Espetáculo inédito dirigido por Wendell Bendelack sobre sexo casual está em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim


Comédia ácida, “O Fim da Esperança”, traz Rafa Baronesi e Thais Belchior no elenco e texto de David Ireland até 28 de maio no Rio de Janeiro

Conhecer alguém por meio de aplicativo de relacionamentos é algo que acontece na vida de 10 milhões de brasileiros, segundo uma pesquisa recente do site Business of Apps. Esse retrato da nossa contemporaneidade é esmiuçado no espetáculo inédito “O Fim da Esperança”, do festejado dramaturgo irlandês David Ireland — o mesmo do sucesso “Avenida Cyprus” –, que finalmente chega ao Brasil para uma curta temporada no Espaço Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim, até 28 de maio, no Rio de Janeiro.

Sob a direção de Wendell Bendelack, a peça que traz no elenco Rafa Baronesi e Thais Belchior joga uma lente de aumento sobre uma noite fullgás vivida por seus personagens, Dermot, um poeta egocêntrico, e Janet, uma funcionária de supermercado. Após uma transa casual, a dupla formada por um match de app começa a conversar e descobre muitas coisas, inclusive que não tem quase nada em comum.

Espetáculo inédito de David Ireland sobre sexo casual está em cartaz até 28 de maio na Casa de Cultura Laura Alvim (Foto: Renato Mangolin)

Espetáculo inédito de David Ireland sobre sexo casual está em cartaz até 28 de maio na Casa de Cultura Laura Alvim (Foto: Renato Mangolin)

“Acontece com todo mundo, o tema é universal. Quando me deparei com esse texto, quis muito fazer porque queria encenar algo que divertisse as pessoas, mas também fizesse refletir. Ultimamente, cada vez mais vivemos dentro das nossas ‘bolhas’. Existe uma dificuldade muito grande em lidar com o outro, em aceitar a diferença do outro. A peça trata de duas pessoas bastante diferentes, que começam a se conhecer só depois do sexo. Ela é o avesso dele. E então começam a tratar de temas como sexualidade, política e religião, entre outros”, conta Rafa, que também assina a realização do espetáculo.

Sob a direção de Wendell Bendelack, a peça que traz no elenco Rafa Baronesi e Thais Belchior (Foto: Renato Mangolin)

Sob a direção de Wendell Bendelack, a peça que traz no elenco Rafa Baronesi e Thais Belchior (Foto: Renato Mangolin)

Embora deem vida a um casal heterossexual no palco, tanto o ator como Thais acreditam que se fosse uma formação LGBTQIAP+ a dinâmica não mudaria muito. “A peça fala muito sobre a importância do ‘ter’ à frente do ‘ser’. A gente mostra uma situação que é muito mais comum do que se pensa. Os relacionamentos estão cada vez mais líquidos, ninguém quer se apegar. Agora, acho que toda mulher cria uma casca para se proteger”, conta a atriz.

Coincidentemente, Thais e Rafa, assim como seus personagens, também não se conheciam antes dos ensaios da peça e foram unidos pelo diretor, Wendell Bendelack. “A gente nunca tinha se visto direito. Quando o Wendell falou, fui pesquisar quem era o Rafa no Instagram. É muito bom isso para o espetáculo, porque a nossa falta de intimidade também aparece na cena. Tudo é desconhecido e novo”, explica ela.

Para a encenação, que se passa integralmente durante uma única noite, Wendell criou com a cenógrafa Cris de Lamare um ambiente multifuncional para a dupla transar e ter uma grande DR — discussão de relação. “Há muito tempo queria dirigir uma história sobre um casal. É uma situação agradável de se acompanhar, porque você fica curioso para saber onde isso tudo vai dar. O personagem do Rafa acorda na casa dela, logo depois do gozo, e a mulher está fantasiada de rato (risos). A partir daí, trabalhamos várias camadas, há absurdos, reflexões e a gente brinca com assuntos da atualidade. O público vai se identificar demais”, diz Wendell.