Vem saber tudo sobre os 20 anos de carreira de Marcelo D2 e como foi a gravacão do primeiro DVD ao vivo com o Citibank Hall lotado


Espetáculo “Nada Pode Me Parar” foi transmitido pelo Multishow e ainda teve participação de BNegão

*Por João Ker

Parece quase inacreditável que Marcelo D2 já esteja comemorando 20 anos de carreira e mais surpreendente ainda que só agora ele esteja lançando um DVD ao vivo depois de ter seguido carreira solo (o Acústico MTV lançando em 2004 não é um show de arena, antes que contestem tal informação). Os fãs do rapper  lotaram o Citibank Hall na noite deste sábado (20/12), onde ele apresentou o show “Nada Pode Me Parar”, reunindo desde os sucessos que enlouqueceram os jovens na época do Planet Hemp até os dias de hoje, com transmissão ao vivo pela internet e pelo Multishow.

Antes de D2 chegar ao palco, o público formado basicamente por uma galera na casa dos 20 anos circulava pela casa, comprando uísque, energético e uns bons copos de cerveja para aguentar a maratona que vinha pela frente. Os ânimos já estavam fervendo graças à rádio “Nada Pode Me Parar”, montada dentro do local e comandada por Marcelo Yuka, que intercalava sets de rap com apresentações de novos nomes da cena. Eis que, exatamente às 23h (a transmissão ao vivo provavelmente impediu aquele típico atraso carioca), D2 começa o show e o público inteiro vai à loucura.

A setlist deu aquela pincelada em toda a carreira do rapper, com improvisos, participações e uma energia positiva para ninguém colocar defeito. Branco, preto, morro, asfalto, menino, menina, jovens (a grande maioria) e senhores se balançavam e levantavam a mão quando Marcelo D2 pedia. Com “Está Chegando a Hora (Abre Alas)”, do último álbum lançado no ano passado e que deu origem ao espetáculo, ele começa o show, usando uma toca na cabeça e apoiado por uma banda com guitarra, baixo, bateria, atabaque e as samples poderosas do DJ Nuts.  Na seguida, outro single do mesmo disco, “Eu Já Sabia”, que na versão de estúdio conta com as participações de Sain e Hélio Bentes.

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Entre uma música e outra, D2 pede licença para tomar um pouco de “água”, agachando no canto do palco e dando alguns goles em um copo de cerveja. Em “Vai Vendo”, lançada em 2003 com o álbum “À Procura da Batida Perfeita”, o público faz uníssono durante os raps, provando que acompanham a velocidade com que o cantor rima. “A Maldição do Samba” entra na sequência e, a essa altura, o cara já convidou toda a sua turma para subir no palco, com gente como Akira Presidente, Batoré (Cone Crew Diretoria), Shock e Sain (Start Rap) se divertindo e fazendo bagunça lá em cima: imagine você, leitor, com cerca de 12 amigos e uma multidão obediente. Claro que foi inesquecível.

A noite também teve espaço para duas das grandes paixões de Marcelo D2. Antes de cantar “Nega”, ele ofereceu a música à  Camila Aguiar, com quem já está casado há 14 anos. Depois, em uma sessão épica de improvisamento proporcionada por BeatBox, os dois apresentaram “Seven Nation Army” (The White Stripes), que a essa altura jé é hino de quase todas as torcidas organizadas do futebol, e levantou uma camisa do Flamengo, momento que até quem não era da torcida rubro-negra se viu obrigado a cantar junto o “Ôôôôô-ô-ô-ô-ô-ô”.

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BeatBox, por sinal, deu um show à parte, ilustrando muito bem o que D2 quis dizer com: “Quando são cinco horas da manhã e o som do carro tá quebrado, a única pessoa que consegue segurar uma festa é ele”. Sabe-se lá como, mas só com a boca o cara consegue fazer sons de música eletrônica, samba e rap, tudo ainda mais amplificado com as faixas do DJ Nuts. Ver BeatBox simulando todos aqueles barulhos enquanto Marcelo D2 rima no melhor do freestyle é mais do que entender o porquê de ele ter uma carreira que já dura duas décadas, mas é testemunhar a própria essência desse movimento cultural gigantesco que é o rap. Juntos, eles foram de “Sweet Dreams” (Eurythmics) a “Vou Festejar” (Beth Carvalho), no que a plateia exigiu um bis mesmo depois de o som ter terminado.

Outra participação de peso durante a noite foi a entrada de BNegão, que levou os fãs mais roots de D2 à loucura. “P***aaaaaaa!!!”, gritavam e se empolgavam algumas meninas da plateia enquanto o ex-companheiro de Planet Hemp chegava de mansinho. Juntos, cantaram “Stab”, dando um novo significado ao verso “Nossa vitória não será por acidente”. Na sequência, Marcelo D2 emendou “Contexto”, perguntando “Quem joga fumaça pro alto?”, ao que o público respondeu junto com o rapper: “D2!”.

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Em meio a uma fumacinha na plateia, que os seguranças tentavam identificar de onde vinha, o próprio Marcelo D2 cantou, fazendo uma homenagem ao seu ídolo Bezerra da Silva: “Se segura, malandro, pra fazer a cabeça tem hora”. Não por acaso, o rapper também fez um medley com “Quem Tem Seda” e “Cadê o Isqueiro” (do Mr. Catra, com direito a voz rouca e tudo), levantando um mar de fogo da audiência e aproveitando para promover sua marca de sedas lançada durante o evento.

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Foram muitos os motivos para a noite ter sido inesquecível, principalmente para quem assistiu a tudo de perto. Fabrício Sigfried Ende, de 22 anos, conhece as músicas de D2 desde que tinha 8. “Eu escuto desde antes de ele sair de Madureira”, comenta animado ao final do show, agradecendo à mãe pelo incentivo musical. Estudante de Educação Física, ele diz que sua música preferida é “1967”, a qual o rapper dedicou a todos os skatistas do show. E será que Marcelo D2 consegue manter a carreira no topo por mais 20 anos? A pergunta parece quase retórica para o rapaz: “Consegue fácil!”, diz fazendo as contas da idade atual do ídolo. Thainá Ribeiro (19) foi para acompanhar o namorado Yuri Firmino (25), ambos seguidores de D2 já há bastante tempo. Ele, estudante de jornalismo e familiarizado com o som desde 1996, não poupa elogios à noite: “F**a demais! Um sonho realizado”, comenta sobre a primeira vez em que assiste ao ídolo ao vivo. “Se depender de mim, ele continua fazendo música por mais 40 anos”.

Dizer que Marcelo D2 é um dos nomes mais consolidados do rap brasileiro não é exagero. Misturando samples do samba e sempre pregando o respeito, a vitória pelo trabalho e o jogo limpo em seus shows, ele consegue agregar fãs dos mais diversos gêneros e setores, todos convivendo em perfeita harmonia durante a noite. Comemorar 20 anos com um DVD ao vivo é apenas o começo de uma carreira que já teve momentos brilhantes e promete muitos outros pela frente. Nas palavras do próprio: “Se eu quero, eu posso porque eu tenho o poder”. E D2 quer, pode e tem.

Abaixo, confira uma galeria de outros famosos que também são fãs de D2 e foram conferir o show de pertinho:

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