Canal do Instagram que dialoga com o universo feminino contemporâneo estreia terceira temporada


Criadora do canal Pulp Lu, a atriz e escritora Maria Luisa Friese fala da temporada inédita que levanta questões que emergiram na pandemia

Inspirado em tirinhas de jornal e HQs, o canal Pulp Lu, criado por Maria Luisa Friese, estreia nesta sábado (1) sua terceira temporada, sempre trazendo temáticas feministas, humorísticas, satíricas e até mesmo eróticas. Idealizado especificamente para o Instagram, o canal estreou em novembro de 2019. A atriz e escritora está de olho na comunicação através da arte e do humor, faz tempo. E nessa nova temporada o canal inova o formato já apresentado até então e estreia a série “Maria, se liberta!” com roteiro de Maria Luisa Friese e Michel Blois, que também dirige o projeto. Ao todo serão 23 episódios com duração entre 1 a 3 minutos cada. As filmagens aconteceram em plena pandemia do Coronavírus, mas seguindo todos os protocolos de segurança.

Desta vez, em cena, a atriz vive Maria, que em plenas férias, é impelida, por seu chefe, a continuar trabalhando. Ela sabe que não deveria fazer isso, mas o medo de perder o seu emprego a aprisiona. “Enquanto ela se maquia e se veste para um carnaval solitário, Maria conversa com sua consciência, materializada na figura de Cleópatra. Juntas, elas vão analisar o dia a dia de Maria e perceberão as várias formas que o assédio moral se presentifica no seu ambiente de trabalho”, conta Maria Luisa. “A série enfatiza o retrato da mulher atual dando foco na relação de trabalho, incluindo não só as lutas por direitos iguais, mas também as relações abusivas que sofrem por parte do empregador, normalmente do sexo masculino. A escolha das personagens para a série são também uma relação de sororidade: Maria – a mulher “comum” – é impulsionada por Cleópatra – a Rainha do Egito que não se deixou ser dominada – para uma libertação, uma tomada de atitude diante de um assédio moral”,

Maria Luisa caracterizada como Cleópatra para a terceira temporada da série (Divulgação)

Maria Luisa caracterizada como Cleópatra para a terceira temporada da série (Divulgação)

Ela salienta ainda, os dados de que a pandemia intensificou mais as desigualdades sociais e de gênero. “Muitas mulheres tiveram que abrir mão das suas carreiras para se dedicar à casa somente pelo fato de serem mulheres ou então foram pressionadas por seus empregadores, sendo objetificadas em reuniões virtuais e teleconferências”, observa. “Em um mundo onde a desigualdade trabalhista em relação a mulher e a misoginia ainda imperam, nada mais urgente do que falar sobre o tema e incentivar todas e todos a se libertarem, afinal, a liberdade pode e deve ser um bem comum”.

Para falar sobre feminismo o canal Pulp Lu trabalha com ícones como a Mulher Maravilha, Marilyn Monroe, Bonequinha de Luxo e agora Cleópatra. “Elas foram símbolos de mulheres super empoderadas, feministas, inteligentes e corajosas e em Pulp Lu elas ganham voz para falar no século 21 sobre o que quiserem, sem medo de serem felizes e sinceras, falando tudo o que não falariam em outras épocas”, afirma Maria Luisa.

Maria Luisa sobre as mulheres que encarna no canal: "Elas foram símbolos de mulheres super empoderadas, feministas, inteligentes e corajosas e em Pulp Lu elas ganham voz para falar no século 21 sobre o que quiserem, sem medo de serem felizes" (Divulgação)

Maria Luisa sobre as mulheres que encarna no canal: “Elas foram símbolos de mulheres super empoderadas, feministas, inteligentes e corajosas e em Pulp Lu elas ganham voz para falar no século 21 sobre o que quiserem, sem medo de serem felizes” (Divulgação)

Ela também detalha o universo feminino contemporâneo que deseja dialogar através do canal: “É o universo que floresce hoje na sociedade, no trabalho, na família, na escola, nas festas, na política. É essa mulher, tanto jovem ou mais velha, que percebe que pode ser o que ela quer ser, sem rótulos, crenças, ideias, discursos ou dogmas impostos pelos outros, por uma sociedade ainda machista e por crenças que foram fabricadas. Essa transformação do feminino que vai além é expandir o pensamento e dialogar com todos, ir além da questão feminina no sentindo de transbordar o pensamento, ultrapassar o assunto e penetrar num universo de relação do ser humano consigo mesmo e com o próximo, com os seus corpos, com a natureza, pensar numa sociedade melhor, para tudo e todos. Gerar o movimento da delicadeza e do amor, no sentindo mais amplo da palavra “feminino”.  Criar um mundo mais igual para vivermos. Eu acho que o feminismo ajuda nesse processo”.