Raí vê salvação da política na esquerda e fala de boatos com Zeca Camargo: “Se ele fosse um amigo, alguém próximo, mas não”


Em entrevista à “Revista Playboy”, o meia disse que tem, sim, jogadores homossexuais, “só que é um meio tão machista que ninguém fala”

Vencedor de uma peleja nos tribunais paulistanos contra uma jornalista por ter sua sexualidade colocada em xeque, o ex-meio campo Raí resolveu quebrar o silêncio à “Revista Playboy”. Segundo ele, a boataria de que teria separado de sua mulher para ir morar do jornalista Zeca Camargo surgiu “do nada”. “Foi alguém que quis inventar algo. Se ele fosse um amigo, alguém próximo, mas não. Ela (a jornalista) inventou do zero. Todo mundo que compartilhou sabe que não é verdade”, garantiu ele, que foi indenizado em R$ 72,4 mil por dano moral.

Raí, por outro lado, ajuda a por fogo na utopia de que não há homossexuais no futebol brasileiro. “Já ouvi muitos jogadores falando que não tem, mas claro que sim. Só que é um meio tão machista que ninguém fala. O mundo do futebol sempre foi ligado a esse lado da força, de se mostrar o mais violento”, explicou ele, que, com a fama de pacato, tem certeza de que a carreira “teria sido muito mais complicada se fosse solteiro”.

Para Raí, "todo mundo que compartilhou [os boatos] sabe que não é verdade” (Foto: Claus Lehmann)

Para Raí, “todo mundo que compartilhou [os boatos] sabe que não é verdade” (Foto: Claus Lehmann)

Irmão do lendário Sócrates, morto em 2011 em decorrência do alcoolismo, Raí também contou que nunca teve “muita resistência para bebida” e que nunca consegui “beber vários dias seguidos”, ao contrários dos colegas de campo. Ainda em processo de politização, ao contrário do irmão, um engajado nato, o paulista de Ribeirão Preto descarta sair como candidato num pleito próximo. “Uma hora dessas algum desses movimentos de esquerda vai ter uma sacada que pode se transformar em uma inovação global em termos de política. O Brasil tem esse ambiente, apesar de todos os nossos pesos históricos”, apostou.

Às vias de uma fotobiografia, ele finaliza atribuindo a derrota do Brasil para Alemanha por 7 a 1 na última Copa do Mundo, por “uma mistura de pressão gigantesca com uma equipe que não se encontrou taticamente, não se sentiu pronta”.  “A Copa foi chegando, aconteceram as primeiras partidas, e o time não se sentiu pronto para esse desafio. E a consequência foi um desequilíbrio, porque essa pressão, quando o time está bem, leva para cima”, opinou.