*Por Domênica Soares
Com muito suingue e características da cultura angolana no repertório, o cantor Preto Show desembarcou no Brasil para produzir seu mais novo disco “Internacional Benger”. Ao todo serão 15 faixas que trazem misturas inusitadas de ritmos, como o funk, afrobeat e reggaeton e o lançamento está previsto para fevereiro. Mas não para por aí. O álbum vem acompanhado de feats com Anitta, Nego do Borel, Rincon Sapiência, Anselmo Ralf, Yola Semedo, Soraia Ramos, entre outros.O artista explica que a escolha do país tropical surgiu porque existe uma paixão pela língua, ritmo e a comunicação dos brasileiros e, além disso, cita também o amplo mercado da música que vem ganhando cada vez mais força para divulgar produtos sonoros unindo Brasil e África, o que para ele é extremamente proveitoso porque ambos os países possuem uma raiz afro cultural e esse aspecto foi mais um ponto positivo em sua decisão.
Com o primeiro clipe lançado, “My Love”, ele afirma que o melhor ainda está por vir com suas parcerias. “Escolhi grandes amigos para estarem nesse álbum comigo. O principal fator foi a afinidade. Gosto de ouvi-los e da vibe que eles propõem com seus estilos musicais. Temos uma relação de amizade”.
Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, o cantor diz que estará no Brasil até esse finalzinho de ano, mas que em 2020 retorna para passar férias e quem sabe iniciar uma tour de seu disco pelo país. “Tudo vai depender de como a música vai tocar. Minha vontade é essa: apresentar novos sons. Vamos misturar a música afro e dar uma pitada brasileira. Vai ser um momento incrível de aprendizado”.
Para ele, o mercado brasileiro é semelhante ao angolano em partes, visto que a Angola possui 27 milhões de habitantes enquanto o Brasil conta com mais de 100 milhões. “Por esse fator, o mercado da música na Angola não possui uma extensão tão ampla como o Brasil. São muitos ritmos, vibes musicais, contudo ao meu ver, ainda enxergo que existe uma resistência do país ao receber novos sons. No exterior, a música vem passando por uma mistura, e estou percebendo que, aos poucos, o Brasil vem adquirindo esses novos formatos. Hoje os brasileiros encontram novidades e mais estilos do que tinha antes, como por exemplo, funk com pagode, sertanejo com funk e outros mais. Tudo está fluindo”, analisa.
Preto Show frisa que seu interesse pela música surgiu aos 14 anos, quando dançava com grupos de sua região. Ele conta que primeiro foi bailarino e depois começou a se conectar mais com o canto e nunca mais parou. Em tom de descontração, divide que se não fosse músico, talvez optasse pela carreira de advogado ou político. “Meu nome artístico veio da rua. Quando era bailarino dançava em rodas em locais públicos. Começaram a me chamar assim e adotei esse nome”. Há muito tempo envolvido com música, ele fala sobre preconceitos. Para Preto Show todo artista, em qualquer lugar do mundo, já sofreu algum tipo de preconceito. As pessoas estão sempre julgando umas às outras, mas o artista não deixa que essas questões negativas o atinjam. “Não deixo que o preconceito me defina. Sou negro e cantor. Tenho muito orgulho da minha origem, da minha música e da história do meu povo”. Constantemente ligado as conexões, ele reflete sobre o uso das redes sociais e dispara que é o único a administrar seu perfil no Instagram para manter ativa sua comunicação com as pessoas, prestando atenção nos comentários, compartilhamentos e feedbacks. “As redes sociais são ferramentas importantes para nos unir com o mundo, diminuindo barreiras, principalmente entre países”.
O cantor mostra que, além do enorme talento para música, também é uma pessoa com o coração gigante. Frisa que busca se conectar sempre a projetos sociais para ajudar o próximo e explica que na Angola existem muitas pessoas que precisam de ajuda e que vivem em um cenário de dificuldade constante. Pensando nisso, ele procura ajudar e estar presente nessas causas, porque já foi uma pessoa que sofreu. Sobre sonhos, ele afirma: “Sou uma pessoa que está sempre a sonhar. E já realizei muito do que queria. Mas ainda tenho muitas músicas a lançar, muitos sonhos a alcançar em mercados mais abrangentes musicalmente”.
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