Vítor continua ligado a elas. Ministra aulas de teatro aos jovens artistas na escola de teatro Catsapá, no Rio, e está produzindo uma peça infanto-juvenil, “que escrevi com um parceiro de trabalho e amigo, Tiago Herz. Cada vez mais eu percebo que quero muito seguir fazendo trabalhos que conversem com as crianças. Gosto de participar da formação de alguém que estará nesse mundo amanhã”. Esta não é a primeira passagem de Vítor pelo gênero do teatro musical infantojuvenil. “Em 2021compus músicas pro espetáculo ‘Zaquim’ e vi que elas eram bem recebidas pela Duda Maia, diretora, e que funcionavam na peça. Isso foi importante pra me dar confiança pra seguir”. A montagem deve ganhar novos contornos ainda neste ano. E o investimento na música rendeu frutos, como o álbum “À Beça“, lançado em 2023. “Para mim esse álbum traz a sensação de sol na cara. A vontade de aquecer o coração”. Vítor relata que o projeto surgiu mais decididamente depois da pandemia “As músicas foram surgindo, outras antigas sendo recuperadas, e então montei o álbum”.

Vítor Novello prepara-se para, em 2024, estar em várias frentes profissionais (Foto: Priscila Nicheli)

Sucesso e fracasso margeiam a carreira de qualquer ator. O que o fracasso e o sucesso ensinaram a ele? “Não costumo muito pensar com essas palavras. Sigo trabalhando há vinte anos com o que amo, tenho criado coisas novas e descoberto novas possibilidades de expressão e de tocar o mundo. Costumo gastar mais tempo desejando e planejando os próximos passos desse caminho, porque acredito nele. Esses altos e baixos da vida de qualquer ator, artista, e pessoa, me ensinam diariamente que o que mais importa é o caminho que se constrói, e não a visão que constroem sobre o seu caminho. As pessoas estão, todas, e é justo que seja assim, ocupadas construindo os seus próprios caminhos, então não é raro que se confundam. Viva a arte e a comunicação, porque claro que caminho compartilhado é mais gostoso”, finaliza.

Créditos:

Fotos: Priscila Nicheli
Styling: Samantha Szczerb
Beleza: Luan Milhoranse