No Vivo Rio e sem o Yes, Jon Anderson mostra versatilidade e talento eclético como artista solo


Vocalista do lendário Yes, que não se apresentava no Brasil desde 2012, conseguiu superar as expectativas de fãs que acompanham há décadas o seu trabalho, proporcionando mais um espetáculo inesquecível

*Por João Ker

Faltavam poucas horas para começar o mais recente capítulo do novo ultimate fight entre Dilma e Aécio, no debate realizado pelo SBT, mas, no Vivo Rio, o clima era de paz absoluta: os cariocas já podiam dar boas vindas a um dos maiores ícones mundiais do rock progressista. O lendário Jon Anderson, ex-líder do Yes, proporcionou uma noite inesquecível neste domingo (19/10) para os fãs da banda – e também para alguns curiosos das novas gerações – acabaram se deparando com um dos maiores multi-instrumentalistas do rock. Há dois anos longe do Brasil e há outros seis afastado da banda britânica que ajudou a fundar em 1968, o ex-vocalista é capaz de comandar um show que dispensa qualquer artifício e ajuda, tocando sentadinho no seu banquinho, bem calminho, enquanto o público, formado sobretudo pelos fãs originais do grupo, admirava embasbacado. Bem diferente da balbúrdia que assola o horário eleitoral (ou eleitoreiro) na TV aberta.

Antes de dar início às músicas, o público passa por uma espécie de imersão paradisíaca, onde vários pássaros começam a cantar no interior da casa de shows. Não, não se trata de espetáculo circense, muito menos de introdução new age ornitológica, mas apenas a parcela esotérica de Jon Anderson, que surge logo no início, cercado de velas no palco. Puro zen. O show inclui tanto as músicas do artista solo, quanto aqueles grandes sucessos do grupo original que atravessaram décadas como “pedras preciosas” do rock: “Soon”, “And You And I” “I’ve Seen All Good People”. E, óbvio, “Roundabout”, o primeiro grande sucesso do Yes, presente no disco “Fragile” (1971) e que merece sempre uma atenção especial tanto do músico quanto da plateia, que foi convidada a se levantar na hora da execução. Solene.

Yes – ‘Roundabout’
Jon Anderson soube muito bem agradar os fãs, mostrando simpatia e exímio talento no palco. Primeiro, tocando sozinho – sim, sem a ajuda de nem uma alma viva – todas as músicas do repertório e se dividindo entre instrumentos como violão, guitarra, ukulele e teclado, capacidade que, ao contrário de seus companheiros de gênero musical, aprendeu na estrada e não na escola. Já no quesito simpatia, Jon conquistou mais ainda (se possível) seus fãs enquanto contava histórias dos anos 1960 e 1970, como quando conheceu Bob Marley e quando aceitou um “cigarro diferente” de Robert Plant, ex-Led Zeppelin. Um grande showman, que mostrou ao Rio de Janeiro como e porquê ainda é considerado um dos “grandes” no rock.

 

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Fotos: Vinícius Pereira

Obs.: Este texto contou com a ajuda de Amanda Déa e Paulo Cesar Souza e Silva