*Por Júnior de Paula
Depois de se transformar no programa mais visto do Multishow, o “Vai Que Cola”, sitcom que investe no humor e no formato de teatro televisivo tal qual “Sai de Baixo”, estreou sua nova temporada temporada nesta segunda-feira (1/9). Quase tudo continua igual, a não ser por uma grande diferença: este primeiro episódio foi transmitido ao vivo, com direito à mobilização da equipe do canal e um pré-programa mostrando os bastidores – também ao vivo – apresentados por Didi Wagner e Dani Monteiro.
A plateia estrelada, comandada por Carol Sampaio, incluía uma turma bem eclética que ia de Joel Santana a José Loreto, passando pela mãe de Paulo Gustavo, uma das maiores estrelas do elenco, Fabíula Nascimento e Jorge Aragão. Falando em elenco… Poucas vezes se viu fora da televisão aberta brasileira uma reunião com tantos talentos do humor em um mesmo palco. Se já não bastassem os dois maiores nomes da comédia brasileira no momento, Paulo Gustavo e Tatá Werneck (que é a nova integrante do elenco fixo), ao lado de Fábio Porchat, que também dará as caras pela pensão, “Vai que Cola” ainda tem Samantha Schmutz, Cacau Protásio, o impagável Marcus Majella, Catarina Abdalla, Fernando Caruso, Fiorella Mattheis e Emílio Dantas.
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Fotos: Divulgação
Tudo embalado em um belo cenário giratório que, ao rodar, mostra os vários ambientes da pensão onde se desenrola a trama, e que, nesta temporada, ganha mais um espaço de ação: a laje, com direito a churrasqueira e tudo. É ali que a turma da pensão da Dona Jô se vê às voltas com a presença da polícia na região do Méier e todos passam a temer pela liberdade, já que ali cada um tem uma contravenção para chamar de sua. Desde Valdomiro, o personagem de Paulo Gustavo que é acusado de crime financeiro, até a Aparecida de Fiorella Mattheis, que finge se passar por uma tcheca quando na verdade é só uma trambiqueira de Cascadura.
Ah, e ainda tem à direção estrelada de
João Fonseca que, apesar de ser um nome forte do teatro brasileiro, pouco consegue acrescentar no todo. O que era para ser um jogo ganho, quase termina em 7×1 para o time adversário. Muito por conta das limitações do roteiro, com piadas fracas, situações constrangedoras e um humor antigo que só funciona nos momentos em que seus intérpretes se desprendem das amarras do texto para tentarem brilhar individualmente – ou, ao menos, jogando com a cumplicidade que eles já têm. Foi assim, por exemplo, quando Majella brincou com a sexualidade de Paulo Gustavo, afirmando que ele é gay, numa espécie de piada interna depois que PG virou alvo da comunidade LGBT por criticar as Paradas Gay e não dizer com todas as letras sua orientação sexual. Impossível não rir muito com a reação de todos – elenco e plateia – diante da
cena.
Paulo Gustavo e Marcus Majella, aliás, foram os responsáveis pelos melhores momentos da noite. Inspirados e sem medo de improvisar, errar e se divertir com os erros, eles não se intimidaram com a pressão do ao vivo e nem com a plateia estrelada, botando para quebrar e deixando pouco espaço para que se achasse graça de qualquer outra tentativa de humor feita pelo resto do elenco. Samantha Schmutz, é bom que se faça justiça, segue bem perto a velocidade dos dois e consegue fazer uma Jéssica muito maior do que a que certamente vem estampada no roteiro. Cacau Protásio também tem bons momentos, assim como a construção interessante de Catarina Abdalla para sua personagem. Mas, em geral, o resto do elenco e só escada para que as estrelas brilhem de verdade. Agora é aguardar os próximos episódios para ver se o jogo vira, já que além de Tatá Werneck, Marcelo Médici e Julia Rabello também entram para o elenco fixo.
* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura