No Rio 40 graus, Universo Spanta reuniu de BaianaSystem, Emicida e Planet Hemp a Ney Matogrosso e Paulinho da Viola

Publicado por Heloisa Tolipan em 17/01/2023

Com mais de 150 artistas, o evento que já faz parte do calendário da cidade mergulha na identidade brasileira misturando MPB, rock, pagode, funk, sertanejo, eletrônico, hip hop, rap e carnaval e levou o melhor da música brasileira à Marina da Gloria

Os shows do BaianaSystem tem sempre uma veia muito política e atual

*Por Rafah Moura

O Universo Spanta parou, literalmente, o trânsito do Aterro do Flamengo, no final de semana. Para se chegar à Marina da Glória, o povo precisava de muita paciência. O evento, que já faz parte do calendário da cidade, elevou a temperatura a máxima potência. No line-up, BaianaSystem com BNegão e Claudia Manzo, Emicida com Drik Barbosa, Planet Hemp, Rael, Francisco El Hombre, Renegado com Jall, além dos Djs Rapha Lima, Will OW e Tamy.

‘Folha de arruda, pé de coelho e sal grosso’ canta BaianaSystem, na faixa ‘Reza Forte’, com participação de BNegão, que abriu os shows no Palco Corcovado, evocando boas energias, pedindo muito axé e vibrações positivas para 2023. Já incendiando o público com a energia nas alturas com o show ‘Sulamericano Show – Versão Brasiliana’, misturando hits dessa turma de Salvador e do disco ‘OxeAxeExu’, de 2021, considerado um dos maiores álbuns da música brasileira, que traz a direção visual de Filipe Cartaxo e mergulha no universo político.

Há uma troca entre vários artistas, nacionais e internacionais, em um itinerário que passa pela África Oriental e cruza as infinitas fronteiras etnolinguísticas da América Latina. Uma curiosidade sobre a banda: as máscaras distribuídas nos shows são objetos de desejo. Elas aparecem como personificação de um ‘ser’ que é um elo com o público, fazendo com que o mesmo vire parte integrante de uma grande união.

Russo Passapusso, vocalista do BaianaSystem, incendiou o Universo Spanta (Foto: Ruano Carneiro/ Agência R2)

A banda mistura o reggae sound system com a guitarra baiana, fazendo uma fusão do gênero jamaicano com ritmos afro-brasileiros, como afoxé, ijexá e samba-reggae. Em canções específicas também se nota referências de ska, MPB, afrobeat e pagode baiano. “O baiano já tem essas misturas de sons e ritmos na nossa formação. Temos a percurssão muito forte, a nossa formação e isso se dá pelas nossas experimentações. São muitas camadas construídas pelas nossas vivências e vontades”, conta Roberto Barreto, guitarrista do BaianaSystem.

O BayanaSystem foi criado em 2009 e o nome vem da união do instrumento com o ‘sound system’, o sistema de som criado e popularizados na Jamaica. O guitarrista Roberto Barreto conversou conosco minutos antes de entrar no palco do Universo Spanta.

O BaianaSystem em seus shows faz um grande cross entre as artes (Foto: Ruano Carneiro/ Agência R2)

Emicida é daqueles artistas gigantes, que nos fazem refletir sobre empatia, política, humanidade e artes. Com uma apresentação mais introspectiva, o artista fez a platéia cantar como um grande coro que tinha a Baía de Guanabara como cenário e nos levou a sonhar mais alto que drones, como canta em ‘AmarElo’, ‘Eu sonho mais alto que drones/ Combustível do meu tipo? A fome/ Pra arregaçar como um ciclone/ Pra que amanhã não seja só um ontem/ Com um novo nome’.