Salvar vidas: SENAI CETIQT + pesquisadores da UFRJ e UERJ atuam no desenvolvimento de medicamento antimetastático a partir de substância encontrada nas vieiras


“A vieira (muito apreciada na culinária, e facilmente encontrado na costa brasileira) é uma potencial fonte de substância para produção desses remédios antimetastáticos, porque é cultivável, e essa substância está alocada justamente em um tecido que é descartado pelos produtores. São vários aspectos positivos no ponto de vista ecológico e social”, afirma o pesquisador da UFRJ Mauro Pavão

Uma daquelas notícias que nos dá orgulho de escrever para você, leitor, e que vai salvar vidas. Pois saiba que as vieiras, sim, aquelas delícias que os chefs preparam receitas incríveis, com elas gratinadas ou grelhadas, ou o que a imaginação e criatividade na culinária inovadora proporcionar, possuem uma substância que propicia o desenvolvimento de um medicamento antimetastático. A metástase é uma condição que acontece quando as células cancerosas se soltam do tumor original, vão para outras partes do corpo e formam novos tumores. O Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT atua em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) justamente no desenvolvimento do remédio antimetastático, a partir de uma substância encontrada nessa espécie de molusco bivalve, marinho e litorâneo, bastante comum na costa brasileira. 

É a verdadeira sinergia entre a biotecnologia marinha e a biomedicina, com potencial social, cientificamente e academicamente relevante. Os professores Mauro Pavão, do Instituto de Bioquímica da UFRJ, e Marcos Bastos, da Faculdade de Oceanografia da UERJ, estudam a presença de substâncias químicas em organismos marinhos e produção sustentável de espécies marinhas. O projeto tem o apoio do Ministério da Saúde e o objetivo de produzir o composto em larga escala, para ensaios clínicos.

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Como se comportam as células cancerosas? De acordo com um artigo publicado Instituto Nacional de Câncer, o INCA, o câncer é causado por alterações da estrutura genética (DNA) das células, as chamadas mutações. Cada célula sadia possui instruções de como devem proceder, ou seja como crescer e se dividir, o período de funcionamento e de sua morte. Na presença de qualquer erro nestas instruções pode surgir uma célula alterada que venha a se tornar cancerosa.

Multiplicam-se de maneira desordenada e descontrolada, ou seja elas se dividem mais rapidamente do que as células normais do tecido à sua volta, e o crescimento celular torna-se contínuo. O excesso de células vai invadindo progressivamente todo o organismo, adoecendo todo o corpo. Geralmente, têm capacidade para formar novos vasos sanguíneos que as nutrirão e manterão as atividades de crescimento descontrolado. O acúmulo dessas células desordenadas dá origem aos tumores malignos.

As células possuem a capacidade de se desprenderem do tumor e de se deslocar. Invadem inicialmente os tecidos vizinhos, podendo chegar ao interior de um vaso sanguíneo ou linfático e, através desses, disseminar-se, chegando a órgãos distantes do local onde o tumor se iniciou, formando o que chamamos de as metástases. Dependendo do tipo da célula do tumor, alguns dão metástases mais rápido e mais precocemente.

“A vieira é uma potencial fonte de substância para produção desses remédios antimetastáticos, porque é cultivável, e essa substância está alocada justamente em um tecido que é descartado pelos produtores. São vários aspectos positivos no ponto de vista ecológico e social”, afirma o pesquisador Mauro Pavão.

Para dar seguimento ao projeto, realizar a reprodução e o cultivo de vieiras, produção de moléculas bioativas e do medicamento, foi construída uma planta piloto, localizada na unidade do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT, no Parque Tecnológico da UFRJ, e contou com o auxílio do laboratório de Maricultura Sustentável da UERJ, que realiza o cultivo e reprodução de vieiras de forma sustentável para fins alimentícios, na busca de fortalecer a cadeia da vieira e a maricultura do estado do Rio de Janeiro. Esse laboratório tem capacidade de produzir um milhão de unidades, o que pode gerar até 2.000 kg de resíduos. A intenção é valorizar resíduos da cadeia de valor da vieira, em específico a massa visceral, dessa maneira o resíduo gerado se torna matéria-prima para a produção composto antimetastático em fase de desenvolvimento pré-clínico.

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O Instituto SENAI Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT apoiou essa iniciativa na etapa de escalonamento do processo, no dimensionamento dos equipamentos e na construção da planta piloto multipropósito e conteinerizada para produção do composto metastático, que está localizado no Parque Tecnológico da UFRJ. Atualmente, o Instituto continua apoiando o projeto nas etapas de comissionamento e startup da planta piloto e na otimização do processo em escala piloto.

“O potencial dos oceanos para fornecer matérias-primas renováveis para a nova bioeconomia já está sendo explorado em diversos países. O SENAI CETIQT em parceria com UFRJ e UERJ são protagonistas do desenvolvimento desse potencial no estado do Rio de Janeiro”, comenta João Bruno Valentim, coordenador da Engenharia de Processo e Transformação Química no Instituto SENAI Inovação em Biossintéticos e Fibras