*Por Brunna Condini
Yes, nós temos divas. Mas o momento pede, mais do que nunca, que além de pop e talentosas, elas sejam engajadas e pensem fora da “bolha”. Iza é dessas. E durante a live de lançamento da campanha #BeTheOne, em parceria com a ONG Humanity Lab Foundation, ONU, UNHCR, UNDP e outras agências ao redor do mundo, a cantora, ao lado de do rapper norte-americano Maejor, convocou seu público e a população em prol da união, incentivando ações na contribuição de um mundo melhor. “É um chamado para fazer a diferença em um momento que todos somos bombardeados com informações negativas. Então, a ideia é inspirar ativismo, união e atitudes de mudança. E a música pode unir pessoas completamente diferentes, porque tem o poder de tocá-las. Gente de diferentes lugares, etnias”, disse a cantora.
A dupla apresentou a música e o clipe da música “Let Me Be The One“, nesta quinta-feira, Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, com o objetivo de unir países, culturas, organizações e pessoas na tentativa de criar um futuro sustentável para todos. Em entrevista ao site, Iza fala da importância da causa. “Nunca tinha participado de um projeto social assim, através da minha música. E não imaginava participar de algo assim tão importante. Fiquei muito lisonjeada com o convite da Humanity Lab Foundation e da ONU. Me preocupo muito em falar sobre as coisas que importam para mim e a arte tem um papel muito importante na formação das pessoas”, vibra. “Poder juntar a música e uma causa social, me deixa muito feliz. É especial demais. A campanha vai durar um ano, e eu e Maejor seremos os embaixadores. Ela visa fornecer novas condições de vida e tratar de novas políticas voltadas aos refugiados. Era para termos lançado tudo no início de março, mas com tudo o que vem acontecendo, adiamos. Esse projeto vem agora num momento, infelizmente, muito propício, com essa pandemia por conta do Coronavírus”.
Além da representatividade de dar voz a um projeto desta amplitude, ela identifica sua escolha como reconhecimento. “Quando eles me chamaram, o Maejor já fazia parte. Com certeza, esse projeto é muito especial para a minha carreira. Sem dúvida é a campanha mais especial com a qual eu já me envolvi. Tenho aprendido demais”. E acrescenta sobre o parceiro na empreitada: “Maejor é um artista incrível, muito inventivo, fora que é muito envolvido com várias causas e preocupado em usar a música dele como ferramenta de cura. Fizemos a parte musical à distância, ele me mandou a música, totalmente em inglês e me deixou livre para cantar em português. Nos conhecemos na semana que gravamos o vídeo. Maejor é muito simples, carismático, talentoso e tem uma energia incrível”.
Ser mensageira, no cenário atual, de uma campanha da ONU com alcance Global, falando de empatia, respeito e acolhimento da diversidade, inspira muita esperança. Que mudanças no mundo deseja fazer parte? “Essa campanha quer mostrar que as nossas atitudes, por mínimas que possam ser, podem impactar a vida de muitas outras pessoas. Como cada um de nós podemos fazer a diferença? Precisamos nos preocupar com temas relacionados ao consumo consciente, preservação do meio ambiente, empatia. São assuntos que precisam ser abordados”, observa. “Olhar para todos que estão sofrendo com as desigualdades sociais. Você pode ser engajado politicamente, pressionar a sociedade, os governantes, para que a mudanças sejam feitas”.
Compaixão sem barreiras, porque toda história, de qualquer pessoa, em qualquer realidade, é única e tem valor. Pensamento da campanha que Iza compactua e pratica na sua vida faz tempo. Vocês gravaram o videoclipe com vários refugiados, representando essa diversidade, essa riqueza de gente no mundo. O que mais a tocou? “Sabia da história de todos eles, mas só os conheci pessoalmente no dia da gravação. Todas as histórias me tocaram e a gente quis mostrar não só as pessoas, mas dar visibilidade para as lutas delas. Todos têm uma história de resiliência, de construção de sonhos. Muitos vivem no Brasil em situação de vulnerabilidade, sendo julgados e sofrendo preconceitos”.
Pensando em julgamento, preconceito e racismo, muitos entraram na live pedindo justiça para João Pedro, o menino morto em um embate da polícia no Rio de Janeiro esta semana. Acha que isso um dia vai ter fim? “Eu postei minha indignação sobre o caso do João Pedro. Casos como o dele, para quem nasceu na Zona Norte do Rio de Janeiro (Iza nasceu em Ramos) como eu, infelizmente, não são mais novidade. Mais um jovem negro morreu e a gente se comove e nada muda. Eu me sinto impotente às vezes”, lamenta a cantora.
Montanha russa de emoções
Iza vem dividindo com seus seguidores no Instagram as dificuldades emocionais que têm surgido no caminho da quarentena, principalmente, por não conseguir parar de pensar nas pessoas em vulnerabilidade, e no cenário turvo. “Os primeiros dias de quarentena foram bem difíceis, por conta da incerteza que tínhamos sobre tudo. Não consegui fazer muita coisa, estava uma pilha de ansiedade. Fiquei mais focada nas coisas de casa mesmo. Agora, eu já estou conseguindo produzir mais, gravei algumas coisas, fiz música e tenho desenhado muito porque me ajuda a pensar em música. Eu relaxo e desligo, e quando desligo é que vêm as criações. Criar sem pressão é tudo que um artista quer”, desabafa. “Aproveitei para ler livros, assistir séries e namorar bastante. Eu tenho a sorte de ser casada com o Sergio (Santos), que é meu produtor também, isso ajuda demais. Tem sido maravilhoso estar sozinha em casa com ele. Claro que sei que a quarentena tem tido efeitos diferentes na vida de cada pessoa, mas graças a Deus, no meu caso, agora tem sido muito positivo”.
Na live, a cantora contou com sua banda ao vivo, claro que cada um de “no seu quadrado”, como pede o isolamento social. “Eles estão bem, em casa, com suas famílias, está tudo certo. Eu é que morro de saudade da nossa convivência”, confessa Iza, que sonha que o “novo mundo” ou o “novo normal”, chegue logo: “Queria tanto um mundo mais justo, com as pessoas entendendo que são parte da transformação. A gente tem total capacidade de ser a mudança. Se você quer mesmo mudar o mundo, a política, o seu entorno, essa mudança precisa começar por você. A gente precisa aprender a pensar: como eu posso ser melhor, como as minhas atitudes podem fazer diferença?”
Artigos relacionados