Grupo de apoio a LGBTQs pede perdão por homenagem a homofóbicos


Um porta-voz do SAVE, maior grupo de defesa de direitos LGBTQs do Sul da Flórida, pediu desculpas por ter homenageado quatro homens acusados de atacar violentamente um casal gay em Miami, em junho de 2018

*Por Jeff Lessa

Um porta-voz do SAVE, maior grupo de defesa de direitos LGBTQs do Sul da Flórida, pediu desculpas por ter homenageado quatro homens acusados de atacar violentamente um casal gay em Miami, em junho de 2018. Eles são acusados por lesão corporal grave e crime de ódio.

Depois da comemoração do Orgulho LGBTQ nas ruas de Miami Beach em 2018, os homens foram filmados atacando Rene Chalarca e Dmitry Logunov por serem gays, assim como Helmut Muller Estrada, um bom samaritano que estava passando e tentou acabar com a briga. Segundo as vítimas, Juan Lopez, Adonis Dias e Pablo Reinaldo Romo-Figueroa, de 21 anos, e Luis Alonso-Piovet, de 20, gritaram insultos anti-gay durante o ataque, que foi registrado pelas câmeras de vídeo das proximidades. Os acusados se entregaram depois do imenso compartilhamento das imagens nas mídias sociais.

Os quatro acusados pelo ataque homofóbico em Miami podem pegar até 30 anos de cadeia (Foto de divulgação)

Acontece que eles haviam prestado serviço voluntário para o SAVE, trabalhando na organização da festa anual Champions of Equality Gala. Muito espertamente, os pais de Juan Lopez pediram à direção do grupo para que o rapaz fosse voluntário – e foi atendido pela direção, aparentemente, não sabia das acusações. (Detalhe: os pais do rapaz formam um casal gay há 15 anos.) Além de Lopez, os três outros acusados prestaram serviços ao SAVE, numa clara tentativa de diluir a acusação mostrando sua tolerância em relação a LGBTQs.

Durante a festa, o diretor-executivo da instituição, Tony Lima, teria reconhecido os homens e os elogiado publicamente por seu voluntariado. Na última sexta-feira (28/6), Lima publicou um vídeo no Facebook dizendo que havia se precipitado e pedindo desculpas.

No vídeo, ele explica que a entidade foi contatada pelos pais de Juan Lopez, de 21 anos, pedindo para que o filho fosse empregado como voluntário na instituição. No final, cada acusado fez trabalho voluntário por duas a três horas. Eles e os pais de Lopez compraram ingressos. Lima conta que deu as boas-vindas ao grupo durante a festa. Ele afirmou que agiu por conta própria e que deveria ter consultado o conselho diretor.

Junto com o comunicado de Lima, o SAVE lançou um pedido de desculpas no facebook: “Queremos estender nossas mais profundas desculpas, primeiro, às vítimas e, igualmente, à comunidade por qualquer falta de sensibilidade que possa ter sido cometida por nós em função da presença e da referência aos nomes deles no baile”, dizia a nota. “No momento, estamos investigando mais cuidadosamente para apurar os fatos em torno da presença e do reconhecimento desses indivíduos. Vamos providenciar uma explicação atualizada para nossos apoiadores e a comunidade em geral assim que reunirmos toda a informação correta”.

O advogado de Lopez nega a acusação de crime de ódio, alegando que, como o pai dele é gay, não há como o filho sentir ódio por pessoas LGBTQs.

No entanto, o gabinete da Promotoria publicou um comunicado afirmando que os quatro suspeitos não foram, de forma alguma, acusados erroneamente e que o gabinete vai manter as acusações de lesão corporal grave e crime de ódio. As acusações de crime de ódio foram acrescentadas após o ataque e significa que os homens podem pegar até 30 anos de cadeia, caso sejam condenados.