“Tenho um tesão muito louco e a doideira ainda pode ser tipo anos 1980! A diferença hoje são os selfies”, diz Sidney Magal


Em bate-papo exclusivo com o HT, o artista prova que seu sangue latino ferve por todos os poros e que, amado e idolatrado, sabe esquentar a Boho, festa dos moderninhos cariocas

* Por Camila de Paula

Festa moderninha frequentada por mulheres de cabelos acobreados e gays em frenesi também é lugar de jogar peças íntimas no palco e se derreter pelo mítico Sidney Magal. Que ele é cult não é novidade, nem cabe repetir. Cabe aqui mostrar o quanto ferve seu sangue por todos nós e como ferve a fauna animada, colorida e estonteante que frequenta a festa Boho, uma instituição do povo antenado no Rio de Janeiro. Ainda mais quando se trata de edição especial de niver do produtor do evento, Marcio Lima. Antes do badalo no Espaço Rampa, na noite desta sexta-feira (25/7), Magal deu uma entrevista exclusiva ao HT, na qual confessou que já estava animado pela homenagem ao seu amigo de muitos anos que ficava mais velho e, ainda, por aqueles fãs entusiasmados que encontrava no aeroporto, nesta sua vinda ao Rio, e que diziam: “Fala Magal, te vejo daqui a pouco no agito!”.

Magal de fato é o rei das festas, talvez hoje trabalhe mais do que nos anos 1980, e é um dos mais requisitados em eventos badalados, agitos privados e formaturas. Tá mais para o coroa que encanta a turminha hype de novinhos do que para o cigano de Sandra Rosa Madalena. Nesta noite de sexta ele não nem precisou gastar suas rosas vermelhas – nem sua porção amante latino para a mulherada: era o tiozão divertido que encantava os gays. E ele assume que adora. “Adoro essa turma! Vibram, se soltam, se empolgam, é uma loucura. Isso me encanta e tem tudo a ver com o meu trabalho. As pessoas se soltam pouco hoje em dia, vivem com medo de falar, de se liberar. Aqui não tem isso, todo mundo grita e fica louco, como na cartilha dos anos 1970/1980. O dia em que cansarem de mim eu paro de cantar, perceberei, sou muito intuitivo. Mas o que vejo são jovens empolgadíssimos e animados com a minha música e minha performance”, aponta.

A chefe de cozinha Flavia Campos tem 32 anos e até que tentou representar a velha geração “Magalesca” com sua versão da incansável ciganinha rodopiante até o sol raiar, mas estava mais para uma gypsy chic quebrando tudo na balada. “Sair vestida de Sandra Rosa Madalena com uma rosa na cabeça, piteira e leque é um desejo antigo que só o Magal e a festa Boho me ajudariam a tornar realidade. Estou realizada hoje”, conta a moça toda serelepe com seu look. Já o “japinha” Rodrigo Ikeda queria mesmo era conferir o sangue latino dos brasileiros fervendo. Ui! “Aqui o povo se solta mais, me sinto em casa. Mesmo morando entre Tóquio e São Paulo, não curto ambientes formais ou sisudos. Esta festa é uma verdadeira celebração”, diz.

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Fotos: Caio Oliveira (Divulgação)

E você, já aprendeu a se jogar de verdade? Se não, o HT te ajuda dando algumas diretrizes do nosso simpático e bem humorado Magal que, neste bate-papo, explica como ser intenso, feliz e original o tempo todo, ok? Vá lá!

HT: Magal, o que faz seu sangue ferver?

SM: No vôo que eu vim de Salvador para cá, o piloto quando fez aquela saudação desejando a todos uma boa viagem, sabendo que eu estava a bordo, disse: “Avianca, meu sangue ferve por você!”. Recebo este carinho em todos os lugares o tempo todo. Essa troca de energia faz meu sangue ferver. Carinho, amor, reconhecimento e animação. Há quase 40 anos recebo essa troca sempre.

HT: As pessoas poderiam ser mais performáticas hoje em dia, não acha?

SM: É, os artistas já foram mais distantes da normalidade, hoje as pessoas enxergam artistas como pessoas iguais a eles. Eu sempre digo que um Magal e um Ney Matogrosso não acontecem toda hora, então aproveitem enquanto estamos vivos (risos). Se tem uma coisa que eu não tenho é medo. Hoje as pessoas disfarçam e têm medo o tempo todo. Medo do que vão falar, de como vão agir, de não terem aceitação, de não terem razão. As pessoas não fazem o que querem. Eu não sou ator, eu sou uma pessoa com um tesão muito louco em tudo o que faço.

HT: Sua rede social tem quase 5.500 curtidas hoje, você é antenadíssimo?

SM: Sou eu quem escrevo. Eu coloco lá tudo o que penso, deve ser por isso que gostam dela. Como eu disse, as pessoas estão medrosas para tudo. A indústria do medo é uma das que mais crescem no mundo. Eu falo o que penso e sigo minha intuição.

HT: Você é intenso sempre no que faz? A sua história com a sua esposa Magali é linda, mas parece impulsiva. Você vivia com a atriz Solange Couto e deixou tudo para trás quando a conheceu com 16 anos.

SM: Eu já sabia que ela era a mulher da minha vida quando vi, foi amor à primeira vista sim. Eu geralmente sou muito sensitivo e percebo tudo logo de cara. Escuto mensagens de algum lugar e costumo dar passos certeiros assim. Foi dessa forma quando conheci a Magali, quando fiquei cansado da cidade violenta e injusta que o Rio estava se tornando e me mudei para Salvador, quando não quis deixar de lado minha música e forma de atuação. E sempre deu certo. Eu vou me aposentar, por exemplo, quando sentir que cansaram de mim. Mas por enquanto não é o que parece.

HT: Curte festas? Qual a diferença dos moderninhos de hoje para os dos anos 1980 e 1990?

SM: Adoro! O povo grita, vibra de verdade, é uma loucura. Depois vão ao camarim, fazem fotos. A diferença é que hoje eles fazem selfies.

* Espécime raro de leonina com 12 planetas em leão, Camila de Paula é do tipo que, além da típica malemolência carioca, sabe como arrancar aspas das personalidades na boemia, usando sua percepção arguta como combustível para um texto cheio de charme. Com furor típico dos regidos pelo fogo – e uma certa loucura que lhe renderia um bilhete só de ida para o Juqueri -, ela se empolga nas entrevistas, provando que, se existisse, teria lugar cativo na máquina do tempo para sentar em mesa de bar com o povo de”O Pasquim”