Djavan só tem pose de introspectivo, na verdade o artista está sempre “na área” – como ele define – inventando e compondo. Dois anos após gravar o álbum “Rua dos Amores” e rodar várias cidades do Brasil e do globo com a turnê que ele considera “um êxito”, o cantor e compositor lança nesta semana um novo CD e DVD ao vivo, com base no mais recente trabalho fonográfico. Ele pretende levar a turnê até o meio do ano, depois entra em um curto período que ele chama de “fase de introspecção” para começar a trabalhar um novo álbum de inéditas ainda neste ano. Enquanto isso, vai lançar depois do período da Copa um box, com um apanhado de toda a sua obra remasterizada, além de um disco que ele chama de “álbum de raridades”, só com músicas pouco rodadas e outras que nem chegou a gravar. Pelo visto o músico está a todo vapor e cheio de novidades. “Já venho pensando neste novo disco desde o inicio deste ano, em novembro deste ano já quero começar a gravar”, anima-se.
Para falar sobre as novidades, o cantor promoveu uma coletiva de imprensa em Hangout no Google +, com jornalistas selecionados por todo o Brasil. O nosso site HT conta parte do que rolou na conversa e confira o vídeo da coletiva aqui!
Como foi o processo dos fãs ajudarem no repertório do show e disco?- Rolaram até enquetes, não foi?
– Foi muito valioso e as opiniões bateram com o que a gente já pensava. O resultado foi muito bom. Nós atendemos os fãs e com isso fomos atendidos.
Nos shows da turnê que aconteceram no exterior, os fãs eram brasileiros em sua maioria?
– Os brasileiros estão em todo lugar, Graças a Deus! Acompanham muito, isso sempre aconteceu, desde quando comecei a fazer shows fora, em 1981. Só que cada vez mais vejo muitos estrangeiros envolvidos com a minha música. Cada vez mais o público estrangeiro se interessa pela música brasileira. Isso a gente pode concluir na recepção dos fãs no camarim depois do show.
Existe uma “Rua dos Amores”?
– Toda rua onde quem mora nela é feliz é a Rua dos Amores. O objetivo da vida é só um, buscar ter harmonia, paz, felicidade.
“Flor de Lis” é do seu primeiro disco. É sempre bom cantar os clássicos que levam seu público ao delírio?
– É sempre bom cantar músicas como “Flor de Lis”, “Meu Bem Querer”… É sempre uma renovação que se faz. Existem duas coisas ali que facilitam esse meu prazer de cantá-las. Primeiro, o público gosta dessas músicas, e, em segundo lugar, eu também. E depois como eu faço arranjo novo para todas as músicas clássicas, é sempre uma renovação que se faz com o objetivo de renovar o presente.
Você sempre se recusou a fazer algo mais comercial como forma de preservar sua sensibilidade. O que acha do rumo comercial que a música e muitos artistas tomaram hoje?
– Na verdade, a questão não é que eu abri mão do comercial, mas sim que eu nunca abri mão de fazer o que eu sinto e gosto. É por isso que hoje eu sou um artista verdadeiramente independente. Criando produtora, estúdio, editora, eu busquei com isso a independência para gerir o meu trabalho de modo a evitar intercessões, o que não quer dizer que eu não escute as pessoas, que não ouça opiniões de músicos, dos meus amigos, da minha família. Mas eu achava que como eu tenho uma música bem pessoal, eu precisava dessa independência para defendê-la melhor.
Como foi a construção de “Maledeto”, a música inédita faixa bônus do CD?
– Eu quis fazer um carinho, uma música pra botar a turma para dançar. Ela tem uma pegada mais pop mesmo. Estou muito feliz, ela está nas rádios, eu acho que já é um êxito.
“Veja Maledeto” aqui!
Depois de tanto tempo na estrada, qual o maior desafio do artista?
– Continuar querendo. Para mim não chega a ser difícil porque eu gosto da música. Eu gosto da relação com o público, eu gosto do palco, me sinto bem. Gosto de me revelar, eu gosto de cantar, de dançar, e a composição não é uma coisa que esteja subjugada ao meu desejo, ao contrário, eu não vivo sem ela, eu tenho que compor para existir. Isso é realmente importante. Sendo assim, estarei sempre na área até o fim.
Que nomes você aponta como responsáveis pela renovação da MPB atual?
– Ela se dá naturalmente por ser um país continental com produções distintas, culturas distintas. A gente tem o Norte, Nordeste, Sul, Centro-Oeste, cada um com influência e várias influências muito endêmicas ali, naquele lugar. Isso faz com que a produção tenha dinamismo muito natural. A música se renova já nesse fato. No Norte, por exemplo, o que acontece é inerente à região, assim como em todos. A renovação é constante e natural.
Qual o papel do amor na sua composição?
– O papel do amor é na vida. Todo indivíduo está envolvido com este problema maravilhoso que é amar, ser amado, enfim… questões do amor. Adoro o indivíduo, por isso adoro esmiuçar o relacionamento humano, onde o amor conduz. É por isso que tanto se fala desse sentimento em todo mundo.
E, no fim, se despede: “Adorei estar aqui me expondo para vocês!”
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