Famoso na cena independente, Tatá Aeroplano chora as mágoas de um amor perdido em “Na Loucura & Na Lucidez”


Ex-integrante da banda “Cérebro Eletrônico”, ele lança o segundo álbum da carreira solo em resultado que parece um filme, do início ao fim

*Por Júnior de Paula

Tatá Aeroplano chega com ainda mais intensidade e mais amor – ou a falta dele – em seu segundo disco, batizado “Na Loucura & Na Lucidez”. Com letras que giram em torno das dores do amor, dos términos e das dificuldades de sobreviver ao fim de um relacionamento, “o álbum é o fim e o começo do amor, a dor do fim de um relacionamento, quando se percebe que não existe mais nada a fazer a não ser se jogar no abismo da loucura para curar as chagas do amor, voltar à lucidez e recomeçar tudo de novo”, explica o cantor e compositor. Tatá, que fez fama ao participar de algumas importantes bandas da nova cena independente paulistana como a psicodélica Cérebro Eletrônico, quando se vê sozinho em sua carreira solo mergulha fundo no flerte com o folk e mantém o violão como melhor companheiro, injetando pitadas de vigor como na canção “Amor do Casal de Amigos”.

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(Foto: Divulgação)

Com sua voz cheia de melancolia – o que pode causar certa estranheza aos ouvidos mais puristas -, Tatá consegue transmitir suas intenções a cada nota proferida. O disco abre com “Na Loucura”, em versos que falam sobre a iminência da insanidade pós-término: “Chorei / De nada adiantou / E não abrandou minha agonia / Escrevi uns versos / Depois rasguei”. O sofrimento termina em um reencontro com a amada que tanto o fez sofrer, através da faixa “Na Lucidez”. Mas há um detalhe: a moça já superou e agora tem um novo namorado. Depois de tanto sofrer e confessar sua solidão nos versos das sete músicas anteriores, Tatá finaliza com “E fiquei feliz em te ver bem/e fiquei feliz em te ver na lucidez”. Como se fosse um filme, com início, meio e fim, as oito canções tratam desse personagem que se confunde com o próprio compositor. Na verdade, como ele mesmo gosta de dizer, trata-se de uma criação coletiva, em meio a noites boêmias, encontros entre amigos musicais e parcerias inusitadas.

“As canções desses discos foram feitas de maneira muito intuitiva. Quando eu comecei a reunir o material para entrar em estúdio, me deparei com uma canção que me tocou profundamente.Era do início de 2013, mas não lembrava de quem era a letra, tinha certeza que não era minha. Passei uma semana tentando encontrar o autor, pensei que era de um amigo próximo, mas não era. Fiz pesquisas de todos os tipos pela net e não achei nada, mandei a música para os amigos parceiros e nada também. Foi então que eu cheguei numa mensagem recebida na minha fanpage de um rapaz chamado Alan Brasileiro. Ele tinha me enviado a letra dia 5 de janeiro de 2013. Lá pelo dia 10 de janeiro, quando voltei de viagem, vi a letra em frente ao computador, estava com o violão no colo, pintou inspiração e gravei. Foi um presente e tanto para mim”, explicou sobre a a canção “A hora que eu te espero”.

(Foto: Divulgação)

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Nos créditos dos parceiros a gente também encontra nomes como o do poeta Arruda, em “Onde Somos Um”, que tem participação de Bárbara Eugênia, e o dos produtores Dustan Gallas e Junior Boca. “Gravamos ainda com o Bruno Buarque e o Dj Marco tocou com a gente em duas faixas: ‘Mulher Abismo’ e ‘Entregue A Dionísio’. Eles são parceiros de boa parte das canções do álbum”, finaliza Tatá. Um disco triste, cheio de desesperança afetiva, mas que funciona como um sopro de originalidade na nova música brasileira. Lançado em CD e vinil, a melhor notícia é que ele também pode ser baixado gratuitamente direto do site do artista: www.tataaeroplano.com.br

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura